Capacitação fomenta o turismo familiar em territórios quilombolas no Pará
Sectet, UFPA e comunidade Igarapé Preto se unem na iniciativa destinada a jovens e adultos da área remanescente de quilombo em Oeiras do Pará
O incentivo ao turismo como estratégia de fomento à economia e à preservação da identidade cultural é o tema principal da retomada das atividades do Projeto “Inovação Territorial para Jovens e Adultos Remanescentes do Quilombo do Igarapé Preto”, no município de Oeiras do Pará, na região do Baixo Tocantins. A iniciativa resulta da parceria entre a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), a Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA) e a comunidade quilombola do Igarapé Preto.
A capacitação começou na segunda-feira (23), com os alunos recebendo conhecimentos sobre “Hospedagem familiar e estratégias de abordagens de produtos turísticos” e “Conduta profissional nas relações humanas”.
O coordenador do projeto, Renato das Neves, informa que o objetivo é promover o desenvolvimento humano e social da comunidade, ao incentivar a utilização de “práticas culturais agroalimentares” da comunidade como um modelo de negócio inovador de base comunitária. A partir da formação das famílias, o projeto estimula a criação de uma rede de empreendedores para escoar a produção agroalimentar da área quilombola e promover o turismo sustentável.
As aulas são ministradas pelos professores Bernardino Silva Júnior e Ágila Rodrigues, do eixo de Turismo Hospitalidade e Lazer do Instituto Federal do Pará (IFPA). Em “Hospedagem familiar e estratégias de abordagens de produtos turísticos” são abordadas noções básicas para a condução dos visitantes no território quilombola, a infraestrutura necessária de recepção ao visitante, arrumação dos quartos, precificação, limpeza dos banheiros e outros serviços oferecidos aos usuários.
Estratégia - “Saber administrar estes cenários e entender a diferença entre os ambientes da hospedagem familiar e da hospedagem convencional são passos estratégicos e profissionais para receber bem o visitante e promover o desenvolvimento da cadeia do turismo sustentável e comunitário no quilombo”, explica Ágila Rodrigues.
Segundo o professor Bernardino Silva Júnior, as estratégias de abordagem de produtos turísticos e conduta profissional em um território quilombola incluem a formação de guias e condutores. O projeto, acrescenta, fortalece o turismo comunitário, previsto no Plano Nacional do Turismo.
“Este profissional, além de informar e conduzir o visitante para os atrativos locais, é o mediador das relações humanas no quilombo e o agente responsável pela valorização da cultura, respeitador da identidade local, preservador do meio ambiente, fortalecedor da geração de emprego e renda e construtor da cidadania no território”, ressalta o professor.
Inclusão e informação - A vice-coordenadora do projeto, Kelly Alvino, ressalta que o processo de formação funciona em três núcleos. O primeiro é “Inclusão produtiva e desenvolvimento local”, que promove a capacitação por meio de cursos ministrados pelas equipes sobre empreendedorismo sustentável e tradicional.
No segundo, “lnfraestrutura e qualidade de vida”, são ministrados os conhecimentos para projetar melhorias na infraestrutura física de moradias do quilombo, a fim de que a comunidade tenha acesso a novos saberes construtivos e preserve suas tradições arquitetônicas e culturais. O terceiro, “Tecnologia e Informação”, desenvolve aplicativos e um site para dar visibilidade às potencialidades culturais, turísticas e ambientais do território.
“Estamos construindo e sistematizando, em conjunto com a comunidade, uma metodologia de trabalho que estimula o intercâmbio de saberes multiculturais e o emponderamento dos moradores, além de promover a geração de emprego”, reforça Kelly Alvino.