Uepa desenvolve materiais didáticos para alunos com deficiência em Marabá
No Brasil, o número total de alunos com deficiência em escolas de educação básica cresceu seis vezes nos últimos 10 anos. Esses dados são do Censo Escolar divulgado em 2017 e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De acordo com a pesquisa, entre 2005 e 2015, o número de estudantes com deficiência física ou mental passou de 114.834 para 750.983. Para atender a essa demanda, os professores da educação básica do país inteiro precisam estar preparados para desenvolver métodos de ensino diferenciados voltados para as necessidades de cada aluno.
No município de Marabá, no sudeste paraense, essa realidade não é diferente. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, em 2017, a cidade possuía 1.812 alunos com deficiência matriculados no Ensino Fundamental da rede pública. Diante desse número, um grupo de docentes e técnicos-administrativos do campus de Marabá da Universidade do Estado do Pará desenvolveu o projeto “Saberes e Práticas da Formação Docente: da Avaliação da Educação Inclusiva à Produção de Materiais Didáticos Destinados às Pessoas com Deficiência".
Com o objetivo de contribuir no processo de formação de professores que ensinam ciências naturais na rede pública da educação básica da cidade de Marabá, o projeto desenvolve a produção de materiais didáticos sensoriais, além de práticas de ensino em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Braile (sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão).
Representações de tabela periódica, cadeias carbônicas, evolução cromossômica e células vegetais são feitas em objetos desenvolvidos em alto-relevo, com contraste de cores e texturas para atender as especificidades dos estudantes em situação de deficiência visual, motora ou com dificuldades de interação social.
“É importante destacar que o nosso objetivo é trabalhar com a inclusão na educação. Por isso, toda a metodologia de ensino e os materiais didáticos desenvolvidos são pensados para atender alunos com ou sem deficiência”, ressaltou Airton Pereira, coordenador do projeto e docente da Uepa, que explicou também que o material só é desenvolvido após diversos encontros teóricos com os professores: “No início, temos vários encontros para estudo e avaliação. É nesse momento que os professores nos reportam o que eles vivem em sala de aula e só depois disso desenvolvemos juntos a metodologia de ensino”, explica.
Integrante do projeto desde o seu início, em 2016, a professora Juzenilde Cardoso falou sobre o que mudou na sua formação profissional desde então: “Antes do projeto, eu já tinha a preocupação de incluir os alunos com deficiência nas minhas atividades em sala de aula, mas eu não tinha os materiais didáticos e nem a orientação necessária. Com o projeto a gente aprendeu a desenvolver os próprios materiais didáticos. Foi um leque que se abriu e tem sido muito bom e muito gratificante fazer parte disso!”, comentou a professora.
Atualmente, o projeto “Saberes e Práticas da formação docente: da avaliação da educação inclusiva à produção de materiais didáticos destinados às pessoas com deficiência" atende cerca de 50 professores da educação básica da rede pública de ensino dos municípios de Marabá e de Itupiranga. Interessados em saber mais sobre o projeto podem entrar em contato pelo e-mail: airton@uepa.br.