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Pesquisa quer identificar entraves na gestão dos resíduos orgânicos pelos municípios

pretende identificar quais as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas físicas e jurídicas e gestores públicos municipais que impedem o lixo orgânico de ser separado, transportado e recuperado

Por Carol Menezes (SECOM)
13/04/2023 10h00

Uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Pará (Uepa) sobre resíduos orgânicos, coordenada pela professora Verônica Nagata, que é pesquisadora na área da Sustentabilidade, está recebendo contribuições online. Quem desejar colaborar, basta entrar no link. 

O estudo "Identificação das Barreiras à Logística Reversa de Resíduos Orgânicos para o Município de Belém" pretende identificar quais as principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas físicas e jurídicas e gestores públicos municipais que impedem o lixo orgânico de ser separado, transportado, recuperado (transformado em composto orgânico ou em biogás) e possa voltar ao ciclo produtivo - como por exemplo em forma de adubo orgânico utilizado nos canteiros e praças públicas ou comercializados em floriculturas, ou ainda utilizado pela agricultura familiar.

Ainda segundo Verônica, para o resíduo orgânico ser recuperado é preciso um canal de logística reversa que viabilize o caminho do resíduo desde a geração (casa, trabalho etc), passando pelo transporte, triagem, recuperação e retorno à sociedade como um outro recurso. "Em minhas pesquisas, observei que para cada resíduo orgânico existe uma série de barreiras impedindo que o canal reverso funcione. Daí resolvi fazer este levantamento para os sete municípios que integram a Região Metropolitana de Belém", justifica a docente.

A professora realiza o estudo com quatro alunos de graduação dos cursos de Engenharia de Produção do campus Castanhal (Vitória Eduarda Gomes Teixeira e Walter Shalon Cardoso Cruz) e mais duas alunas do curso de Engenharia Ambiental do campus Belém (Izabelly Gonçalves da Silva e Eva da Conceição Estumano). 

A etapa seguinte é a análise das respostas para identificar quais barreiras de fato existem em cada município. "Daí fazemos um relatório listando essas barreiras e encaminhamos aos gestores de cada cidade participante. De posse deste relatório, será possível que gestores públicos municipais e estaduais possam direcionar ações para superar estas barreiras, caso o tema esteja dentro do espectro de suas políticas. Para cada uma delas, já há soluções e boas práticas adotadas em outros municípios no Brasil e em outras cidades ao redor do mundo", destaca Verônica.

Banco de alimentos – Como exemplo de ação do governo estadual que reduz a produção de resíduos sólidos orgânicos na RMB, e complementa a importância da pesquisa promovida pela Uepa, há o projeto Banco de Alimentos, coordenado pela Centrais de Abastecimento do Estado do Pará (Ceasa). Os hortifrutis, que seriam desperdiçados por estarem fora dos padrões ou próximos da data de vencimento, são distribuídos para mitigar a fome das famílias em situação de vulnerabilidade social. A ação também tem cunho ambiental por reduzir os resíduos sólidos, contribuindo para um meio ambiente mais saudável.

O presidente da Ceasa, Raimundo Santos Júnior, confirma que a iniciativa tem reduzido drasticamente a quantidade de alimentos descartados diariamente. "São 680 toneladas de alimentos comercializados todos os dias, e pelo menos dez toneladas costumavam ir para o lixo. Temos conseguido aproveitar uma tonelada de alimentos por semana, que são acondicionados em cestas e doados a famílias em situação de insegurança alimentar", relata o gestor. Só entre janeiro e março, o Banco de Alimentos serviu a mais de 750 pessoas.

Conscientização - Por sua vez, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), por meio de sua Coordenadoria de Educação Ambiental, desenvolve ações educativas visando mitigar as problemáticas relacionadas à geração e descarte de resíduos. Neste sentido são feitas as capacitações em Educação Ambiental nos diversos municípios paraenses, que tem como objetivo preparar agentes multiplicadores de boas práticas ambientais que fomentem a participação comunitária na gestão ambiental. 

"Assim é possível contribuir com a preservação e conservação dos recursos naturais e, consequentemente, com a melhoria da qualidade de vida da população. Durante a atividade, temos a parte teórica e a prática, que abordarão sobre meio ambiente, problemáticas socioambientais em nível local, regional e global, principais fontes de poluição, desenvolvimento sustentável, plano de ação, Agenda 2030 e os ODS, noções sobre legislação ambiental, práticas de manejo sustentável de resíduos urbanos e domésticos, e reaproveitamento de resíduos sólidos", confirma Andreia Monteiro, que é coordenadora de Educação Ambiental da Semas. 

Outras ações incluem oficina de compostagem doméstica com o aproveitamento de resíduos orgânicos para a produção do adubo orgânico e do biofertilizante, oficinas de produção de sabão a partir da reutilização do óleo de cozinha para fabricação de sabão caseiro, oficinas de Eco Bijuterias realizadas com reaproveitamento de materiais que seriam descartados inadequadamente no meio ambiente, principalmente o papel, e oficina de confecção dos coletores para incentivas a coleta seletiva. Há ainda os ecopontos da Semas que são assistidos pelo Instituto Alachaster no Porto Futuro, Parque do Utinga, Usina da Paz Cabanagem, em Belém, e Usina da Paz Icuí em Ananindeua. Entre junho de 2022 e fevereiro de 2023, esses locais já receberam mais de 65 toneladas de resíduos.