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MEIO AMBIENTE

Amazon Bonn: Jatene defende “protagonismo amazônico” para sustentabilidade

Por Redação - Agência PA (SECOM)
14/11/2017 00h00

Os Estados da Amazônia devem avançar com medidas específicas para a preservação da floresta tropical e o desenvolvimento de economias sustentáveis. Esta foi a mensagem que o governador do Pará, Simão Jatene, deixou nesta terça-feira (14) na cidade de Bonn, na Alemanha, durante o Amazon Bonn.

Na abertura do evento, que é paralelo à COP23 (Conferência das Nações Unidas para o clima), Simão Jatene representou o fórum que reúne os nove Estados que compõem a Amazônia Legal. O pronunciamento do governador foi acompanhado por autoridades da Alemanha, Noruega e Reino Unido, além do ministro do Meio Ambiente do Brasil, José Sarney Filho, e membros da sociedade civil brasileira. 

“É uma satisfação representar os colegas de toda a Amazônia num evento de tanta importância. Talvez pela primeira vez, os governadores da Amazônia unidos vêm dizer ao Brasil e ao mundo os seus desafios e oportunidades para a preservação do meio ambiente”, apontou Jatene.

O governador do Pará defendeu que “é preciso um maior protagonismo dos Estados na implementação de medidas para a preservação ambiental”. Segundo Jatene, “só os entes subnacionais podem avançar com medidas específicas”, que atendam os diferentes contextos amazônicos, principalmente, a partir da socioeconomia.

Jatene falou numa revolução do conhecimento para a produção de forma sustentável na Amazônia e lembrou que povos tradicionais como os indígenas e quilombolas devem fazer parte deste processo. “Esses povos têm um grande conhecimento e precisamos disso para melhorar o padrão de vida deles, sem impor o nosso padrão de vida, mas repensando, inclusive, o nosso consumo”, afirmou. 

O ministro José Sarney Filho reforçou o posicionamento do governador do Pará e disse que o Governo Federal adotou uma política que já está permitindo este protagonismo dos Estados. “Descentralizamos o processo de criação de projetos ambientais e capacitação de recursos para a implementação dos mesmos”.

Preservação atrelada ao combate à pobreza

Além do combate ao desmatamento, que contribui diretamente para a redução do aquecimento global e emissão de gases de efeito estufa – metas do Acordo de Paris até 2020 - o combate à pobreza e desigualdades também fazem parte do processo de desenvolvimento sustentável, destacou Simão Jatene. “A discussão da pobreza e desigualdade não mais pode ser feita de forma isolada da questão ambiental. A socioeconomia tem que ser um elemento que integra a sociedade sustentável”.

De acordo com o governador, não basta dizer que a Amazônia é importante na luta contra o aquecimento global. “Precisamos inserir as economias locais numa cadeia produtiva sustentável, que lhe dê segurança para viver com qualidade, sem precisar destruir a floresta”, apontou. 

O líder indígena da etnia Kayapó, Raoni Kayapó, também falou na sessão de abertura do Amazon Bonn. Ele reiterou o que foi dito por Jatene: “A forma de viver do indígena é diferente da forma como os outros povos vivem. Estamos abertos para o desenvolvimento sustentável. Alguns povos indígenas precisam ser conscientizados de que não se deve aceitar dinheiro dos madeireiros”.

Pará já investe na sustentabilidade socioeconômica e ambiental

O Pará foi um dos primeiro Estados brasileiros a criar Unidades de Conservação (UC). Atualmente, são 25 em todo o território paraense, geridas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio). O pioneirismo paraense concretizou-se também no programa, já em funcionamento, Pará Sustentável – que é pautado pelo conhecimento, novas formas de produção sustentável, tecnologia e novos modelos de gestão que asseguram mais eficiência à governança. 

Segundo Jatene, isto quer dizer que todas as ações, políticas e serviços do Governo paraense são oferecidos e executados com base na questão ambiental, social e econômica. Em Belém, o Centro Integrado de Monitoramento é um dos resultados deste programa. O centro realiza o monitoramento territorial das políticas ambientais e socioeconômicas paraenses. A iniciativa está pronta, inclusive, para ser implantada em breve em toda a Amazônia Legal, por meio de parcerias com os outros Estados.

Redução do desmatamento e apoio internacional  

Entre os meses de agosto de 2016 e 2017, o Brasil conseguiu reduzir em 16% a destruição da floresta. Em informação divulgada durante o Amazon Bonn, o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, revelou que houve uma redução ainda maior nas unidades de conservação federais – de 28%. De acordo com o ministro, a floresta nacional que mais registou esta redução foi a Flona do Jamanxim, situada a 1.600 quilômetros da capital paraense, Belém. Para Sarney Filho, estes índices refletem o aumento das fiscalizações dos órgãos federais, assim como o reforço das políticas estaduais.

O Governo Federal alemão há 25 anos é apoiador da preservação da Amazônia. Só este ano, a Alemanha já investiu cerca de 35 milhões de euros na causa. Para o representante do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento alemão, Thomas Silberhorn, a Amazônia “tem uma grande importância econômica para o Brasil e para o mundo. É algo que não podemos abrir mão”. Há 10 anos, a Noruega também contribui para o desenvolvimento sustentável no Brasil através do Fundo Amazônia. O ministro do Meio Ambiente da Noruega, Vidar Helgesen, afirmou que o país vai continuar a ser um parceiro. “A Noruega vai continuar a apoiar o Brasil para reduzir as taxas de desmatamento”.

O Amazon Bonn ocorre ao longo desta terça-feira e inclui a discussão do temas ligados à proteção e desenvolvimento sustentável da Amazônia. O evento é realizado paralelamente à COP23, na antiga capital federal da Alemanha, até o dia 17 de novembro, com cerca de 25 mil participantes do mundo inteiro.

Texto: Thiago Melo