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No Dia Nacional do Cego, alunos de escola estadual lançam livro de poemas em braille

Por meio do "Arte Faz Parte", a Unidade Educacional Especializada José Álvares de Azevedo incentiva as potencialidades de pessoas com deficiência visual

Por Carol Menezes (SECOM)
13/12/2022 10h14

Após participarem de oficina, alunos da unidade Álvares de Azevedo lançam livro de poemas em brailleReferência em educação para pessoas com deficiência visual, a Unidade Educacional Especializada José Álvares de Azevedo, em Belém, coordenada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), todos os anos promove atividades especiais no dia 13 de dezembro, alusivas ao Dia Nacional do Cego. Em 2022, a direção escolheu como tema "Arte de educar, acessibilidade tecnológica, qualidade de vida e a pessoa com deficiência visual".

O direcionamento foi desenvolvido pelo professor Ronaldo de Carvalho, deficiente visual que atua na escola por meio do Projeto "Arte Faz Parte", criado por professores do Rio de Janeiro (RJ). Dois desses criadores ministraram uma oficina on-line para nove estudantes da “José Álvares de Azevedo”, a fim de estimulá-los a criar poemas sobre o bicentenário da Independência do Brasil. O resultado dessa vivência resultou em um livro, impresso em braille, que será lançado nesta terça-feira (13), no auditório da Seduc.

"O 'Arte Faz Parte' trabalha a questão da diversidade. A escola acatou a ideia na mesma hora em que recebeu a proposta. Fizemos a oficina em oito aulas on-line, eu e mais nove alunos, todos também deficientes visuais. Vejo que o tema do bicentenário da Independência pode ser entendido também como um grito de independência de cada um. Por exemplo: para mim, independência é poder caminhar, estudar, e acho que esse tipo de projeto estimula essa busca por ser independente, pelo crescimento. Muitos relataram durante esse trabalho que às vezes acham que não têm a capacidade de escrever. Quando viram que construíram algo único, que é deles, ficaram em êxtase", contou Ronaldo de Carvalho.

Victória Emily Vale, 18 anos, que concluiu agora o 3º ano do ensino médio na escola, é autora de um dos textos do livro. "Sempre gostei de escrever, mas não tinha muito contato com poema, poesia. Aceitei o convite do professor Ronaldo para a oficina sem expectativas. Quando as atividades foram passadas, achei que não ia conseguir. Mas acabou que eu me diverti muito, e estou feliz porque superei, provei para mim mesma que posso escrever", disse Victória sobre sua conquista.

Currículo funcional - De acordo com a diretora da unidade escolar, Lindalva Carvalho, 264 estudantes são atendidos regularmente matriculados na Seduc e também quem é cadastrado, chegando a quase 300 alunos. O atendimento é feito pelo currículo funcional, que prevê reabilitação educacional em conjunto com o ensino regular para trabalhar conteúdos em braile, recursos de informática, material em alto relevo e adaptação para baixa visão.

"Elegemos esse dia 13 de dezembro para demarcar a importância de se falar das potencialidades das pessoas com deficiência visual, das oportunidades que precisam ser criadas dentro das necessidades reais desses alunos. Eles podem desenvolver a vida normal desde que sejam trabalhados para ter independência na rotina", destacou a gestora escolar.

Sobre o tema deste ano, ela explicou que está relacionado às dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19, como a dificuldade de lidar com o ensino remoto em meio à realidade de muitos alunos que não têm acesso à internet em casa, ou dispõem de um serviço precário.

"Ensino híbrido é desafio também para nós. A gente sentiu necessidade de formação, e é possível, sim, avançar em termos de conhecimento com nossos alunos desde que a gente invista nisso. A Seduc vislumbra esse caminho e abraçou nossa ideia, trazendo professores do Rio de Janeiro", acrescentou Lindalva Carvalho.