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Oficina de empreendedorismo e inovação prioriza a sociobioeconomia

O evento promovido pelas Semas, ONG The Nature Conservancy e consultoria Via Floresta apresentou soluções principalmente para jovens e mulheres indígenas, quilombolas e extrativistas

Por Aline Saavedra (SECOM)
07/12/2022 21h24

Projetos voltados à sociobiodiversidade na Amazônia foram apresentados pela Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu), pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e pelo Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (Cita) durante a Oficina de Empreendedorismo e Inovação em Cadeias da Sociobioeconomia (Inova SocioBio). O evento, promovido em parceria pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), ONG The Nature Conservancy (TNC) e consultoria ambiental Via Floresta, foi realizado na terça e quarta-feira (06 e 07), no Hotel Beira-Rio, em Belém.

A iniciativa Inova SocioBio foi lançada no início de 2022 pela Semas, com apoio da TNC, e objetiva fomentar o empreendedorismo e a inovação em cadeias da sociobioeconomia de povos e comunidades tradicionais, beneficiando principalmente jovens e mulheres de comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas.

O Plano de Bioeconomia (PlanBio) do Estado do Pará e o InovaBio integram o mesmo projeto que apoia a estruturação da Agenda de Bioeconomia no Pará - Projeto “Preparando um território sustentável carbono neutro”, que promove uma continuidade de ações desenvolvidas pelo Estado desde 2019. O Inova SocioBio está diretamente relacionado ao PlanBio, e tem como objetivo apoiar na identificação e superação de mecanismos financeiros, para que os recursos cheguem de maneira mais acessível às comunidades. No Inova foram selecionadas por meio de edital três propostas para implantação de seis pontos de inovação e empreendedorismo social no Pará.

Segundo Camille Bemerguy, diretora de Bioeconomia da Semas, há um forte compromisso do Estado em promover o desenvolvimento socioeconômico e sustentável dos povos indígenas, quilombolas e comunidades locais. “É importante pensarmos em soluções para a economia de baixo carbono, apoiando o empreendedorismo jovem e a inovação nas cadeias de produção da sociobiodiversidade, que ajudam a manter a floresta em pé e o equilíbrio climático”, informou.

Teresa Moreira, especialista da TNCTurismo - Especialista em Governança Ambiental da TNC, Teresa Moreira informou que esses seis pontos de inovação vão atingir mais de 400 pessoas, enquanto a oficina vai promover a partilha das iniciativas entre si, com troca de experiências. Iniciativas com ênfase no turismo de base comunitária, no aprimoramento do processo de produção local (como da farinha de mandioca e do piracuí - farinha de peixe) e no resgate e aprimoramento do artesanato local, como alternativa de renda para jovens e mulheres em territórios que têm sido pressionados por outros modelos de ocupação e gestão, principalmente a atividade agropecuária.

“É importante mobilizar a juventude para que não deixe esses territórios, e encontre alternativas viáveis, de soluções econômicas, que possam ser implantadas de forma harmônica nos locais onde vivem. A gente acredita muito que o Inova possa trazer ao final da sua implantação orientações para as políticas públicas, e sobre como promover e direcionar recursos e financiamentos para as iniciativas das próprias comunidades, e estimular e promover o próprio desejo da juventude, das mulheres nesses territórios, para empreender, inovar, entender seu território e buscar soluções a partir dele mesmo, e não fora, não abandonando os territórios ou trazendo alternativas que não são compatíveis com o próprio modelo social em que estão inseridos”, enfatizou Teresa Moreira.

Valéria Carneiro, coordenadora executiva da MalunguJovens e mulheres - Valéria Carneiro, coordenadora executiva da Malungu, ressaltou que a importância da oficina é fazer entender os processos da organização do projeto de empreendedorismo da população quilombola, principalmente a juventude e as mulheres. “No projeto, vamos trabalhar na valorização do turismo comunitário, que vem sendo explorado por outros interesses. Eu entendo que podemos enfatizar o fortalecimento da agricultura familiar, que a gente vem perdendo esse espaço no mercado para o agronegócio. Vamos atuar em no município de Salvaterra, na comunidade do Pau Furado, na Ilha do Marajó, e em Moju e Abaetetuba, na comunidade África. A gente viu nessa chamada a importância de se trabalhar essa valorização, que a gente chama de fortalecimento da cultura e agricultura da população quilombola”, disse Valéria Carneiro.

Abimael Munduruku, coordenador e elaborador da proposta “Indígena empreendedor, valorizando a cultura da Aldeia Munduruku-Takuara”, explicou que essa proposta foi submetida à InovaBio por meio do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns, representante na região de abrangência do Baixo Tapajós de 13 povos, distribuídos pelos municípios de Aveiro, Belterra e Santarém, no Oeste do Pará. A Terra Indígena Munduruku-Takuara fica em Belterra. Em decorrência do edital lançado pela Semas e TNC foi elaborado um projeto voltado ao contexto do artesão, com objetivos econômico e de fortalecimento cultural.

“A gente sentou com o cacique Sebastião Munduruku e passamos a escrever a proposta, que tem como objetivo a criação de quatro malocas dentro da Terra Indígena, que vão funcionar como escola, salas de formação voltadas para quatro cursos. O objetivo é qualificar 170 indígenas nos cursos de artesanato rústico, apresentado pelos próprios indígenas e voltados especificamente para as mulheres, e de ambientalista indígena. No artesanato teremos a biojoia, confecção de bancos e mesas rústicas, artesanato com miçangas e o fortalecimento da eco construção de malocas à base de material orgânico, menos os pregos, parafusos e fiação, que servirão para espaço de exposição, como uma loja, e outra como base para receber pessoas de fora que queiram vivenciar as atividades no local, onde possam pernoitar”, informou Abimael Munduruku.