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Ambulatório de Dermatologia do Centro Saúde da Uepa destaca cuidados com a pele

Maior exposição, nesta época, exige mudança de hábitos, como maior consumo de água, alimentação saudável, e uso de protetor solar e hidratantes

Por Ascom (Ascom)
07/07/2023 08h00

Médica dermatologista e professora da Uepa, Elcilane Gomes Silva atendendo paciente no Centro Saúde EscolaO Ambulatório de Dermatologia do Centro Saúde Escola, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), atende a comunidade, e, no ano de 2022, realizou 8 mil consultas. Médica dermatologista e professora da Uepa, Elcilane Gomes Silva explica que uma pele maltratada é porta de entrada para diversas complicações e são muitas as doenças que podem se manifestar no verão, além das queimaduras e do câncer de pele, o sol pode causar manchas, piorar sardas e melasma.

"A pele é o maior e mais visível órgão do corpo humano. Envolve o corpo determinando seu limite com o meio externo e corresponde a 16% do peso corporal. É formada por três camadas: epiderme, derme e hipoderme, da mais externa para a mais profunda, respectivamente", explicou a professora da Uepa, Elcilane Gomes Silva.

Médica dermatologista e professora da Uepa, Elcilane Gomes Silva orienta sobre cuidados com a peleEla esclareceu, também, que a pele é realmente um órgão vital. A doutora explica que a pele serve, "como regulação térmica, defesa orgânica, controle do fluxo sanguíneo, proteção contra diversos agentes do meio ambiente e funções sensoriais como calor, frio, pressão, dor e tato", detalhou.

A partir deste mês de julho, durante a estação do veraneio paraense, geralmente a exposição da pele é muito maior aos ambientes externos e ensolarados. O período coincide com as férias escolares e as famílias buscam por áreas de lazer e entretenimento como piscinas, praias, praças e parques.

Muitas pessoas também recorrem às atividades esportivas ao ar livre. O calor também fica muito mais forte no verão amazônico, o que causa maior umidade e também suor excessivo. Neste período, a radiação solar é muito mais intensa e a menor incidência de chuvas favorecem atividades ao ar livre e passeios em espaços abertos, mas é preciso saber aproveitar esses momentos sem prejudicar a pele.

Cada estação tem especificidades e demanda cuidados especiais. Assim como as doenças respiratórias são mais comuns no inverno, as de pele são mais recorrentes no verão. Portanto, adotar cuidados específicos faz toda a diferença para a saúde e previne uma série de complicações.

"Os cuidados com a pele no verão vão desde mudança de hábitos, como maior consumo de água e alimentação saudável, até o uso de produtos, como protetor solar e hidratantes, são super importantes para a saúde e para prevenir queimaduras e envelhecimento precoce. O dano à pele causado por exposição prolongada à luz solar é conhecido como fotoenvelhecimento", disse a professora da Uepa.

Os raios ultravioleta (UV), ainda que invisíveis ao olho humano, constituem o componente da luz solar que maior efeito produz sobre a pele. "A exposição à luz UV causa rugas finas e profundas, pigmentação irregular, manchas grandes semelhantes a sardas, além de uma pele amarelada e com textura coriácea e áspera. Embora as pessoas de pele clara sejam muito mais vulneráveis, a pele de qualquer indivíduo sofre alterações quando muito exposta ao sol. A luz UV (UVA, UVB e UVC) danifica o ácido desoxirribonucleico (DNA, o material genético do corpo), o que pode resultar em câncer. O envelhecimento precoce da pele e a formação de rugas também são efeitos prejudiciais causados pela luz UV", esclarece.

A médica também informou que as queimaduras solares também resultam da luz UV, principalmente dos raios UVB. "Não há um nível seguro de luz UV, que tem uma maior intensidade entre 10h e 16h no verão. Por isso, é importante o uso do filtro solar para proteger contra os raios UVA e contra os raios UVB (indicado pelo FPS). Distribuí-lo uniformemente em todas as partes do corpo, incluindo mãos, orelhas, nuca e pés. E deve-se proteger as cicatrizes, especialmente as novas, que podem ficar escuras se expostas ao sol. Já as antigas também devem ser protegidas, pois há risco de desenvolvimento de tumores, apesar de ser um evento raro", explicou a doutora Elcilane. 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é estimado que no Brasil, entre 2023 e 2025, o número de casos novos de câncer de pele não melanoma será de 220.490. Segundo a médica, o câncer de pele é especialmente comum entre pessoas que foram extensamente expostas à luz solar quando crianças e adolescentes e entre as que ficam continuamente expostas ao sol como parte de sua profissão ou de atividades recreativas como atletas, agricultores, fazendeiros,  marinheiros e banhistas frequentes.

