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FEIRA DO LIVRO

Autores paraenses falam de suas produções na Arena Multivozes

Por Carol Menezes (SECOM)
16/09/2023 18h18

O penúltimo dia da 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes foi dedicado aos escritores paraenses. Na Arena Multivozes a escritora ganhadora do Prêmio Jabuti 2021 na categoria "Contos", Monique Malcher, recebeu os autores Airton Souza e Fabio Horácio-Castro para um debate sobre a literatura paraense.

Natural de Marabá, no sudeste paraense, Airton é vencedor do prêmio Sesc 2023 de Literatura com a obra "Outro outono de carne estranha", que ainda será lançada. Ele falou um pouco sobre o livro, vencedor na categoria "Romance", que narra a paixão proibida entre dois garimpeiros na década de 80 em Serra Pelada, distrito de Curionópolis, na mesma região onde nasceu o autor.  

Airton Souza"Eu vivo a Literatura há 23 anos, sem pausa, e fico muito feliz de poder falar sobre meu trabalho em uma Feira como essa, na Amazônia, porque falar de Amazônia é falar de mim. Esse livro é o resgate de uma dívida que eu tinha, porque eu cresci nessa região tão abandonada pelo poder público e meus pais, analfabetos, garantiram que eu tivesse acesso a estudo, porque era a única coisa que eles podiam me dar. Isso me fez descobrir que a palavra seria a minha ferramenta de 'vingança' contra quem tanto nos maltratou e maltratou tantos outros que viveram ali", relatou.

Vencedor do mesmo prêmio e mesma categoria em 2021, "O Réptil Melancólico", de Fábio Horácio-Castro, remonta à vivência amazônica infantil e adolescente do autor durante o período da ditadura militar brasileira. 

Ayrton Souza, Monique Malcher e Fábio Horácio"Acho que é muito importante falar alto que houve experiências traumáticas naquele período vividas até mesmo por crianças - é o meu caso. Meus pais tinham certa militância política e nós recebíamos em casa refugiados que buscavam sobreviver à extrema agressividade do Estado Militar Brasileiro. Tínhamos uma biblioteca escondida entre paredes, porque meus pais temiam que descobrissem livros que eram considerados ameaças. E eu, pequeno, dava meu jeito de pegar aqueles livros e ler, mesmo sem noção da complexidade dos temas. Eu me esgueirava, o nome 'réptil melancólico' é por isso, é uma metáfora", finalizou o escritor paraense.