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Ideflor-Bio protege área de desova de tartarugas na Praia do Atalaia, em Salinópolis

Bloqueio na faixa de areia será na ‘Ponta da Sofia’, para garantir a reprodução de várias espécies de tartaruga marinha

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
05/04/2023 20h41

Encontro dos filhotes de tartaruga com o mar: garantia de preservação da espécieUm dos balneários mais procurados pela população na costa atlântica paraense está se consolidando como novo ponto de desova de tartarugas marinhas. O local escolhido pelos quelônios fica na faixa de areia da Praia do Atalaia conhecida como “Ponta da Sofia”, que faz parte da zona de amortecimento do Monumento Natural do Atalaia (MoNa), no município de Salinópolis. 

Responsável pela área onde ocorre a desova e eclosão das tartarugas marinhas, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) fará, neste feriado da Semana Santa, o bloqueio da faixa de areia. A medida cumpre o disposto na Nota Técnica emitida pelo Instituto, que proíbe o acesso de veículos a partir do 3º atalho da Praia do Atalaia, entre os meses de fevereiro e setembro de 2023, das 16 às 08 h do dia seguinte.

O documento considera que é durante a noite e ao amanhecer que os filhotes saem dos ninhos em direção ao mar. A recomendação será cumprida com o apoio de agentes de segurança pública, que vão restringir o acesso de veículos motorizados na área. A passagem de pedestres e banhistas até as barracas que comercializam alimentos e bebidas nessa área permanece autorizada, obedecendo aos critérios previamente estabelecidos. Barreira erguida na faixa de areia da Praia do Atalaia

“Partindo da premissa que não existe equívoco nas decisões da natureza, podemos afirmar que as espécies que escolheram essa região como berçário assim o fizeram por sentir absoluta segurança e ambiente apropriado para fazê-lo, pois essa é uma condição básica para procriação”, ressaltou o presidente em exercício do Ideflor-Bio, Thiago Valente.

Ele disse ainda que a sociedade precisa compreender que, por si só, essa medida já eleva essa região a um patamar que merece proteção especial. Também se tratar de zona de amortecimento de um Monumento Natural, o que engloba pelo menos cinco espécies em condições vulneráveis.

“Em última análise, a indiscutível necessidade de proteger esse ambiente oportuniza aos banhistas e turistas, que se restringem por não tolerarem circulação de veículos na praia, a desenvolverem uma nova experiência com a Praia do Atalaia, considerando que nesse trecho não haverá circulação de veículos”, concluiu Thiago Valente.Pesquisadores atuam na proteção aos locais de desova das tartarugas

Descoberta - Um grupo de pesquisadores do Projeto Suruanã, desenvolvido pela Universidade Federal do Pará (UFPA), identificou e monitorou no Atalaia, mais especificamente na “Ponta da Sofia”, e ainda na Ilha de Maiandeua, no município de Maracanã, ninhos de tartarugas marinhas das espécies Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva), Chelonia mydas (tartaruga-verde) e Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente).

O grupo já trabalha com a conservação das tartarugas marinhas no litoral paraense há dez anos, e também possui trabalhos em colaboração com o Ideflor-Bio. Durante o monitoramento foi identificado que o principal período de postura dos ovos é de fevereiro a julho, quando as fêmeas buscam as praias à noite. Já o nascimento dos filhotes acontece de abril até meados de outubro, também durante a noite e ao amanhecer, quando saem dos ninhos em direção ao mar.

Os meses e horários indicados são fundamentais para a reprodução e conservação de tartarugas marinhas nas praias de Salinópolis. Por esta razão, o Ideflor-Bio considera indispensável que o fluxo de pessoas e veículos na região seja controlado ou interrompido para evitar pisoteio de ninhos, interrupção da desova, fotopoluição e atropelamentos de filhotes e tartarugas adultas. 

Outro problema grave constatado pelos pesquisadores que monitoram os quelônios é a proximidade com veículos automotores portando potentes caixas de som. Esses equipamentos produzem altas ondas sonoras que perturbam os animais, e ainda transferem ao solo intensa trepidação, que atinge as áreas dos ninhos. Dessa forma, provocam a morte dos filhotes ainda nas fases embrionárias.

Cooperação - É uma ação estratégica e coletiva, realizada em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Polícia Militar do Pará, Corpo de Bombeiros Militar, Ministério Público do Estado do Pará e Prefeitura de Salinópolis, por meio das secretarias municipais de Meio Ambiente e Turismo.

Fora da esfera governamental há o apoio do Conselho Gestor do MoNa Atalaia (voluntários) e do Projeto Suruanã, responsável pelo cuidado dos ninhos de tartarugas.