Pesquisadores identificam nova espécie de orquídea no Parque Estadual do Utinga
Com a descoberta, a família das Orchidaceae chega à marca de 33 espécies descritas na Unidade de Conservação de Proteção Integral, em Belém
Pesquisadores do Projeto "Flora do Utinga" identificaram, na quinta-feira (18), um novo registro para a família das orquídeas do Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna''. Pertencente ao gênero Eulophia alta, o vegetal foi encontrado em uma borda de vegetação secundária próximo ao espaço “Recanto da Volta”, no interior da Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral, em Belém.
Com o achado, a família das Orchidaceae chega à marca de 33 espécies descritas, sendo a terceira mais rica em número de amostras no Parque. A última descoberta ocorreu em outubro de 2022, quando especialistas identificaram, no tronco de uma árvore que havia caído no interior da UC, uma orquídea do gênero Octomeria sp.A orquídea, encontrada próximo ao espaço “Recanto da Volta”, terá proteção extra em seu habitat
A nova espécie foi localizada pelo pesquisador e coordenador do Projeto "Flora do Utinga", Leandro Valle Ferreira, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). “As orquídeas são as maiores famílias de plantas. Existem cerca de 28 mil espécies no mundo, quase 2.500 espécies no Brasil e 411 espécies no Pará”, informou o cientista.
Leandro Ferreira disse ainda que, devido ao local onde o vegetal foi identificado ser de fácil acesso da população, será providenciada uma proteção extra para garantir a segurança da espécie em seu habitat natural. “Pela sua característica, esse tipo de orquídea pode ser confundida facilmente com uma vegetação qualquer. Por isso, já estamos providenciando uma proteção à espécie”, acrescentou.
Importância biológica - Desde 2018, o Projeto “Flora do Utinga” é desenvolvido em parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Até o momento, 827 espécies de plantas e fungos foram catalogados, reforçando a importância biológica das UCs onde ocorre a pesquisa na Região Metropolitana de Belém, no Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, na Área de Proteção Ambiental (APA) Belém e no Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia (Revis). Este último é considerado uma das maiores UCs de Proteção Integral em áreas metropolitanas do Brasil, e abrange os municípios de Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Izabel do Pará.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, destacou que o órgão ambiental é responsável pela gestão de 27 UCs, que juntas representam mais de 21 milhões de hectares ou 16,86% do território paraense. Ele enfatizou que as UCs são verdadeiros laboratórios de pesquisas e formação acadêmica.
“Parabenizo esse tipo de pesquisa científica porque fortalece e nos ajuda a preservar a rica biodiversidade amazônica, a partir da catalogação das plantas e fungos existentes nas UCs. Lembrando que, atualmente, temos 11 UCs de Proteção Integral, com mais de 5 milhões de hectares, e outras 16 de Uso Sustentável, que representam mais de 15 milhões de hectares. Portanto, manter a floresta em pé para nós é uma prioridade e, principalmente, fazendo com que ela seja um importante vetor de transmissão de conhecimento para a sociedade”, afirmou Nilson Pinto.