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Profissionais de saúde pregam a união no combate à hanseníase

Por Redação - Agência PA (SECOM)
10/11/2017 00h00

União de todos contra a hanseníase foi a proposta dos representantes das instituições que participaram na quinta-feira (09) da solenidade de abertura do 14º Congresso Brasileiro de Hansenologia, realizado pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. O presidente da SBH, Marco Andrey Frade, disse que o objetivo do Congresso é atualizar o conhecimento sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, e promover a troca de experiências entre os profissionais de saúde que trabalham com pacientes hansenianos. Ele frisou a falta de políticas públicas e informação à população sobre sinais e sintomas da hanseníase, que precisa de diagnóstico precoce para evitar sequelas nos doentes.

Marco Andrey Frade informou que ainda há despreparo na Atenção Básica, por isso os diagnósticos são feitos tardiamente. “As unidades de saúde precisam resgatar seu papel e interromper a cadeia de transmissão da doença”, disse o presidente da SBH, acrescentando que “precisamos nos unir como sociedade médica aos demais profissionais de saúde para que possamos sensibilizar os gestores municipais e estaduais para o combate à hanseníase, evitando que crianças e adultos sejam afetados e se tornem incapacitados pela doença”.

Rosiana Nobre, diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), ressaltou a importância de o Pará sediar um evento tão importante como o 14º Congresso Brasileiro de Hansenologia, que reúne não apenas profissionais de saúde, mas também representantes da sociedade civil.

Sobre os 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), Rosiana Nobre disse que muito foi feito nesse tempo, porém avanços ainda são necessários para assegurar um SUS universal e efetivo.

Integração - No que se refere à hanseníase, a diretora destacou o papel das Vigilâncias Sanitária, Epidemiológica e Ambiental no trabalho integrado para reduzir os riscos de agravos na população. “É fundamental que os dados levantados por cada uma dessas vigilâncias sejam analisados. Nossa missão não é apenas ir à frente do acontecimento. Temos responsabilidade de tratar os agravos, fazer a prevenção e promoção da saúde”, destacou.

A coordenadora Estadual de Hanseníase, Rita Beltrão, agradeceu o esforço da SBH para realizar o Congresso no Pará, e destacou que trabalhar com hanseníase é uma missão. “Temos a missão de agrupar pessoas de todo o Brasil para lutar pela redução da doença no País, e temos que ser humildes para perceber que precisamos uns dos outros”, frisou Rita Beltrão.

O Projeto Abordagens Inovadoras para Intensificar Esforços para um Brasil Livre de Hanseníase, uma parceria do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com apoio da Fundação Nippon, do Japão, tem como objetivo geral a redução da carga da doença em 20 municípios localizados nos Estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins. Ela disse que já houve um evento em Marabá, no sudeste paraense, de 23 a 28 de outubro, e haverá outro, de 20 a 25 de novembro, em Belém. 

Ela expôs, ainda, sua preocupação com a existência de apenas uma Referência Estadual em Hanseníase, a URE Marcelo Cândia, em Marituba (Região Metropolitana de Belém), que recebe pacientes de todos os municípios do Pará. “Em função da dimensão geográfica do Estado, há necessidade de referências descentralizadas, mais oficinas de órteses e próteses e implantação de um serviço de cirurgia reparadora”, argumentou a coordenadora.

Troca de experiências - Lucimar Batista, coordenadora nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), elogiou a realização do Congresso como espaço de troca de experiências, e disse que há muitos desafios pela frente. “Precisamos intensificar as ações, somar esforços para acelerarmos o diagnóstico precoce da hanseníase, fazer parcerias para alcançarmos a eliminação da doença”, enfatizou.

Artur Custódio, representante do Conselho Nacional de Saúde, e Charles Tocantins, presidente do Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), expuseram suas preocupações com o momento político-econômico no Brasil, especialmente devido ao congelamento dos gastos federais por 20 anos, que terá um impacto negativo sobre a saúde.

Ao final, a coordenadora geral de Hanseníase do Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro Filha, natural de Rondônia, que assumiu há pouco tempo o cargo, comprometeu-se a trabalhar em conjunto com Estados, Municípios e movimentos sociais na busca da redução dos casos de hanseníase no Brasil.