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Semas doa pacotes de leite para a filhote de peixe-boi resgatada

Por Redação - Agência PA (SECOM)
29/04/2018 00h00

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) doou 100 pacotes de leite para o filhote fêmea de peixe-boi resgatado pela própria secretaria, com o apoio de outros órgãos, no início desta semana. A doação foi uma ação coordenada pela secretária adjunta de Gestão Administrativa e Tecnologia, Socorro Colares. "Nós fizemos todo o processo de resgate, após a comunidade informar que o animal estava com dificuldades. E agora, seguimos atentas, contribuindo e fazendo nossa parte pela saúde dela", frisou Socorro.

O animal está na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), aos cuidados de profissionais do Grupo Biologia e Conservação de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (Bioma). Aceita-se doação de leite em soja (em pequena quantidade), leite em pó integral e óleo de canola, para contribuir com a alimentação da peixe-boi.

Em média, ela se alimenta cinco vezes ao dia usando uma mamadeira dada por um dos profissionais, sendo que a alimentação é intercalada com leite e água de coco. O trabalho é feito por veterinários e biólogos. Em um segundo momento, já como parte de um processo de readaptação da peixe-boi à natureza, a ideia é usar uma mamadeira subterrânea, para não acostumá-la com a ação do homem.

O pesquisador e biólogo do Bioma, Gabriel Melo, explicou a fase de cuidados. "O período de desmame do peixe-boi é de dois anos. Nesse período ela toma leite, então vai ter que ficar em um cativeiro. Depois ela poderá ir para o semicativeiro, que é algo mais similar ao local natural", disse. "O ideal é que depois ela seja solta no local de onde veio, já que ela tem a informação genética de lá", completa.

Como o filhote estava encalhado, biólogos do Bioma pediram auxílio ao Instituto Evandro Chagas para a realização de uma análise contaminante, o que verificará com precisão o estado de saúde do animal.

Características

Estima-se que a filhote de peixe-boi tenha, no máximo, três meses de vida. Já pesa 14 quilos e, eventualmente, pode ultrapassar 400 quilos já no período de vida adulta. Ela é da espécie chamada de peixe-boi amazônico, caracterizado por falta de unha, rosto esguio - não voltado para baixo, como as outras espécies.

O rosto esguio é uma adaptação ao fato de se alimentar também com a vegetação flutuante. Esta espécie é menor que o peixe boi marinho. Ainda tem manchas espalhadas pelo corpo. Está ameaçado de extinção, daí a necessidade de retornar para o seu habitat natural.

Para a bióloga do Bioma, Angélica Rodrigues, "A Neguinha (como está sendo chamada) vem para catalisar algo que é importantíssimo, que é unir os órgãos de pesquisa, ambientais, para um esforço de conservação das espécies ameaçadas".

Histórico

A fêmea de peixe-boi foi resgatada depois de encalhar em uma praia na ilha dos Pombos e levada, pela pescadora que a encontrou, para a ilha da Conceição, no município de Limoeiro do Ajuru, na região Tocantins. A moradora acionou o Batalhão de Polícia Ambiental de Belém, que comunicou o fato à Semas. A partir daí, um trabalho interinstitucional foi desenvolvido para o salvamento do animal, liderado pela Semas, com parceria da Polícia Militar, por meio do Grupamento Fluvial de Segurança Pública, Fluvial de Abaetetuba, Instituto Chico Mendes para a Biodiversidade (ICMBio) e Bioma.

O animal foi resgatado na ilha da Conceição, em lancha da PM, e encaminhado via rodoviária para o fiel depositário do animal, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha da Costa Norte do Brasil (Cepnor), do ICMBio, que funciona em instalações dentro da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), em Belém.

Angélica, que também é coordenadora de Educação Ambiental e Interação com as Comunidades, ressalta a importância do trabalho em conjunto entre os órgãos, baseados em uma informação da comunidade. "Eles (moradores do local) tiveram essa urgência em nos informar e o cuidado e a sensibilidade de cuidar desse animal por cinco dias, alimentá-lo inclusive, então pra gente foi essencial essa parceria com a comunidade", disse.

"Ela veio de barco, depois de carro, e sempre com o cuidado de trazer em toalhas úmidas, para não sofrer choques mecânicos, abraçar o animal com cuidado", elogiou, a respeito do trabalho desenvolvido pela Semas.

A gerente de Fiscalização da Fauna e Recursos Pesqueiros da Semas, Solange Chaves, classificou o trabalho como de grande esforço interinstitucional, para manter vivo um indivíduo de uma espécie ameaçada de extinção. “Todo o esforço da Semas está relacionado com a conservação da espécie”, avalia.

Serviço:
Para doações de leite em pó integral, leite de soja ou óleo de canola ligar para a Universidade Federal Rural da Amazônia: 99203-9281 ou 992503113.