Ideflor-Bio realiza curso de coleta e processamento de amostras botânicas
Capacitação acontece nas dependências da Unidade de Manejo Florestal do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns, no município de Juruti
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio), por meio da diretoria de Gestão de Florestas Públicas (DGFLOP), promove entre os dias 6 e 10 de dezembro, o “1º Curso de Coleta, processamento e identificação de amostras botânicas”, para colaboradores das empresas concessionárias que atuam em florestas públicas estaduais no conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns e Floresta Estadual do Paru (Flota Paru).
A capacitação acontece nas dependências da Unidade de Manejo Florestal (UMF-III) do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns, no município de Juruti, Baixo Amazonas.
Participam da formação 20 colaboradores das empresas concessionárias, além de técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Unidade Especial Avançada de Itaituba. O curso é ministrado pela engenheira Florestal, doutora em botânica e diretora da (DGFLOP-IDEFLOR-Bio), Gracialda Ferreira.
Com carga horária de 40 horas, as atividades do curso foram divididas em aulas teóricas, práticas e metodologias.
Atividades Teóricas - realização de aulas expositivas, com abordagens sobre o repasse de protocolos que descrevem o passo a passo para a realização das coletas botânicas e das atividades aplicadas no processamento (prensagem, armazenamento e tratamento) das amostras e informações coletadas até o envio das mesmas para procedimentos de identificação botânica.
Atividades Práticas: ocorrem em área de floresta, para demonstrar e praticar as etapas de coleta e processamento das amostras e o reconhecimento das estruturas morfológicas e exercícios para identificação de espécies.
Metodologias-ministrada com objetivo de proceder o reconhecimento de estruturas morfológicas das plantas e associar com grupos taxonômicos específicos (famílias, gêneros e espécies).
A formação corresponde às atividades do Centro de Treinamento em Manejo Florestal, que encontra-se em fase de implantação. Trata- se de floresta pública estadual reservada, por meio do Decreto nº 105 de 20 de junho de 2011, com uma área de aproximadamente 34 mil hectares, localizada na porção sul da gleba Curumucuri, no município de Juruti, compondo parte do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns, onde está cercada de projetos de assentamento estaduais e federais, além de UMF sob contratos de concessão florestal estadual.
Como parte da gestão das florestas públicas para produção florestal deu-se início às ações de capacitação de profissionais que atuam no manejo florestal na região onde estão localizadas as áreas de florestas públicas sob concessão florestal.
O Centro de Treinamento tem o objetivo de promover a política estadual florestal, o desenvolvimento tecnológico, o fomento técnico e financeiro às atividades florestais de forma sustentável, por meio de práticas de manejo que preservem o meio ambiente e garantam o acesso aos recursos florestais às futuras gerações, com impacto ambiental reduzido.
Segundo a diretora de Gestão das Florestas Públicas (DGFLOP-IDEFLOR-Bio), Gracialda Ferreira, a capacitação é uma demanda das empresas concessionárias que vem atuando com manejo florestal há 11 anos na região. A identificação botânica tem sido um problema recorrente nos planos de manejo e planos operacionais. O inventário florestal é a base de informações das florestas para o manejo e produção florestal.
“As árvores devem ser identificadas para determinar o potencial produtivo, o estoque de matéria-prima e para definir as ações que envolvem a sustentabilidade da produção de cada floresta”, destacou a diretora
Gracialda Ferreira , destaca ainda, que desde o início da colheita florestal na Amazônia, não existe um procedimento que permita realizar a identificação das árvores de forma segura. O procedimento usual é associar nomes vulgares às árvores e, em seguida, no escritório associar a estes nomes vulgares nomes científicos, visto que no processo de licenciamento ambiental é exigido por legislação que as plantas estejam identificadas pelos seus nomes científicos.
“Este procedimento vem gerando erros recorrentes de identificação, que vem comprometendo a sustentabilidade do manejo florestal. Um conjunto de árvores que recebem um mesmo nome vulgar e, consequentemente associado a um mesmo nome científico, pode reunir um conjunto de espécies, visto que a associação do nome vulgar não considera o conjunto de características morfológicas da espécie”, disse Gracialda Ferreira
Exemplificando: um identificador ao nomear diversas árvores que ele chama de “angelim-pedra” associa o nome pela presença de porte da árvore, às vezes pela observação de sapopemas na base e desprendimento da casca. No entanto, essas características utilizadas são comuns em pelo menos seis espécies de Hymenolobium, em Dinizia, em Enterolobium e em Parkia, todos gêneros de Fabaceae que reúnem várias espécies.
Se o mesmo identificador acrescentar outras características como disposição das folhas nos ramos, número, tamanho e forma de folíolos nas folhas, presença ou não de indumento (pelos) e outras características reprodutivas (flor e/ou fruto) o número de espécies aumentaria, pois como as características aplicadas no ato de nomear as árvores são compartilhadas por diferentes espécies ele acaba por agrupar espécies diferentes sob um mesmo nome vulgar.
O agrupamento pode comprometer a sustentabilidade do manejo, visto que espécie raras (representadas por 1 a 3 árvores a cada 100 hectares) são incluídas com espécies comuns e não é possível detectar esses erros ao longo de todo o processo do manejo, a não ser quando a floresta começa a diminuir ou perder a sua diversidade.
A presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, explica que o curso ofertado objetiva sensibilizar identificadores e outros profissionais que atuam no manejo florestal de forma que, os erros de identificação das espécies sejam minimizados ou mesmo eliminados, visto que o princípio do manejo florestal é garantir a sustentabilidade da floresta, o que significa manter a diversidade de espécies, o potencial produtivo da floresta e o equilíbrio ambiental.