Sespa alerta para cuidados gerais à saúde integral das crianças
Especialista chama a atenção para a importância do brincar como estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor
No Dia das Crianças, 12 de outubro, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) orienta como melhorar a qualidade de vida dos pequenos e alerta para a importância do cuidado integral da saúde infantil a partir de três linhas de ação: vacinação, amamentação e nutrição.
Desde a gestação da mãe é necessário que se iniciem as ações de promoção e proteção à saúde da criança e essas precisam continuar mesmo após os 9 anos de idade, quando começa a adolescência.
No Sistema Único de Saúde (SUS) é feito o acompanhamento periódico das crianças nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), ou seja, os pais devem levar as crianças para que o profissional possa avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor, o crescimento em peso e estatura, a nutrição, o calendário vacinal e outros achados que podem surgir com a evolução da criança. Caso necessário, pode haver o encaminhamento aos ambulatórios especializados.
Amamentação
O aleitamento materno e sua exclusividade até os seis meses é uma das principais recomendações. Segundo a médica e coordenadora estadual de Saúde da Criança da Sespa, Ana Cristina Guzzo, o leite materno é considerado o alimento mais completo para o bebê. Nele, estão contidos todos os nutrientes necessários para o melhor desenvolvimento da criança, diminuindo a ocorrência de diarreias e infecções, causas importantes de morte das crianças menores de cinco anos, ao mesmo tempo em que traz inúmeros benefícios à saúde da mulher.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde é que os bebês recebam exclusivamente leite da mãe durante os primeiros seis meses de vida. Estima-se que o aleitamento materno seja capaz de diminuir em até 13% as mortes de crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis. Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças nessa faixa etária.
A respeito dos cuidados com a saúde infantil, Ana Guzzo também destaca ser inadequada a oferta de alimentos industrializados. “No intuito de agradar, os adultos oferecem alimentos como bolachas, achocolatados, iogurtes, etc. Estes têm uma dose de açúcar muito alta e não têm nada de nutritivos. As crianças podem desenvolver obesidade e se torna difícil habituá-las a uma alimentação mais adequada”, orienta.
Outra recomendação para o desenvolvimento pleno das crianças é o ato de brincar, que estimula o desenvolvimento neuropsicomotor. “No brincar ela aprende a planejar, compartilhar e tomar decisões e isso vai moldando o cérebro para as atitudes positivas”, alerta a médica.
Vacinas
Logo após o nascimento, ainda na maternidade, o bebê já deve receber duas vacinas: a vacina contra a hepatite B e a vacina contra a tuberculose (BCG). Essas e as demais vacinas estão demonstradas no Calendário Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, que consta na Caderneta da Criança.
O retorno do sarampo e o risco da poliomielite – erradicadas no passado e voltando a preocupar devido à baixa adesão às vacinas, registrada nos últimos anos - são motivos mais do que suficientes para que as crianças sejam imunizadas. Nesse sentido, Ana Guzzo reforça:
“As vacinas salvam vidas e as pessoas possuem uma falsa sensação de segurança de que não precisam mais vacinar contra a poliomielite, já que não viveram o tempo em que o país registrava mais casos, isso há mais de 40 anos. Porém, há risco real do vírus voltar e não podemos deixar isso acontecer com as crianças”, acrescenta.
Além dessas doenças, as crianças devem ser vacinadas pelo SUS com as seguintes doses: vacina pentavalente acelular (contra difteria, tétano, coqueluche, meningite e hepatite B); vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10) – para o combate às pneumonias, mas também meningites, otites e sinusites; vacina oral atenuada pentavalente (VRH5), para prevenir o rotavírus; vacina adsorvida meningocócica C (conjugada), que protege contra a meningite do tipo C; vacina contra a febre amarela; vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (DTP), contra difteria, tétano e coqueluche; a vacina tríplice viral (SCR), que previne sarampo, caxumba e rubéola; vacina contra hepatite A e outra contra a catapora. Entre 9 e 14 anos os meninos e meninas tomam a vacina contra o HPV e aos 11/12 anos tomam a vacina Meningo ACWY, contra a meningite.
A coordenadora de Saúde da Criança da Sespa chama também atenção para a manutenção das consultas de rotina preconizadas e agendadas pela Unidade Básica, que são essenciais para a promoção dos cuidados e encaminhamentos mais precisos, quando necessários, aos serviços especializados e de pronto atendimento.
“Grande parte dos adoecimentos que ocorrem na fase infantil são de origem viral e podem ser resolvidos em casa mesmo, com procedimentos mais simples. Mas a família e cuidadores precisa conhecer os sinais de gravidade para que busquem o serviço de saúde e evitem as complicações. A Caderneta da Criança possui uma gama de informações que ajudam a identificar esses sinais e qualificar o olhar sobre cada caso”, alerta.
O uso indiscriminado de medicamentos é outro fator de alto risco à saúde das crianças. “O uso incorreto dos antibióticos, por exemplo, pode tornar as bactérias resistentes aos mesmos, e quando a criança tiver uma nova infecção bacteriana a medicação pode não ter o efeito desejado”, alerta.