"Quanto maior for a exposição solar, mais elevado é o risco de lesões pré cancerosas e câncer de pele, incluindo carcinoma de células escamosas, carcinoma basocelular e melanoma maligno, que é o mais agressivo. Além disso, a exposição à UV em salões de bronzeamento aumenta o risco de câncer de pele e de danos à pele".

"Isso porque a vaidade também cresce no veraneio e a dermatologista alerta para os riscos do bronzeamento artificial e do aumento do risco de câncer da pele, e também do chamado 'banho de lua' para clarear pelos. Devido ao fato do banho de lua ser feito principalmente com o peróxido de hidrogênio, que é uma substância tóxica, pode causar danos à pele, e efeitos colaterais como irritação ou queimaduras, principalmente se utilizado em concentrações superiores à recomendada para o tipo de pele. Além disso, existe o risco de reações alérgicas, podendo ser percebido por meio de queimação ou coceira local, sendo indicada a remoção imediata do produto caso isso ocorra". E quanto à depilação a laser, a indicação geral é não tomar sol depois deste tipo de depilação, principalmente nos sete primeiros dias para evitar manchas na pele, bolhas e até cicatrizes", recomendou.

Uma situação comum no verão é o suor excessivo. Segundo a doutora Elcilane, a hiperidrose afeta entre 2 a 3% da população e seus sintomas são agravados durante o verão. É natural que o corpo aqueça quando o ambiente está mais quente ou durante a prática de atividades físicas. "Nessas situações o equilíbrio térmico se torna necessário, por isso suamos. A hiperidrose é caracterizada quando a sudorese excessiva ocorre em ambientes frios e frescos ou quando não há esforços físicos. Existem diversos tratamentos distintos para a hiperidrose. Os mais invasivos, como os procedimentos cirúrgicos são indicados para o tratamento de casos mais graves".

Os casos mais moderados podem ser tratados com o uso de cremes e antitranspirantes específicos para o tratamento da hiperidrose. "O dermocosmético indicado para tratamento de hiperidrose é o antitranspirante. Enquanto o desodorante é apenas um perfume para evitar o mau cheiro, o antitranspirante controla o suor excessivo existente no local e, consequentemente, combate também o cheiro ruim (bromidrose)", afirmou. Importante ficar atento também para a acne que piora no verão. Nesta estação, o indivíduo fica mais propenso a desenvolver acne solar "provocada pela mistura da oleosidade aumentada da pele, sudorese, excesso do filtro solar e da própria radiação solar. Recomenda-se lavar o rosto com um sabonete adequado para o tipo de pele, usar tônicos mais adstringentes e filtros solares com base aquosa ou em gel, o que pode diminuir a oleosidade", disse.  

E atenção é preciso evitar pisar na areia da praia quando estiver suja, o que pode levar a problemas de pele no pé, o chamado popularmente de 'bicho-de-pé', que é a doença provocada pela pulga Tunga penetrans, que "entra na pele e pode viver ali por semanas enquanto coloca seus ovos; e a doença do bicho geográfico, que surge após o contato da pele com larvas de parasitas do gênero Ancylostoma", explicou.

Outros problemas de pele no verão é o aumento da incidência de dermatite seborreica (coceira e descamação do couro cabeludo), rosáceas que também podem piorar no período, assim como o melasma (manchas faciais mais comuns em mulheres em idade reprodutiva) e as micoses.

