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Hospital Ophir Loyola alerta para a doença renal crônica

Por Viviane Nogueira (HOL)
09/03/2023 17h03

Nos últimos anos, houve um avanço no número de casos da doença renal crônica (DRC), segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Atualmente, cerca de 850 milhões de pessoas são diagnosticadas com essa condição no mundo e 2,4 milhões vão a óbito anualmente.  Os dados alarmantes levaram à criação do Dia Mundial do Rim, que ocorre na segunda quinta-feira dos meses de março. Neste ano, a data é lembrada hoje (9), com o tema central “Saúde dos Rins (e exame de creatinina) para todos”.

Os rins são órgãos responsáveis por filtrar as impurezas do sangue para eliminar as toxinas do organismo e quando não funcionam corretamente, a pessoa necessita passar por  tratamento de hemodiálise, diálise peritoneal ou o transplante renal. “A doença renal crônica costuma ser silenciosa. No início, os sinais e sintomas não são tão evidentes e, muitas vezes, são confundidos com outros problemas. Prevenir será sempre o melhor remédio e o diagnóstico assertivo é o melhor caminho para tratar a doença e evitar o agravamento”, afirma Silvia Cruz, chefe da Nefrologia do HOL.

A forma mais eficiente para evitar a doença é a  prática regular de exercícios físicos, bem como evitar o excesso de sal, carne vermelha e gorduras e, controlar o peso corporal. Além disso, segundo Silvia Cruz, “identificar as doenças renais de forma precoce, por meio de exames de sangue e urina feitos de forma rotineira, pode sinalizar alterações importantes da função renal diante da ausência de sintomas associados".

Outros fatores consideráveis para a descoberta da insuficiência renal, são os valores de dosagem da creatinina, uma substância de origem muscular presente na corrente sanguínea e responsável pela produção da energia necessária para a contração muscular. Acreatinina é excretada pela urina.

Silvia Cruz, nefrologista“O exame de creatinina serve para avaliar a função renal, detectar a insuficiência renal em fases precoces e acompanhar o tratamento de doenças renais em caso de confirmação. Quando os rins têm o mecanismo prejudicado e a capacidade de filtrar o sangue é afetada, a concentração de creatinina sérica aumenta. Quanto mais alta a concentração estiver, mais grave será a insuficiência renal, como consequência da diminuição da excreção pela urina, por isso os níveis de creatinina tendem a se elevar”, explicou a nefrologista Silvia Cruz.

As causas para as doenças são diversas, porém as mais comuns são hipertensão arterial, diabetes e glomerulonefrite (uma inflamação crônica dos rins). Caso a doença não seja curada ou controlada, pode haver perda total das funções dos rins. As pessoas que possuem alguma dessas doenças são indicadas para realizar o exame de creatinina.

O tratamento da DRC é feito através de diálise peritoneal, que faz o uso da cavidade abdominal como membrana de troca ou com hemodiálise, um procedimento para filtrar o sangue, cujo objetivo é retirar do sangue substâncias como a uréia, o potássio, o sódio e a água, as quais ,em excesso, trazem prejuízos ao corpo. Também é indicado o transplante renal, mas apenas para pacientes com a doença consolidada.

Hospital é referência no transplante renal

O Hospital Ophir Loyola já  realizou 738 procedimentos desde 21 de agosto de 1999 até março de 2023.  A primeira paciente foi a enfermeira Valdirene Miranda,  hoje com 51 anos. Ela descobriu a doença renal crônica naquele ano ao sentir alguns alguns sintomas, o que a levou a suspeitar de algo grave. “Eu sentia que estava mais inchada, estava engordando de uma forma diferente. Como sou da área da saúde, percebi algo errado comigo. Foi quando decidi procurar um médico para solicitar os exames”, contou Valdirene.

Durante o processo, a enfermeira foi sempre muito positiva em relação ao procedimento. À época, ela tinha 28 anos e acabara de sair da faculdade de enfermagem. Após o diagnóstico de insuficiência renal, Valdirene não perdeu as esperanças de continuar lutando para viver, foi atrás de todos os recursos para receber o tratamento. Foi então que ela soube que os médicos do Hospital Ophir Loyola estavam fazendo especialização para iniciar o transplante de rim, em Belém, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Valdirene realizou o primeiro transplante de rim do Estado do Pará, através do SUS, e teve como doador o irmão mais novo. “O meu irmão é meu melhor amigo, quando vimos que éramos compatíveis não houve dúvidas de realizar o procedimento. Até hoje, lembro da sensação que tive no dia da cirurgia, não me sentia ansiosa e nem com medo, apenas com esperanças que tudo ia dar certo, e deu”, afirma a enfermeira.

Valdirene MirandaAlém disso, a enfermeira ressaltou que leva uma vida regrada até hoje, após 24 anos. “Eu faço exercícios físicos, cuido da minha alimentação, faço consultas a cada três meses com todos os médicos que me acompanham. Já houve intercorrências, mas nada que fosse tão grave a ponto de precisar de outro rim, sou muito disciplinada. Levo uma vida normal, sou concursada, casei e sou mãe. Consegui realizar todos os meus objetivos, continuo forte e me cuidando todos os dias”.

O chefe da Urologia do HOL, Ricardo Tuma, foi quem executou a cirurgia de Valdirene. Ele conta que no momento da cirurgia havia muitas expectativas. Segundo o especialista, era o início de um novo ciclo para a medicina da região Norte, pois o Ophir Loyola entrava naquele momento em um cenário de alta complexidade.

“Até hoje o hospital realiza esses procedimentos, como neurocirurgias e cirurgias oncológicas também. Então o transplante renal entrou na alta complexidade para que houvesse um marco divisório de realização. Todos nós da equipe estávamos ansiosos para que tudo ocorresse bem. Por isso, o HOL continua realizando os transplantes graças a toda a equipe que se empenha e vive em contínua atualização”, frisou Tuma.