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Curso superior, oficinas e atendimento especializado auxiliam na inclusão de surdos

Por Redação - Agência PA (SECOM)
02/04/2018 00h00

Incluir pessoas com algum tipo de deficiência no cotidiano das cidades tem sido um desafio para todos os governos. No Pará não é diferente. Mas o governo do Estado tem atuado nas várias áreas e, mais especificamente, no que se refere à inclusão de pessoas surdas, por meio da formação de profissionais capacitados para atuar com esse público.

Uma das primeiras medidas tomadas foi a mudança no curso de Letras/Libras ofertado pela Universidade do Estado do Pará (Uepa). A graduação até o ano de 2008 era apenas na modalidade a distância. A partir de 2012, passou a ser presencial, com oferta do curso no vestibular da instituição com 40 vagas.

A mudança seguinte foi tornar as turmas mistas – composta tanto por alunos surdos quanto por não surdos - o que ocorreu em 2016, quando a turma fechou com metade de alunos ouvintes e a outra metade de surdos. “Foi um salto grande. Iniciamos as turmas presenciais e quatro anos depois conseguimos misturar ouvintes e surdos, os dois aprendendo juntos, compartilhando experiências. Nossa graduação em Letras/Libras tem crescido, assim como a procura pela nossa universidade. Hoje o curso já atende às especificidades de todos, desde a prova do vestibular, feita também em Libras (para os alunos surdos), até o dia a dia nas aulas, com professores bilíngues”, explicou a coordenadora do curso, Raquel Gomes.

Hoje, além do campus Belém, a graduação existe em Marabá. Lá estudam 21 ouvintes e cinco alunos surdos, que ingressaram no curso em 2017. A previsão é a de que, ainda este ano, o curso abra também nos campi de Moju e Redenção. “Recebemos a demanda dos municípios que informam a necessidade do curso e começamos a trabalhar para que ele se torne uma realidade. É ótimo ter surdos na turma porque eles acabam servindo de espelho para outros. Fora isso, a maioria sai formada daqui e ingressa rapidamente no mercado de trabalho, principalmente para ser professor”, avaliou Raquel.

Formada em Letras/Libras pela Uepa, Silvana Alves, terminou o curso em 2016 e já trabalha na Universidade como tutora. “Minha identificação com os surdos e com a linguagem deles surgiu muito cedo. Na igreja que eu frequentava sempre tinham surdos e me preocupava muito com eles, em saber que estavam ali, mas não podiam participar como as outras pessoas. Acabei me inscrevendo no vestibular, passei e hoje já fiz até pós-graduação em tradução e interpretação”, contou.

Além de Silvana, outra profissional formada pela Uepa e que já trabalha na Universidade é Márcia Simone Silva, surda desde o nascimento e formada em Pedagogia, ela atua como coordenadora pedagógica da Universidade desde 2014 e é uma referência para os alunos surdos da universidade. “Ela contribui muito com a gente, principalmente com os estudantes surdos, compreendendo-os em suas especificidades, fazendo aconselhamentos e sendo uma ponte entre coordenações. Além disso, traz as demandas deles para que possamos atender da melhor maneira”, complementou Raquel Gomes.

Além da proximidade com os alunos, Silvana é a responsável por promover eventos, palestras, realizar reuniões com o corpo docente e propor mudanças e melhorias. “Trouxe várias modificações para o curso, de uma forma que pudesse, de fato, atender bem aos alunos surdos, desde o formato das aulas, até o tipo de prova aplicada. Agora a Uepa conhece todas as legislações da área e trabalha, de fato, como deve ser com os surdos”, avaliou a coordenadora pedagógica.

Cursos

Para quem tem interesse em aprender a Língua Brasileira de Sinais, mas não deseja fazer um curso universitário, o Estado oferece outra opção. A Casa da Linguagem, localizada no bairro de Nazaré, oferta todos os meses cursos para quem quer se comunicar por meio de Libras. As turmas têm, em média, 25 alunos, e abrangem pessoas de todas as idades e formações.

As turmas funcionam pela manhã e à tarde, com aulas todos os dias. Quem entra no Libras I, após o término pode seguir para o Libras II e o Libras III (avançado). Ao final, quem se interessar pode ainda fazer o curso de Técnicas de Interpretações. “Podem se inscrever estudantes, professores, comerciantes, alunos da área de educação e todas as pessoas que tenham algum interesse em Libras. Para alunos da rede pública, o curso é gratuito. Para os demais, basta pagar uma taxa única de R$ 20,00”, informou uma das professoras do curso, Joana Rego.

Formada em Letras, a professora procurou o curso de graduação em Libras para voltar ao mercado de trabalho. “Estava muito tempo desempregada, não sabia mais o que fazer, foi quando vi na educação especial uma possibilidade de entrar no mercado novamente. Hoje não me faltam oportunidades depois que aprendi a me comunicar em Libras”, finalizou Joana.

Matrícula

Conforme dados dos matriculados em 2017, existem 1.023 alunos surdos nas escolas públicas estaduais. Os estudantes, público-alvo da educação especial, podem se matricular em quaisquer umas das escolas da rede. Na primeira matrícula, a escolha é da família, assim como a matrícula em escolas que tenham sido contempladas pelo programa de implantação de sala de recursos multifuncionais, para que possam receber o atendimento educacional especializado.

Os encaminhamentos não seguem um padrão. Eles podem vir de algum setor de saúde, de educação ou de assistência para as instituições especializadas ou escola com salas de recursos (atualmente existem 630 em todo o Estado). Alguns alunos chegam às escolas com laudo médico, relatórios ou avaliações. Os que não possuem esse documento, muitas vezes, são identificados com dificuldades de aprendizagem pelos professores do Ensino Regular. A partir daí, são levados aos professores das salas de recursos ou para o Núcleo e Avaliação Educacional Especializada- Naee/Coees. Em seguida, vão para o Atendimento Educacional Especializado para ser encaminhados de acordo com a necessidade apresentada.