Semana de Enfermagem na Santa Casa destaca formação técnica e científica
Evento inclui palestras, cursos e dinâmicas com temas relevantes para a profissão e uma etapa social com o reconhecimento dos profissionais em destaque
Foi bem cedo, ainda criança, que a enfermeira da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), Socorro Ruivo, começou a dar sinais de que sua profissão teria relação com o cuidar de pessoas.
"Uma vez minha mãe olhou para mim e me falou: 'Filha, acho que o seu dom é cuidar'". E foi a partir da observação materna que ela abraçou a enfermagem como carreira, uma profissão que ao longo da história se caracteriza por manter a tradição, ao mesmo tempo em que está atenta às inovações técnicas voltadas à assistência.
Na Santa Casa, isso se reflete em uma enfermagem abrangente, qualificada e de relevância para o hospital, como explica a gerente geral de enfermagem da Fundação, Benedita Martins.
"A importância da existência e da atuação de enfermagem em um sistema complexo, como é o nosso, reside na cobertura assistencial nas 24h, de forma alinhada a um instrumento fantástico de comunicação interprofissional, que é o plano terapêutico do paciente", declarou.
"No princípio, a comunicação efetiva, que é uma das metas da política nacional de segurança do paciente, ficava de certo modo por conta de cada profissional e sua performance individual. Porém, com a evolução dos ecossistemas terapêuticos, com o aumento da pressão por qualidade, segurança e por resolutividade terapêutica, os instrumentos comunicacionais passaram a ser testados e institucionalizados", detalha a enfermeira.
Benedita Martins considera que tudo isso faz com que a enfermagem, como profissão e em sua atuação na Santa Casa, continue relevante e importante, mantendo-se 24h ao lado do paciente, mas tendo agregada ao seu papel e na sua responsabilidade a coerência e o alinhamento com o planejamento terapêutico individual, ao qual adapta a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
Equipe - São 1.276 profissionais, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem, a maior categoria profissional atuante no hospital, representando mais de 40% de toda a força de trabalho da Santa Casa. Uma equipe chefiada quase que integralmente por enfermeiras, como Benedita Martins e a experiente Socorro Ruivo, que ao longo de seus 36 anos de atuação no hospital, viveu momentos históricos e desafiadores para a saúde pública, quando presenciou e atuou na assistência aos pacientes em uma epidemia de cólera, na década de 1990; e mais recentemente na pandemia de Covid-19, quando o hospital precisou transformar parte de sua enfermarias em espaços para receber os pacientes que não paravam de chegar.
"Na epidemia de cólera foi uma experiência de recém-formada, que foi assustadora, mas de muito aprendizado, pois eu estava começando minha vida profissional. Já na pandemia de Covid-19, apesar de já ter muitos anos de experiência na enfermagem, também foi muito difícil. Nós não tínhamos certeza de muita coisa e íamos fazendo de acordo com as orientações que as organizações internacionais iam definindo fora do Brasil. Tivemos que treinar as equipes para os uso dos equipamentos de proteção individual. A área que eu coordenava, da clínica cirúrgica, foi toda transformada para atender Covid e precisamos também cumprir a difícil missão de cuidar até dos nossos colegas de trabalho, que também adoeceram naquele período", relembra.
Entre os dois momentos marcantes, Socorro viveu boa parte de sua atuação profissional na clínica cirúrgica da Santa Casa. Dedicada e sempre atenta às inovações da profissão, preocupa-se permanentemente com sua qualificação, tornando-se especialista nas áreas de Gestão, UTI, Clínica Cirúrgica e Educação. Atualmente, divide-se entre a enfermagem e a docência. Sobre o perfil que o profissional de enfermagem precisa ter, a enfermeira orienta sobre o que vive em sua própria experiência de mais de três décadas de atuação.
"Eu sempre digo que o enfermeiro tem que estar aberto para aprender todos os dias porque todos os dias a saúde tem inovações tecnológicas. Então, o profissional não pode achar que porque tem tantos anos de casa que o seu conhecimento é suficiente. Eu aprendo todos os dias. Aprendo inclusive com todas as pessoas que aqui estão, o paciente, o acompanhante, com outros colegas profissionais, que possuem experiência em outras áreas, enfim, precisamos estar prontos para aprender e nos especializar", afirma a enfermeira.
Programação - Com o foco na qualificação técnica e científica dos profissionais de enfermagem, sem abrir mão do tradicionalismo da profissão, a FSCMP dará início nesta quinta-feira (18) à programação da Semana de Enfermagem 2023, com a realização de palestras, cursos e dinâmicas de temas relevantes para a profissão e uma etapa social com o reconhecimento dos profissionais em destaque, homenagem aos aposentados em 2022 e ao tradicional Baile de Enfermagem.
A programação tem como tema: "Valorização do servidor de Enfermagem, Sustentabilidade e Inovação em saúde”. A abertura oficial ocorrerá no dia 18, às 9h, no auditório da Santa Casa.
Como parte dos eventos será concedido o prêmio Valderez Andrade aos profissionais destaques da enfermagem, fazendo o reconhecimento público desses servidores pelos relevantes serviços de Enfermagem prestados à sociedade.
"Para a escolha foram avaliadas a atuação desses profissionais em altos padrões de competência técnica, excelência comportamental e capacidade de gerar resultados, uma vez que assim, eles tornam efetiva a missão da Santa Casa, que é cuidar da saúde das pessoas, gerando conhecimento", afirma a gerente geral de enfermagem, Benedita Martins.
O nome do prêmio é uma homenagem à enfermeira Valderez Andrade, que dedicou 26 anos à Santa Casa, sendo considerada exemplo de responsabilidade, integridade e competência, tendo realizado importantes atividades técnicas e também ocupado cargos de gestão ao longo de seus anos de atuação na instituição.
