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SAÚDE PÚBLICA

Abelardo Santos amplia acolhimento às mães e famílias que passam por luto gestacional

Programação na segunda maior maternidade pública do Pará qualifica profissionais para humanizar o atendimento às mulheres que perdem seus bebês

Por Governo do Pará (SECOM)
26/10/2022 23h34

Toda perda gestacional, independentemente do tempo de gravidez e do motivo, é cercada de vivências e sentimentos diferentes para cada pessoa que passa por esse momento. Em Belém, para capacitar e humanizar os profissionais de saúde sobre o tema, nesta quarta-feira (26) o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), no distrito de Icoaraci, promoveu para os profissionais que atuam na assistência palestras e roda de conversa, a fim de ampliar o debate e estimular o acolhimento adequado às mães e famílias que passam por essa dolorosa experiência.   

Dados das organizações das Nações Unidas (ONU) e Mundial de Saúde (OMS) apontam que, a cada 16 segundos, um bebê nasce morto no planeta, e 40% dos casos ocorrem durante o trabalho de parto. Mesmo com os índices alarmantes, o luto de uma perda gestacional ainda é incompreendido.

“O tema é pouco falado diante da sua amplitude. Dentre os desafios da perda gestacional, certamente o maior é a interrupção de um sonho. Quando a gente fala de gestação, fala do que entende como curso natural da vida: o nascimento, o crescimento e o desenvolvimento, e não o processo inverso. Muitas mulheres ainda carregam consigo a culpa e vários questionamentos”, detalhou Thalita Beltrão, coordenadora do complexo obstétrico do HRAS.

A enfermeira explicou que o acolhimento e a escuta devem ser qualificados, tendo a participação da equipe multiprofissional, incluindo psicólogos, enfermeiros e médicos. “O profissional precisa compreender a dor existente no processo da perda, tanto a gestacional, quanto a neonatal. É uma vida que não será vivida. A perda de um filho que não foi conhecido ou que teve um breve momento com ele; um ser amado de forma incalculável”, ressaltou.Hospital Abelardo Santos incentiva o diálogo sobre um tema ainda considerado tabu pela sociedade

Experiências - Em junho de 2022 foi instituída, pela Câmara Municipal de Belém (CMB), a Semana Municipal da Sensibilização e Conscientização sobre a Perda Gestacional, Neonatal e Infantil. Segundo o Projeto de Lei nº 2.256, denominado “Lei Theo Araújo Carvalho”, o dia 15 de Outubro foi escolhido para intensificar esse diálogo. A Lei resulta da luta da jornalista Flávia Araújo, que passou por uma perda gestacional e atua para ampliar o debate sobre o tema.

“Como mãe enlutada é importante ver a preocupação do Hospital quanto ao acolhimento dessas mães e famílias que perdem os seus bebês. Eu não tive esse acolhimento ideal, mas ver a iniciativa do Hospital, ver os profissionais envolvidos com a causa, contribui com o meu processo de luto. O luto é um tabu, e as pessoas não querem falar sobre isso. Mas faz parte de um processo da vida: temos a certeza que vamos nascer e vamos morrer, e precisamos estar preparados”, disse Flávia Araújo, mãe de Theo Araújo Carvalho.

A jornalista também ressaltou a importância do respeito e do acolhimento às mães que perderam os filhos. “É um momento de encontro e de despedida. Vão ficar as lembranças, após o falecimento do bebê. Eu não tive um acolhimento adequado, e sinto um vazio grande pelo que não me foi proporcionado naquele momento. Então, é uma bandeira que precisamos levantar. Todos os dias milhares de mães estão se despedindo dos seus filhos, por isso é importante que os profissionais da saúde estejam envolvidos neste processo”, acrescentou.

Conhecimento - A enfermeira plantonista Adriana Tomaz, participante do evento, disse que a palestra foi importante para ampliar conhecimento. "Por ser uma situação que todos nós, profissionais, podemos passar, essas informações são de suma importância para nossa rotina", afirmou.

O aprendizado também se estendeu à Letícia Baía de Lima, técnica em Enfermagem. “Como aqui é o meu primeiro emprego, essa ação fortaleceu o conhecimento com os cuidados aos pacientes que passam por essas situações de perdas, principalmente as gestacionais", observou.

Maternidade - O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos é a segunda maior maternidade pública do Pará. A unidade prioriza os partos naturais. No entanto, caso haja indicação médica, as parturientes passam por cesáreas. “Temos cerca de 300 partos por mês. Um volume substancial. Em setembro deste ano chegamos à marca de 12 mil partos em três anos, entre normais e cesarianas. A unidade prioriza um atendimento humanizado e alto padrão no acolhimento dos seus usuários. A abordagem de temas como o luto gestacional é de extrema importância dentro da unidade, elevando a capacitação profissional de nossa equipe”, destacou Marcos Silveira, diretor Executivo do “Abelardo Santos”.  

O HRAS conta com métodos não farmacológicos para alívio da dor, como banho com água morna, exercícios em bola suíça, barra de ling e musicoterapia, quando é possível usar a dança como ferramenta de relaxamento. O objetivo é uma assistência humanizada, de qualidade, tendo a mulher como protagonista desse momento. Ainda no acolhimento obstétrico há um trabalho terapêutico antes, durante e depois do parto, e a presença de doulas – mulheres que dão apoio físico e emocional às parturientes.

Serviço: Além das salas de pré-parto, parto e pós-parto, o Centro Obstétrico do HRAS tem duas salas de cirurgia. Além das cesáreas, são realizados procedimentos como laparotomia exploratória, curetagem e revisão de colo. O “Abelardo Santos” é um hospital da rede pública estadual de saúde, administrado pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Texto: Roberta Paraense – Ascom/HRAS