Custodiadas do Centro de Recuperação Feminino concluem Curso de Panificação
Após uma semana de aulas, 20 internas do Centro de Reeducação Feminino (CRF), do município de Ananindeua, da Região Metropolitana de Belém, concluíram as 80 horas de aulas do Curso Básico de panificação oferecido pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). As participantes do curso agora se encontram aptas para criar produtos diferenciados, novas receitas e passam a ter uma qualificação profissional.
“Os cursos de profissionalização, de capacitação profissional dentro do CRF são muito importantes, principalmente dentro da panificação, pois a panificação tem o objetivo principal de produzir a quinta alimentação dos internos das unidades prisionais da Região Metropolitana de Belém. Hoje, dentro do sistema penal, a gente tem pensado em capacitar as internas tanto para fazer os pães diários, quanto confeitaria, como bolos, doces e salgados, tudo isso para que elas possam aqui fora ter uma oportunidade ainda maior e não apenas de um nicho”, comentou a coordenadora de Trabalho e Produção da Diretoria de Reinserção Social (DRS) da Seap, Raquel Lima.
Ivan Renato, instrutor do Senar, explica que seu método de trabalho não envolve ensinar receitas às alunas, mas consiste no ensinamento básico da parte técnica de como fazer; o que fazer; o uso correto de ingredientes e porque utilizá-los; além das quantidades adequadas de cada produto. “É dar a técnica básica para elas, e aí sim, elas desenvolverem a criatividade para seguir o trabalho delas, e aí vai ser com elas, praticar e trabalhar”, afirma Renato.
O instrutor acrescenta que as participantes do curso conhecem o diferencial de cada massa e como uma mesma massa pode servir para várias receitas, passam a conhecer a diferença de uma massa para outra. “Não adianta passar algo à frente, mais complexo, se elas não conhecem o básico. Então o meu trabalho se baseia no básico, que é pra elas poderem se desenvolver. Elas são ótimas e eu vejo que elas precisam disso, precisam da atenção para dar uma esperança e ter uma esperança no futuro”, ressalta Ivan.
Mas as aulas vão bem além de apenas preparar uma massa de pizza, por exemplo. Ivan explica que as participantes do curso aprendem a lidar com a compra e venda de produtos, a observar a qualidade dos mesmos, as condições de caixas e latas, a conservação adequada, entre outras. “Elas aprendem a manipular os alimentos, a importância da higiene, o uso de toucas e luvas, ao mesmo tempo que colocam esse conhecimento todo em prática”, garante o instrutor.
Oportunidade - Paula da Silva Bezerra, de 25 anos, está no seu segundo curso desde que chegou ao CRF. O primeiro foi de Automaquiagem e agora concluiu o de Panificação. Para quem não tinha nenhuma qualificação fora das muralhas da unidade prisional, ela afirma que evoluiu e vem evoluindo gradativamente a cada dia, pois não tinha nenhuma profissão quando estava fora, em liberdade. Paula também não tinha terminado o Ensino Médio e agora está estudando na casa penal.
“Já trabalhei na Coostafe e agora estou tendo essa outra oportunidade aqui na panificação. Para mim é muito gratificante aprender a fazer salgados porque agora vou sair com uma profissão daqui. Na hora que abrir outras oportunidades de cursos, e se eu for selecionada, para mim vai ser muito gratificante. Agradeço muito a Seap por estar acreditando na mudança, na nossa transformação. Nós vamos sair com outra cara para a sociedade. A gente também pede o apoio da sociedade, que ela venha olhar para gente com um diferencial, queremos nos ressocializar”, garante Paula.
Para Evelen Rayara, além da oportunidade de se qualificar profissionalmente, participar do Curso de Panificação ajuda na vivência dentro do cárcere, uma vez que elas deixam os blocos de cela para participarem das atividades no espaço da panificação.
“Para mim está sendo muito gratificante participar da panificação de salgados, de salgadinhos, está sendo muito bom, maravilhoso. Esse tipo de oportunidade que a direção oferece serve pra gente sair de dentro da cela e trabalhar mais a mente. Ter um certificado é muito bom, é muito bom porque a gente aprende aqui dentro e vai poder mostrar lá fora o que aprendemos nesse lugar”, conclui Rayana.
Texto: Márcio Sousa / NCS Seap