Especialistas debatem doação de órgãos e tecidos no Hospital Ophir Loyola
Instituição é referência na realização de transplantes de rim, córnea e medula óssea, e na captação de múltiplos órgãos e tecidos pelo Sistema Único de Saúde
O diretor clínico do Hospital Ophir Loyola, João de Deus, abriu a programaçãoO cenário atual de transplantes foi o tema abordado por profissionais do Hospital Ophir Loyola (HOL), na programação alusiva ao Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, celebrado nesta quarta-feira (27). Durante o evento, os profissionais foram orientados sobre os processos de doação, a fim de que possam se tornar agentes multiplicadores de informação, contribuir na notificação de possíveis doadores e aumentar os indicadores do Estado do Pará.
“Buscamos reunir os principais atores envolvidos nos processos de doação e transplante, os quais são reconhecidos pela qualidade técnica, para mostrar o panorama atual e estimular as nossas equipes multiprofissionais a colaborar nessa área tão sensível e importante da saúde pública. É necessário o envolvimento de todos, para que o sistema público de transplante continue avançando, e cada vez mais vidas possam ser salvas”, ressaltou o médico Jair Graim, coordenador da Cihdott HOL.Responsável técnico pelo Serviço de Transplante de Medula Óssea do HOL, médico Thiago Xavier Carneiro
A responsável técnica pela Central Estadual de Transplantes (CET), Ana Beltrão, destacou a importância de uma comunicação humanizada na entrevista com a família enlutada. “É imprescindível que os profissionais acolham esses familiares com uma técnica correta, para que a doação obtenha sucesso. Para isso, precisam estar capacitados para lidar com pessoas fragilizadas pela dor da perda, saber acolher, ouvir e, em caso de aceite, explicar a respeito desse processo”, informou.
Na região Norte do Brasil, o “Ophir Loyola” é referência na realização de transplantes de rim, córnea e medula óssea, e na captação de múltiplos órgãos e tecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Serviço de Transplante Renal do Hospital foi implantado em agosto de 1999. Em 2000, o HOL foi a primeira instituição de saúde em todo o Norte do Brasil a fazer transplante com doador falecido. Até hoje, foram realizados 739 transplantes renais no Hospital.
“A maioria dos procedimentos é realizada com doadores falecidos oriundos de hospitais de trauma e, principalmente, que sofreram acidentes e tiveram diagnóstico de morte encefálica. Trabalhar a conscientização faz com que as famílias conversem sobre o transplante. Portanto, o empenho de todos é fundamental para realizarmos um trabalho em conjunto, aumentarmos o número de doadores e atendermos aqueles que estão na fila”, enfatizou Ana Beltrão.
Em 2023, até o momento, o Banco de Tecido Ocular do HOL (BTO) recebeu 506 córneas, o maior número de doações já registrado.Médico Jair Graim, coordenador da Cihdott do Hospital Ophir Loyola, durante a manifestação de uma participante
Segundo o oftalmologista Alan Costa, responsável técnico, a reprodução de experiências exitosas de outras capitais brasileiras, a reestruturação do serviço e o comprometimento das equipes envolvidas com a doação do tecido foram essenciais para aumentar o número de doações.
“Hoje, temos um trabalho consolidado em cooperação com a Polícia Científica do Pará, por meio do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), e a primeira parceria do Brasil com o Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Essa parceria, somada ao trabalho desenvolvido pelas Cihdotts do Estado, contribui para alcançar um número de doações que acompanham o andamento da fila. A perspectiva é reduzir cada vez mais o tempo de espera e implantar novas tecnologias em nosso serviço”, afirmou o especialista.Especialistas do HOL que participaram do evento
Outro avanço importante foi consolidado este ano com a realização de transplantes de medula óssea, indicados para pacientes com doenças onco-hematológicas (que afetam a medula óssea e órgãos linfoides) graves.
Desde o mês de julho, o Hospital realiza a modalidade autóloga, que utiliza células progenitoras do próprio paciente no procedimento. O HOL busca alcançar 10 transplantes para receber novamente a visita do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e habilitar a instituição para fazer o tipo alogênico, no qual as células hematopoiéticas são provenientes de um doador com composição genética semelhante.