Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
PARQUE

Escultura de mosquito causa reflexão sobre educação ambiental no Utinga

Por Redação - Agência PA (SECOM)
25/03/2018 00h00

“Olha, mãe, o mosquito que dá doença. Água parada dá dengue, né?”. Foram essas as palavras da pequena Valentina Marie, de apenas 2 anos e oito meses, ao avistar a escultura em forma de um mosquito, instalada no lago do Parque Estadual do Utinga (Peut). Com a simplicidade genuína das crianças, ela traduziu a proposta de arte educativa da peça que vem virando atração no novo ponto turístico do Estado. Na manhã da última quinta-feira (22), a escultura em fibra de vidro mais uma vez chamou atenção, dessa vez de estudantes das redes municipal e estadual, que participaram da primeira visita técnica ao parque.

A visita ao Parque do Utinga fez parte das atividades da V Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que este ano trabalha o tema “Vamos cuidar do Brasil cuidando das águas” e vem mobilizando educadores em projetos de educação ambiental. Durante a excursão, os estudantes ouviram sobre a importância do espaço como uma unidade de conservação estadual, criada para preservar ecossistemas e mananciais, como os lagos Bolonha e Água Preta, que abastecem cerca de 70% da população de Belém.

No foco das atenções da aula de ciências ao ar livre estava ela: a escultura em forma de mosquito. “Vejo essa escultura como uma maneira de as pessoas despertarem para o perigo da dengue e de outras doenças”, disse o estudante Ruan Victor, 14 anos, aluno da Escola Municipal Parque Amazonas, na Terra Firme. “O carapanã transmite muitas doenças, e o perigo da dengue é iminente, assim como outras doenças transmitidas por ele. Essa escultura nos ajuda a lembrar que o perigo está por toda a parte”, completou Maria Eduarda da Silva, 14 anos, aluna da Escola Estadual José Bonifácio, no bairro do Guamá.

Provocação – Atento à fala da aluna, o professor de ciências Márcio Pontes terminou a excursão com a certeza da conscientização despertada nos adolescentes. “A escultura nos faz lembrar o tempo todo a questão da dengue, e tudo o que esse mosquito transmite. Temos que estar sempre atentos, não podemos relaxar. Acredito que a ideia dessa peça tenha sido essa desde o início: logo de cara, o Parque do Utinga nos faz lembrar a grandeza do perigo ao qual estamos expostos, e a importância da consciência da prevenção”, destacou o educador.

As visitas técnicas de escolas ao Parque Estadual do Utinga podem ser agendadas previamente no site www.ideflorbio.pa.gov.br. Antes de entrar no parque, os alunos e professores são orientados no auditório sobre as ideias gerais do local, e depois são acompanhados por um guia durante a excursão.

O gerente do parque, o médico veterinário Julio Meyer, é um entusiasta da proposta de reflexão trazida pela escultura. “Essa peça é uma provocação, como toda arte. Ela veio para instigar, e a sociedade precisa ser instigada, no sentido de fazer uma relação óbvia, mas que acaba sendo invisível entre a saúde pública e o meio ambiente. A escultura veio para dar visibilidade ao invisível, que são os insetos transmissores das doenças”, conta o gerente.

Diálogo – O escultor responsável pela confecção da peça em fibra de vidro é Raimundo Calandrino, 44 anos. Mestre educador de desenho e escultura da Fundação Curro Velho, ele ganhou prêmios em exposições como “Expressões Artísticas”, da Fundação Cultural do Pará (FCP), em 2015. Autodidata, morador da Vila da Barca, o artista iniciou o contato com a arte na própria Fundação Curro Velho, da qual foi aluno, e em 1993 começou a dar aulas. Hoje Raimundo ministra três oficinas por mês.

Quando recebeu o convite de uma equipe da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), no ano passado, para elaborar uma peça com a temática de educação ambiental, criou algumas maquetes, dentre elas a do mosquito. “A arte é aberta a várias interpretações. Muitas pessoas acham, de uma forma simplista, que ela precisa ser bonitinha ou servir para decoração, mas na verdade ela está aí também para abalar, para despertar o senso crítico e a reflexão, instigar as pessoas ao seguinte pensamento: ‘Existe o mosquito, o que podemos fazer?’”, conclui o escultor.

Funcionamento -  Desde ontem, 24, o horário de abertura do Parque Estadual do Utinga foi alterado para as seis horas da manhã. O horário de encerramento das visitações permanece inalterado, às 17h.

De acordo com o gerente do Parque, Julio Meyer, a mudança visa a segurança tanto dos visitantes quanto dos animais silvestres. “Às 5h30 da manhã, horário em que o Parque abria oficialmente, muitos dos animais, como as cobras, os macacos e os lagartos, ainda estão pela pista principal ou logo nos arredores e esse grande fluxo pode gerar acidentes. Mas às 6h a maioria deles já se recolheu à mata, então esse horário é mais seguro para todos”, explica.

O visitante do Utinga precisa ficar atento à presença dos animais na pista e também ser consciente de que, ao avistar alguma espécie, não deve tentar tocá-la, assustá-la, capturá-la, ou afugentá-la. “Encontrar um animal no Parque é uma expectativa de muitos visitantes, mas é preciso ser cauteloso. Os bichos devem ser apenas contemplados”, acrescenta Julio Meyer.

O Parque Estadual do Utinga fica aberto ao público de segunda a segunda, agora com o novo horário. A entrada no Parque é gratuita e os visitantes encontram diversas atividades de lazer e ecoturismo, além de um ambiente propício para a prática de diversas modalidades esportivas, como a caminhada e o ciclismo.