Pessoas com autismo conquistam espaço para acompanhar o Arrastão do Pavulagem
Espaço + Inclusão garantiu a dezenas de famílias o direito de brincar com suas crianças em uma das manifestações mais tradicionais do período junino
Espaço + Inclusão permitiu que crianças com autismo acompanhassem o Arrastão do Pavulagem no Dia do Orgulho AutistaNo dia do Orgulho Autista, comemorado neste 18 de junho, o tradicional Arrastão do Pavulagem ganhou um espaço diferenciado dentro da programação junina. Trata-se do “Espaço +Inclusão”, iniciativa da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Políticas Pública para o Autismo (Cepa), realizada em parceria com a empresa Equatorial.
Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (Tea) e seus familiares foram recebidos em uma área montada de frente para o palco, onde puderam assistir às atrações culturais de forma confortável. Cerca de 20 famílias prestigiaram o evento junino. Abafadores e recursos terapêuticos foram distribuídos para as pessoas com autismo. A ideia era dar conforto sensorial aos participantes, já que algumas pessoas com autismo possuem mais sensibilidade a ruídos.
“As dificuldades sensoriais e sociais são condições comuns em pessoas que possuem Transtorno do Espectro Autismo, mas a proposta do espaço “+ Inclusão” é permitir que esse público junto de seus familiares frequente esses espaços de lazer e tenham acesso às nossas manifestações culturais sem deixar de lado o seu conforto e bem estar”, disse Nayara Barbalho, coordenadora da CEPA.Com protetor auricular, por causa da sensibilidade ao som, Caio Silva acompanhou o arrastão do Pavulagem no espaço + Inclusão
Referência - Nayara destaca, ainda, que o Estado do Pará tem se tornado referência a nível nacional, por ser pioneiro nas implementação e implantação de políticas públicas para o autismo. “Vale ressaltar que são políticas efetivas. Através da lei 9.061 de 2020, e da criação da coordenação de políticas para o autismo, que é o órgão por gestar e monitorar e implementar políticas públicas, já foram efetivadas várias garantias de direitos através de programas e projetos elaborados pela equipe e coordenação estadual, como as Carteiras para Autistas, a idealização e inauguração de Núcleos de Atendimento de Pessoas com Espectro Autista, que são dispositivos em saúde que geram modelos de atendimentos baseados em evidências científicas, Festival Tealentos, Espaço Tea, no Mangueirão, e a Feira do Empreendedorismo Inclusivo, que promove a economia criativa. Esses são alguns, mas a ideia é fazer muito mais”, ressaltou Nayara.
O espaço “+Inclusão” contou com uma equipe multidisciplinar formada por terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e pedagogos.
Meire Ribeiro e Carlos Augusto: "ele nem queria ir embora"Pela primeira acompanhando o cortejo, a dona de casa Alessadra Borges destaca a importância do espaço para os deficientes. Ela conta que só acompanhava o cortejo pela televisão, mas que a filha autista de 9 anos de idade sempre pedia para assistir à manifestação. “É a primeira vez que a gente tá conseguindo vir de fato, acompanhar, em um ambiente assim, mais reservado. Tentei vir com ela uma vez, mas ela teve crise de ansiedade por causa do barulho e da falta de espaço, da aglomeração. Então, esse espaço pra mim é de fundamental importância. Estamos aproveitando e acho que deveriam incluir em outros eventos também”, disse a mãe de Edwirges.
Acessibilidade - Mariele Costa da Silva também levou o filho pela primeira vez ao cortejo do Arraial do Pavulagem. “Está sendo a primeira vez dele aqui e estou achando a ideia maravilhosa. A gente sempre se preocupa com essas questões de espaço, barulho. Nós, que temos familiares com algum tipo de deficiência em casa, precisamos ser vistos. Isso significa muito pra gente. Eu vi o espaço de acessibilidade e resolvi trazer e realizar a vontade do meu filho”, disse.Pela primeira vez no Arrastão do Pavulagem, Edwirges e Alessandra Borges, filha e mãe, acompanharam o folguedo junino
“Achei o espaço excelente. Meu filho é músico, mas não gosta de ficar no meio da multidão e aqui ele brincou muito e nem queria ir embora”, disse Meire Ribeiro, mãe do Carlos Augusto, de 39 anos.
Texto de Tatiane Freitas (Ascom / Sespa)