HC leva pacientes psiquiátricos para passeios em locais públicos de Belém
Iniciativa integra novo projeto da unidade, referência em psiquiatria no Pará, para estímulo social de usuários da unidade
“Resgate do ser”. O nome do novo projeto da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), iniciado nesta semana, expressa o principal objetivo da unidade, que é referência estadual para o tratamento de casos psiquiátricos de alta complexidade.
A iniciativa desenvolvida pelo programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Mental, em parceria com o Grupo de Pesquisas do HC, envolve a realização de atividades extra-hospitalares, como passeios em locais públicos, como parques, praças e outras áreas que possibilitem um contato seguro com a natureza.
“O contato com a natureza outros espaços diferentes do ambiente hospitalar trazem aos pacientes um resgate de valores vividos na infância e adolescência, sentimentos que podem se perder durante a psicose”, explica Mário Antônio Vieira, coordenador do Grupo de Pesquisas do HC e preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde Mental.
Nesta terça-feira (28), o espaço escolhido para visitação foi o Parque Zoobotânico Mangal das Garças, no bairro da Cidade Velha, em Belém. Na área de cerca de 40 mil metros, cerca de 20 pacientes, acompanhados por uma equipe multiprofissional do Hospital e de um guia do parque, passearam por cerca de duas horas entre o viveiro de aves, borboletário, além fontes, mirantes e lagos do parque. Um almoço regional à base de açaí com peixe frito encerrou a visita.
Seminário
Algumas das experiências que antecederam o início do projeto “Resgate do Ser” foram transformadas em conteúdo científico e apresentadas na última segunda-feira (27), durante o primeiro Encontro da Residência Multiprofissional em Saúde Mental do HC, como forma de fomentar a “estudos sobre o tema, a partir de diferentes olhares e valorizar nossos programas de ensino”, complementa Mário Antônio.
A enfermeira Lisandra de Medeiros integra o programa de Residência da Fundação. Para ela, o compartilhamento das vivências e avaliações dos alunos “mostra que o resgate integral do ser passa pela cultura, pela presença da família, pela socialização e possibilidade de mudar paradigmas diante dos diferentes cenários que influenciam o tratamento em saúde mental”, diz Lisandra.
Durante o Encontro, Ilma Pasta, vice-reitora da Universidade Estadual do Pará (Uepa), destacou a importância dos debates sobre saúde mental. “Essa é uma área estratégica no momento atual de pandemia e a Universidade está à disposição para contribuir neste projeto, ampliando a parceria já existente com a Fundação”, frisa a gestora.
Além do Mangal das Garças, espaços como Parque Estadual do Utinga, Bosque Rodrigues Alves, Cine Líbero Luxardo, museus e praias estão na programação de visitações do Projeto, criado também com intuito de fomentar a produção de conteúdos científicos relacionados à saúde mental, como detalha Ricardo Palheta, diretor-presidente do Hospital de Clínicas.
“Nosso hospital tem vocação para o ensino, pesquisa e formação de profissionais, por isso estamos confiantes nos bons resultados que esse projeto pode trazer. A vivência de outras experiências, com o acompanhamento adequado é uma forma de olhar e cuidar do paciente além da medicação”, pontua Ricardo Palheta.
