Adepará capacita engenheiros agrônomos para proteção de polos cítricos
Estado tem expressiva produção de laranja, limão e tangerina, frutas que estão na pauta de exportação paraense
Para garantir que o Pará esteja protegido de pragas que acometem a produção vegetal com impactos negativos sócios econômicos, a Diretoria de Defesa e Inspeção Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) realizou de 26 a 30 de setembro, em Capitão Poço, no nordeste do Estado, o Curso de Certificação Fitossanitária de Origem - CFO para as Pragas Quarentenárias. Participaram do curso engenheiros agrônomos que atuam em instituições públicas, privadas e, também, profissionais autônomos.
O principal objetivo da capacitação é habilitar os profissionais para realizar a Certificação Fitossanitária de Origem (CFO) de propriedades rurais, e ainda, acompanhar, levantar e controlar problemas de ordem fitossanitária em propriedades que cultivam espécies hospedeiras de pragas, como o Cancro Cítrico, Greening, Mosca-da-carambola, Mosca-das-frutas e Pinta preta dos citros.
Mercado - O Pará está entre os estados que mais exportam citrus no Brasil e a possível entrada dessas pragas atingiria diretamente o mercado, causando a interdição e o bloqueio dessas exportações. O Estado território paraense tem um expressivo parque citrícola distribuído em dois polos, criados pelo decreto estadual nº 1943 DE 21/12/2017.
Os dois polos tem status sanitário de Área Livre do Cancro Cítrico. Um deles está fica no nordeste do Pará, composto pelos municípios de Capitão Poço, Irituia, Ourém, Garrafão do Norte e Nova Esperança do Piriá. O outro, na região oeste, e abrange os municípios de Monte Alegre, Alenquer, Santarém, Prainha, Belterra e Mojuí dos Campos.
Somente no nordeste paraense, há uma área de 7.046, 24 hectares, que produz 35.784, 42 toneladas de cítrus para a exportação para outras unidades da federação, além da exportação de 2.266,08 toneladas para União Europeia.
A introdução da praga cancro cítrico é uma das principais ameaças aos polos citrícolas em função da importância econômica e social da cadeia produtiva para o Estado e dos embargos comerciais que determina. Por isso, o trabalho da defesa agropecuária é necessário com a finalidade de assegurar a sanidade da produção de laranja , limão e tangerina, frutas que estão na pauta de exportação do Pará.
“Nós temos que evitar a entrada dessa doença no Estado. Para isso, nós não podemos comprar frutos e nem materiais propagativos que venham de área com a presença da doença, porque nós somos área endeme. A entrada da praga resulta na perda de status sanitário e o reflexo imediato é o econômico”, explica a engenheira agrônoma Lucionila Pimentel, diretora da Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará.
De acordo com a diretora, além de impactar economicamente e reduzir a produção, a praga gera prejuízos sociais. “Pelo menos 5 mil famílias seriam prejudicadas e toda a região do entorno também porque a citricultura tem uma geração de divisas importante para o Estado, principalmente, os municípios de Capitão Poço e Monte Alegre, que vivem da produção de laranja, limão e tangerina e exportam esses produtos”, alerta.
Promovido pela Adepará com apoio da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Pará e a Universidade Federal do Pará (UFPA), o curso tem carga horária de 40 horas/aulas, e é realizado no campus da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), de Capitão Poço.
À frente do curso, estão professores da UFPA, fiscais estaduais agropecuários da Adepará e auditores fiscais do Ministério da Agricultura (Mapa). Para a engenheira agrônoma, Caroline Gomes, o curso é importante para toda a cadeia do agronegócio.
“Nós, profissionais, temos que ter capacitação para realizar essa certificação. É este treinamento que nos permite fazer esse trabalho com a segurança necessária para garantir a proteção das produções, sobretudo, para nossa área, grande produtora de citrus e com uma área classificada como zona livre de pragas. Um possível impacto de pragas prejudicaria esse mercado e impactaria muitas famílias que dependem dessas produções”.
Além da parte teórica, há a parte prática, na qual os alunos participam de aulas expositivas e práticas de campo. Os interessados devem ter registro regular no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea Pará) e apresentar a carteira do conselho.
Ao final, é emitido certificado para os participantes, condicionada à frequência obrigatória de 100% e aproveitamento mínimo de 75% na avaliação.
“É embasado nessa certificação que o produtor tem a possibilidade de comercializar seus produtos vegetais. Além disso, o curso capacita e atualiza os profissionais, já que a legislação muda constantemente. Assim, também aumentamos o número de agrônomos habilitados em nosso estado o que consequentemente, acaba proporcionando mais segurança fitossanitária para nossa região e, em consequência, fomentando nosso mercado”, disse a coordenadora de Unidade de Certificação da Adepará, Gleicilene Brasil.
Defesa - Para a manutenção do status sanitário de área livre da praga cancro cítrico, que garante o mercado dos frutos acompanhados com a devida documentação fitossanitária (PTV - Permissão de Trânsito Vegetal), a Adepará inspeciona pomares para levantamento de detecção, coleta de material vegetativo, por semestre, e encaminha para análise em laboratório oficial, cadastra Unidade Produtiva, mantém vigilância constante do trânsito de produtos de origem vegetal, atende as emergências fitossanitárias fazendo supressão e erradicação de focos detectados; além de realizar ações de educação fitossanitária para que a comunidade conheça a importância econômica e social dos polos citrícolas, assim como divulga protocolos para evitar a introdução destas pragas.
Outra ação importante que a Adepará vem realizando é o combate ao comércio de forma ambulante e clandestino de mudas de citrus trazidas de Unidades da Federação com a presença das pragas e desprovidas de documentação fitossanitária.
Confira as orientações da Adepará para a proteção dos polos cítricos:
1. Não compre mudas clandestinas, vendidas de forma ambulante e com origem desconhecida;
2. Evite comprar frutas de Unidades da Federação com a presença da Praga, pois uma fruta que venha contaminada com a bactéria poderá infectar e disseminar rapidamente a doença;
3. É Proibido introduzir frutos nos Polos Citrícolas que não sejam de Área Livre da Praga (ALP) Cancro Cítrico;
4. Várias doenças apresentam sintomas e sinais muito parecidos, a exemplo: leprose, verrugose e Cancro;
5- Notificar a Adepará sobre qualquer suspeita da doença.
Cancro cítrico
Doença causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri que ocasiona lesões locais em folhas, frutos e ramos. A Praga Quarentenária impõe restrições no comércio e no trânsito de frutos e materiais propagativos, mudas e borbulhas. A única medida de controle é a inspeção constante e a eliminação de plantas contaminadas e daquelas consideradas suspeitas dentro de um determinado raio.
SERVIÇO
Sede da Adepará - travessa Mariz e Barros, nº 1184, em Belém.
Telefone: (91) 3210.1168.