Festa junina integra usuários e profissionais no Caps Renascer
Enquanto na maioria dos lugares festa junina é sinônimo de quadrilha, brincadeiras e comidas típicas, no Centro de Atenção Psicossocial Renascer (Caps) o evento, realizado na tarde desta terça-feira (26), significa, principalmente, reinserção social e integração entre usuários, familiares e profissionais do serviço, que integra a Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS) no Pará.
A programação contou com a apresentação do Auto da Lua Crescente, montado pela Fundação Curro Velho; da Associação Grupo de Cultura Regional Iaçá de Luta e participação especial do personagem Epaminondas Gustavo, criado pelo juiz Cláudio Rendeiro, parceiros do evento. Além da programação cultural, os participantes aproveitaram o cardápio típico da época e as brincadeiras.
O psicólogo Jair Andrade, do Caps Renascer, disse que esse tipo de atividade é importante porque promove a socialização dos pacientes. “Muitos usuários, quando iniciam o tratamento, vêm de um processo de crise, de um sofrimento psíquico. Muitas vezes estão em isolamento, evitando o contato com outras pessoas. Então, a partir do início do tratamento, com essas práticas que a gente utiliza de grupo, com atividades até festivas, eles começam a retornar, a exercitar o seu convívio com o meio social”, detalhou Jair Andrade.
Tratamento - O estudante Wellington Cardoso, 39 anos, um dos usuários do Caps Renascer, abandonou o tratamento várias vezes, mas retornou e disse que o Caps o ajudou a ter noção dos seus erros enquanto usuário e portador de transtorno mental. “Eu não estava dando o valor merecido ao tratamento. O Caps é muito bom dentro do SUS, porque ele nos promove por meio das oficinas, da medicação. É um reingresso à sociedade, pois numa crise você tem uma distorção total da realidade, e o trabalho do Caps te chama de volta para essa realidade. Ter uma vida normal é possível com o tratamento”, garantiu.
Segundo Wellington Cardoso, “os profissionais passam uma confiança, que a gente se atreve a chamá-los de amigos, também. Então, a gente se confraterniza, e ter uma atividade cultural como essa na época de junho é muito bom. Isso faz com que a confiança se fortaleça e a gente possa ir além, ou seja, voltar a estudar, sair com os amigos da rua e fazer muitas outras atividades”. Ele já informou que vai novamente tentar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), depois de ter perdido a vaga no ensino superior por causa do transtorno mental.
Para a enfermeira Dulce Magalhães, com mais de 20 anos de experiência e há três no Caps Renascer, “o evento proporciona alegria e bem-estar aos usuários, e faz com que se sintam em casa e úteis na sociedade”.
Segundo o diretor do Caps Renascer, Luciano Pereira, as parcerias são importantes porque os recursos são escassos. “Então, essa programação faz parte do Projeto Terapêutico Singular (PTS) dos usuários. É uma forma de interagir os usuários com familiares, com a comunidade e os profissionais, que resulta, obviamente, em momento de lazer e descontração”, frisou Luciano Pereira, acrescentando que essa foi a principal atividade dessa natureza realizada em 2018.
O Caps Renascer é o campo de ação do Projeto de Qualificação das Práticas de Cuidado a partir das Portas de Entrada do SUS (Projeto AcolheSUS), que tem a finalidade de qualificar o acesso e as práticas de cuidado por meio da implantação e implementação da Diretriz Acolhimento da Política Nacional de Humanização (PNH) nos serviços de saúde. O Plano de Ação já foi concluído, e está sendo colocado em prática na instituição, com resultados positivos.