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Seis mil quelônios são soltos no Rio Araguaia pelo Ideflor-Bio e Instituto Ambiental Xambioá

A marca histórica de 6 mil tartarugas-da-amazônia e tracajás integrados à natureza em um único dia é fruto de uma década de trabalho

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
06/06/2023 18h15

A soltura das tartarugas e dos tracajás é fundamental para a preservação das espécies e manutenção da qualidade da água Rio AraguaiaCom mais de 2,6 mil km de extensão, o Rio Araguaia é um dos maiores e mais importantes cursos d'água do Brasil. Responsável por fazer a delimitação geográfica dos estados do Pará e Tocantins, o manancial é berço de incontáveis espécies de peixes, aves e animais ameaçados de extinção, como as tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) e tracajás (Podocnemis unifilis).

Nesta terça-feira (06), o Araguaia - rico em vida e beleza - ganhou milhares de novos habitantes. O projeto, que começou com a soltura de 160 quelônios, atingiu a marca histórica de 6 mil animais integrados à natureza em um único dia. A conquista é fruto de dez anos de trabalho voluntário do aposentado Alípio Murici, que coordena o IAX, junto com seus familiares. Entre os meses de julho e outubro, eles chegam a percorrer até 42 km rio abaixo atrás dos ninhos de tartarugas-da-amazônia e tracajás.Estudantes participaram da soltura dos quelônios, reforçando a importância da educação ambiental

Há pouco tempo, esses quelônios quase não eram encontrados na região de São Geraldo do Araguaia, município do sudeste paraense. Graças ao trabalho do Instituto Ambiental Xambioá, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), por meio da Gerência da Região Administrativa do Araguaia (GRA), está sendo possível reverter essa situação.

A liberação dos animais ocorreu especificamente em três pontos do Rio Araguaia: na praia em frente ao porto do IAX, nas comunidades de Ilha de Campos e Santa Cruz, na zona de amortecimento de duas Unidades de Conservação (UC) do Ideflor-Bio: o Parque Estadual Serra dos Martírios/Andorinhas e a Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia. Aalunos da rede pública acompanharam a soltura dos animais.

Alípio Murici testemunha o êxito do trabalho desenvolvido há dez anosPara Alípio Murici, “esse momento é a coroação de um trabalho de anos que a gente vem fazendo na tentativa de preservar esses quelônios que, há pouco tempo, estavam em extinção. Há dez anos, quando comecei essa ação na tentativa de salvar os quelônios, nós encontramos apenas três ninhos. Hoje, com muito esforço e dedicação, conseguimos identificar mais de 80 ninhos, que garantiram esse número recorde de 6 mil tartarugas”, informou.

Ele ressaltou o papel dos animais no equilíbrio ambiental e na potabilidade da água. “Os quelônios fazem uma verdadeira limpeza nos rios, porque comem as plantas aquáticas, os peixes mortos, e a qualidade da água serve tanto para eles, como para nós, que dependemos desse recurso natural para a pesca, irrigação e matar a sede. Ainda bem que o nosso rio não é poluído. Mas se tirarmos esses animais, com certeza vai se tornar impróprio em pouco tempo”, alertou Alípio Murici.

Reprodução - A desova dos tracajás começa em julho e prossegue até agosto. Já o período de postura das tartarugas-da-amazônia é de setembro a outubro. Após esse ciclo, os ovos são transferidos para uma praia dentro da UC do Ideflor-Bio, onde ficam de 50 a 60 dias em desenvolvimento. As eclosões ocorrem entre novembro e dezembro, quando os quelônios são transferidos para um tanque no IAX, onde podem crescer sem o risco de predadores até estarem prontos para a liberação no rio. 

O diretor de Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação do Ideflor-Bio, Clésio Santana, ressaltou que esse tipo de iniciativa busca conscientizar a população tanto do Pará, como do Estado do Tocantins, para a importância de preservar a biodiversidade do Rio Araguaia.

“É fundamental para nós garantir o equilíbrio do meio ambiente. Seja através do repovoamento dos nossos rios, com todas as suas variedades de espécies, impedindo o progresso dos predadores, aqueles que vêm tirar da natureza sem o cuidado da reposição. É por isso que o Ideflor-Bio está atento e trabalhando diuturnamente para a preservação dos recursos naturais”, frisou o diretor.

A titular da GRA, Laís Mercedes, garantiu que o apoio ao trabalho do IAX será . “Temos o prazer de apoiar esse projeto tão importante para a preservação dos nossos quelônios desde 2018. Graças a essa ação, já é possível notar avanços na continuidade das espécies, aliada a um forte trabalho de educação ambiental com as crianças que moram no entorno das nossas UCs. Que esse trabalho sensibilize mais parceiros e, desde já, convido a população a abraçar esse projeto conosco”, disse a gerente.