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'RESPIRANDO A LIBERDADE'

Custodiados da Seap concluem etapa de curso presencial de Yoga

Inédito no Brasil, o curso alcançou mais de 450 internos em nove unidades prisionais do Pará

Por Governo do Pará (SECOM)
17/03/2023 18h20

A Yoga traz harmonia, serenidade e leveza ao ambiente penitenciário A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) na quinta-feira (16), no Presídio Estadual Metropolitano III (PEM III), em Marituba (Região Metropolitana de Belém), o curso presencial “A prática do silêncio”, dentro do Projeto “Respirando a Liberdade”, ministrado por instrutores da organização internacional Arte de Viver. Nos quatro dias de prática, divididos em nove unidades prisionais,  mais de 450 pessoas acompanharam o curso. Inédito no País, o projeto de aulas de Yoga é realizado via internet. 

Desenvolvido pela "Arte de Viver", o curso é baseado no redirecionamento consciente e na retirada da energia e atenção das distrações externas, e tem sido usada em diferentes contextos culturais como ferramenta de rejuvenescimento físico, mental e espiritual. A prática da Yoga e demais processos do curso, como a respiração para aliviar ansiedade, o que leva a uma sensação de paz e energia renovada.

Já participam do Projeto o Centro de Recuperação Regional de Itaituba (CRRI), Centro de Recuperação Regional de Cametá (CRRCAM), Presídio Estadual Metropolitano II (PEM II), Presídio Estadual Metropolitano III (PEM III), Centro de Reeducação Feminino (CRF), Cadeia de Jovens e Adultos (CPJA), Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), Central de Triagem da Marambaia (CTMAB) e Central de Triagem Metropolitana II (CTM II).

O Projeto "Respirando a Liberdade", que oferece aulas e prática da Yoga via internet para os custodiados, é pioneiro no Brasil, afirmou a empresária e voluntária da organização Arte de Viver, Andrea Sandoval. As atividades começaram durante a pandemia de Covid-19, mas só o Pará aderiu à iniciativa. O curso Prática do Silêncio, ministrado nos últimos quatro dias, é um módulo avançado, diferente do curso introdutório para iniciantes, e é o segundo realizado no País.Os participantes receberam certificados

“O projeto desenvolvido no Pará tem servido de âncora para nós entrarmos em outras instituições. Tudo o que queremos é mostrar que existem seres humanos por trás de cada um deles. Quando eles enxergam isso existe uma mudança definitiva. Não significa que 100% serão reinseridos na sociedade de forma adequada, mas acreditamos que uma mudança muito grande acontece dentro deles”, ressaltou Andrea Sandoval.

Giselle Aparecida Pinho, empresária e instrutora de meditação de Yoga pela organização, atualmente está na coordenação do projeto no Brasil. Atuante no projeto desde novembro de 2020, ela contou que as aulas estão disponíveis para os custodiados que participam do projeto. “Temos horários todos os dias de domingo a domingo na modalidades on-line, para atender às unidades do Estado. A unidade de PEM III foi escolhida pelo tempo no projeto e pela consistência nas práticas”, informou a instrutora.

Mudança - Em um ambiente rígido e muitas vezes estressante, como o sistema carcerário, ver um grupo de custodiados rindo, se abraçando, demonstrando alegria, atesta a importância da prática da Yoga nas unidades penais. No último dia do curso presencial, ministrado por Ismael Mastrini, instrutor da "Arte de Viver", eram visíveis as mudanças no comportamento dos 15 internos que participaram do evento.

O advogado argentino Ismael Mastrini tem formação em Psicologia Social, Pedagogia e Educação Artística, e também é professor de Expressão Corporal e Teatro. Está na "Arte de Viver" desde 2002, mas só em 2009, quando se tornou instrutor, que passou a dedicar seu tempo a trabalhar em penitenciárias de toda a América Latina. Atualmente, é o coordenador do Projeto "Prisão Inteligente", dedicado ao tratamento e reabilitação de internos e seguranças prisionais, sendo o único capacitado para ministrar o Curso de Silêncio nos países latinos.

“Eu acredito que a Yoga ajuda a mudar a vida de muitas pessoas privadas de liberdade. Eu já ministrei o curso para mais de 10 mil, pois estou encarregado de toda a América Latina. E tenho visto, a partir das práticas, que eles encontram um novo sentido para a vida e uma nova forma de se relacionar entre eles, com a família e, fundamentalmente, com eles mesmos, para se perdoarem e perdoarem os outros”, disse Ismael.

Livros - Quem aprovou o curso foram os 15 internos do PEM III que praticaram a Yoga. Eles receberam certificados de participação ao final do curso e livros doados, de autoria de Sri Sri Ravi Shankar - Celebrando o Silêncio, Sopro de Vida e Sementes do Conhecimento. Os livros doados farão parte do acervo da biblioteca do PEM III, e serão utilizados nas atividades de educação e leitura.

Sid Williams do Carmo de Oliveira, 23 anos, interno do PEM III, participa das aulas de Yoga desde o início do projeto, e disse que isso vem mudando vidas no Brasil e no restante do planeta. Ele agradeceu pela oportunidade e quer que o curso chegue a todas as unidades do Estado.

“A Yoga tem mudado minha vida, e pode mudar a vida de cada um que faz parte desse projeto. Antes, eu era uma pessoa muito ruim, mas com a prática hoje sou uma pessoa feliz. Aprendi o amor; aprendi o que é a paz. Hoje, eu não preciso mais de maldade, ser uma pessoa ruim. Eu preciso do amor, e isso eu aprendi com a prática da Yoga”, garantiu Sid Williams.

Para a diretora do PEM III, Inês Zolima Pantoja dos Reis, o papel da Seap não é apenas custodiar, mas permitir a ressocialização pelo estudo ou trabalho. Ela acrescentou que a Yoga tem trazido benefícios principalmente aos custodiados que sofrem de dependência química. Quando eles fazem Yoga, passam para outro comportamento. Já conseguem dormir e diminuem o uso de medicamentos”, informou a diretora. 

Segundo Inês Pantoja, o “projeto da 'Arte de Viver' é muito bom porque faz uma atividade que concilia o lado emocional com o físico. Fazemos esse apoio para que amenize o nosso trabalho, para que tenhamos um cárcere tranquilo, uma convivência tranquila entre eles. Nossa meta em 2023 é a ressocialização, e os nossos diretores e o secretário têm dado o apoio necessário para isso acontecer”.

Texto: Márcio Sousa - NCS/Seap