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Projeto ressignifica tempo de internação de crianças no Hospital de Clínicas, em Belém

Iniciativa proporciona diferentes atividades em encontros durante tratamento

Por Marcelo Leite (COSANPA)
19/12/2022 15h07

Não importa o tipo de tratamento, para quem precisa estar em um hospital, a passagem do tempo é algo difícil de acompanhar. No Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, um projeto da equipe multiprofissional, que acompanha as crianças em busca da cura de doenças cardíacas, busca dar um novo sentido a esse tempo para que ele não gere ansiedade e preocupação, mas alívio. 

O projeto ganhou o nome de “Tempo Junto” e tem como principal objetivo “ressignificar a passagem das crianças e acompanhantes pelo hospital”, explica a psicóloga Paloma Vanetta a partir da vivência e da escuta dos pacientes. “A gente sabe o quanto é difícil estar em um ambiente como esse, convivendo com as incertezas que envolvem um tratamento como esse”, complementa a profissional. 

Uma das ações mais recentes do projeto foi um convite aos educadores musicais Diego Xavier e Paulinho Maia. Transformando tudo em instrumento para músicas infantis, os dois criaram o “Duoerê” para fazer da música uma forma de conexão com as crianças, estimulando a ludicidade. Para aquelas em tratamento de saúde, a dupla leva a arte para minimizar os efeitos dos períodos de hospitalização e de distância da família, principalmente nos finais de ano.

“Nessa época, temos uma folga nas escolas e conseguimos fazer esse tipo de ação para chegar perto das crianças em tratamento de saúde, que também é nosso público e queremos estar juntos como amigos”, explica Diego. 

Asas da esperança 

Depois de transformarem um tecido azul em cenário e peças do jogo de encaixe em instrumentos, foi a vez de um personagem típico da fauna paraense entrar em cena. Feita em dobras simples de papel, “a garça” chegou nas mãos de pacientes e acompanhantes com diferentes mensagens que pudessem ajudar no tratamento. “Ela é um dos símbolos da nossa cultura regional, está sempre livre, na beira dos rios, no meio das cidades e em músicas, fortalecendo nossa identidade num sentido de continuidade, proteção e esperança”, ressalta Paulinho Maia. 

Regina Pimentel acompanha o neto Pedro, de 9 anos, no Hospital de Clínicas e, no retorno para o leito, escolheu ficar com a garça de papel na expectativa de que o presente pudesse renovar a crença na cura do neto. “Aqui, a gente conta com a esperança de que todos fiquem rápido o quanto antes e esse tipo de ação é gratificante. Nem sempre eu que estou com ele, então esse tempo no hospital é sempre de muita ansiedade pela cirurgia e estarmos em casa com a família”, conta dona Regina.   

Apesar da iniciativa mais recente do projeto Tempo Junto envolver a música, a terapeuta ocupacional Allaynne Farias destaca que, em cada ação realizada, é possível analisar diferentes características de evolução em pacientes e acompanhantes, além de estimular a criação de memórias afetivas construídas junto à família. “É um projeto que nos permite ter outros olhares sobre o comportamento da criança, como a segurança na etapa do tratamento. Lá na frente, quando a criança ouvir a música, ela vai lembrar de algo positivo que foi vivido aqui”, pontua Allaynne.  

Referência 

Além da cardiologia adulto, o Hospital de Clínicas de Clínicas Gaspar Vianna também é referência no atendimento de crianças com doenças no coração. Em 2022, entre os meses de janeiro e novembro, foram 508 internações na Clínica Pediátrica e outras 368 divididas entre unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal. 

O Hospital também registrou mais 5.300 consultas, somando as especialidades de cardiologia infantil, cirurgia cardíaca infantil e pediatria. Entre as cirurgias nesse público, foram 270 realizadas (216 cardíacas e 54 pediátricas), além de 360 cateterismos congênitos.