Auto do Círio volta a encher de arte, emoção e devoção as ruas do centro histórico de Belém
“Agradecer, bendizer e celebrar” foi o tema escolhido para celebrar o reencontro dos artistas com o público na Festividade de Nazaré
O reencontro dos artistas com o público iluminou a noite no centro histórico de uma Belém devota, artística e de múltiplas emoçõesO centro histórico de Belém se encheu de cor, brilho, arte e muita emoção na noite desta sexta-feira (07) com o retorno presencial do Auto do Círio, após dois anos sendo realizado de forma virtual. A 28ª edição do espetáculo-cortejo teve como tema “Agradecer, bendizer e celebrar”, escolhido com o objetivo de comemorar o reencontro com o público, marcado pela exaltação dos artistas paraenses.
Com novo percurso desde 2019, a encenação teve início na Praça da Fonte do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, seguindo para a exortação na Igreja da Sé, a coroação no Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP) e culminando na Praça Felipe Patroni, com a ascensão. A tradicional manifestação popular ocorre sempre na sexta-feira que antecede as duas principais romarias: Trasladação, no sábado à noite, e o Círio, na manhã de domingo.
“O Auto do Círio é uma das manifestações artísticas mais simbólicas da festa nazarena. É um cortejo de alegria, em que os integrantes se expressam por meio das artes cênicas, da música e da dança, e fazem referência à cultura paraense e à devoção a Nossa Senhora. A Secult (Secretaria de Estado de Cultura) tem vários equipamentos nesse corredor, como a Casa das Onze Janelas, local de concentração deste ano, e nós apreciamos e apoiamos esse tipo de manifestação cultural”, disse o titular da Secult, Bruno Chagas.Arte e fé se juntam para reverenciar a Senhora de Nazaré
Para o ator Marton Maués, professor da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), este ano o Auto do Círio é ainda mais especial. Ele participa do cortejo há quase 30 anos, e define esse retorno como imprescindível para a cultura paraense. "Eu estou muito feliz e emocionado de podermos voltar. Hoje eu trouxe um grupo de palhaços, meus alunos, para vivenciar esse sentimento. A palhaçaria é a minha matéria principal. Então, para mim, estar aqui hoje é incrível, porque o artista faz a cena para o público. E ter esse retorno do público hoje é uma coisa que a gente não tem como medir", ressaltou.O ator e professor Marton Maués levou a magia da palhaçaria para o Auto do Círio
A aposentada Luzia Cardoso, que participa do Auto do Círio há mais de 20 anos, vê o grupo como a representação de uma grande família, que se renova a cada ano. "Quando chega o dia do ensaio é como se a gente estivesse o ano inteiro juntos. Ficar dois anos parados foi muito difícil, porque amamos vir para a rua brincar, mostrar para o povo que vem para Belém um pouco do que é a cultura paraense. Mas graças a Deus agora nós estamos superando e, com certeza, hoje vamos brilhar", afirmou.
Gratidão - O coordenador do evento, Tarik Coelho, disse que fazer o Auto do Círio, depois de dois anos de pandemia feito em formato virtual, é um momento de muita expectativa. "Nós, artistas paraenses, estamos muito felizes em realizar a nossa homenagem presencialmente para Nossa Senhora. É a oportunidade de agradecermos e celebrarmos esses anos todos que passamos separados, conectados apenas pela internet. É o momento de celebrarmos juntos a grande vida que estamos tendo com Nossa Senhora e agradecê-la imensamente pelo poder da vida que Ela nos dá”, destacou o coordenador.
Durante a coroação, o cortejo acompanhou as cantoras Mariza Black, Joelma Klaudia e Giselle Griz, e ainda o Coletivo Omó Babá Orum e Mametu Kátia Hadad, em uma apresentação cheia de luz e ritmo. Na sequência, a manifestação cultural seguiu para o encerramento na Praça Felipe Patroni, ao som de músicas carnavalescas e muita animação.