"Este último problema ocorre, em diversos casos, pelo uso prolongado de roupas molhadas por água do mar, piscina ou suor e contato com áreas úmidas, como o entorno da piscina e os vestiários. O ideal é sempre estar calçado nesses ambientes. E o pano branco, como é popularmente conhecida a pitiríase versicolor (infecção fúngica comum que provoca pequenas manchas descoloridas na pele) também costuma aumentar no período mais quente do ano". Na dúvida se contraiu estas patologias, o ideal é consultar um dermatologista e evitar receitas caseiras, sem respaldo científico e que muitas vezes podem piorar o quadro ou desencadear problemas, como irritações. Outra orientação também é em relação a evitar umidade no corpo que pode predispor a infecções fúngicas e as micoses mais comuns são aquelas provocadas pela proliferação dos fungos em locais que acumulam mais umidade, como a virilha, entre os dedos dos pés e no tórax.

E se engana quem pensa que pode trabalhar nos escritórios e ambientes internos em frente às telas e esquecer o filtro solar. "Expor-se continuamente a esse tipo de iluminação sem proteger a pele, pode causar envelhecimento precoce e manchas. Isso acontece porque esse tipo de luz estimula os radicais livres, elementos que alteram as células de pigmentação e a formação de colágeno, a famosa fibra de sustentação da pele", complementou. E a especialista pontuou outras orientações.  

Sintomas do câncer de pele -  O câncer da pele pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras lesões benignas. Verificar em quais regiões existem pintas, faz toda a diferença na hora de detectar qualquer irregularidade. Somente um exame clínico feito por um médico especializado ou uma biópsia podem diagnosticar o câncer da pele. 

Orientações:
- O verão é o momento de intensificar o uso de filtro solar, que deve ser aplicado diariamente, e não somente nos momentos de lazer.  Os produtos com fator de proteção solar (FPS) 30, ou superior, são recomendados para uso diário e também para a exposição mais longa ao sol (praia, piscina, pesca etc).

-É recomendado ficar na sombra e evitar a exposição ao sol entre 10h e 15h, que são considerados os horários mais quentes. Além disso, deve-se fazer o uso de barreiras físicas e roupas com proteção UV. A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que se conheçam os níveis individuais de vitamina D e a reposição oral seja feita com acompanhamento médico. Assim como, incentiva a exposição direta de áreas cobertas, como pernas, costas, barriga, ou ainda palmas e plantas, por 5 a 10 minutos todos os dias, a fim de sintetizar vitamina D, sem sobrecarregar as áreas cronicamente expostas ao sol.

-Além do filtro solar, no verão é importante usar chapéu e roupas de algodão nas atividades ao ar livre, pois eles bloqueiam a maior parte da radiação UV. Evite a exposição solar entre 10 e 16 horas. As barracas usadas na praia devem ser feitas de algodão ou lona, materiais que absorvem 50% da radiação UV.  Outro objeto que tem extrema importância são bons óculos de sol, que previnem catarata e outras lesões nos olhos.

-Os cuidados com a pele no verão não se restringem ao uso de produtos e acessórios. Nosso corpo exige mais reposição de líquido no calor, pois os raios solares são responsáveis pela desidratação da pele e o clima quente demanda mais gasto de água pelo organismo para atender as necessidades dos órgãos. Para manter o corpo hidratado trabalhando da forma adequada, é importante consumir a quantidade de água recomendada para o seu peso todos os dias. No banho, recomenda-se usar sabonetes compatíveis com o tipo de pele. A temperatura da água deve ser fria ou morna, para evitar o ressecamento.

- Em crianças, inicia-se o uso do filtro solar a partir dos seis meses de idade. Recomenda-se buscar orientação com pediatra ou dermatologista sobre qual o melhor produto para cada caso. É preciso que crianças e jovens criem o hábito de usar o protetor solar diariamente. Quanto aos cuidados com a pele do idoso deve-se tomar banhos curtos e com água morna. Poderá ser necessário utilizar um sabonete com PH mais adequado e privilegiar produtos hipoalergénicos. Usar hidratantes, compostos por retinol e colágeno, que compensam a perda da capacidade natural das células da pele. Usar protetor ou bálsamo labial para evitar cieiro e lábios gretados. E, não esquecer do protetor solar adequado para a pele do idoso.

O serviço de Dermatologia da Universidade do Estado do Pará (Uepa), fica localizado no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), travessa Perebebuí, 2623, bairro do Marco. Os atendimentos são marcados a partir de encaminhamento médico por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o estado do Pará, que através do mecanismo de referência/contrarreferência marca a consulta do paciente pela regulação.

Texto de Diane Maués