Em trabalho inédito, HRAS desenvolve órteses de neoprene para recém-nascidos
Abelardo Santos é a primeira maternidade do Pará a oferecer tratamento inovador
Com a finalidade de evitar sequelas como o encurtamento, rigidez e a disfunção nos membros dos recém-nascidos, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), no distrito de Icoaraci, em Belém, adotou, neste mês, a confecção das primeiras órteses em neoprene. O material, além de ter um baixo custo, tem como suas principais características a flexibilidade, elasticidade, resistência e proteção térmica. A técnica é pioneira nas maternidades do estado.
O trabalho vem sendo desenvolvido pela terapia ocupacional da Unidade, em parceria com a equipe multiprofissional que atua no complexo neonatal do HRAS. As órteses em neoprene conseguem se moldar de acordo com a necessidade do paciente, auxiliando-o na recuperação. O acessório é leve e confortável, proporcionando a liberdade de movimentos e amenizando as sequelas futuras no paciente.
“As órteses, em geral, na neonatologia são de suma importância para evitar que recém-nascidos que, por algum motivo, nasceram prematuros e com dificuldades de mobilização articular neste início da vida, fiquem com encurtamentos, rigidez, disfunção de seus membros”, explica a médica neonatologista Ana Cláudia Freire Mendes.
As órteses estão ganhando cada vez mais espaço no ambiente hospitalar. São vários os modelos e materiais criativos de uso geral e acessível. “Elas são indicadas para todos os recém-nascidos que estão em situação crítica e não crítica, para prevenção e tratamento de baixo custo”, completa a médica.
Casos
As primeiras órteses para mãos foram destinadas a uma criança recém-nascida, internada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Em um parto crítico, no dia 30 de abril, ela apresentou anóxia neonatal grave e parada cardiorrespiratória revertida. Após uma avaliação da Terapia Ocupacional e da equipe médica, observou-se uma hipertonia nas mãos e padrão adutor de polegar. Ou seja, o punho fechado, com o polegar encaixado na palma da mão.
“Esse padrão pode provocar um encurtamento dos músculos e reduz a funcionalidade da mão ao longo do tempo. Após ir para a UCI neonatal, iniciamos a estimulação sensório-motora para facilitar o tônus nesta região, prescrevemos e começamos a confecção de uma órtese de posicionamento funcional mão e abdutora de polegar para tentar minimizar os danos no futuro”, explicou Luanda Campos, terapeuta ocupacional do HRAS.
Necessidade
Após a identificação dessa necessidade, foi criada a órtese com o material especial, diferente dos produzidos em outros hospitais. “Após vários testes, chegamos no neoprene de 1,5 mm, que é diferente dos demais materiais produzidos no mercado. Ele facilita a posição funcional da mão, permitindo que os músculos fiquem alongados, respeitando a anatomia da mão do bebê, possibilitando mais liberdade de movimento ativo, facilitando o desenvolvimento da função”, destacou Luanda Campos.
A terapeuta ocupacional Danielle Ferreira acrescenta que outra vantagem é o custo-benefício para a produção. “A órtese em neoprene é muito barata, quando falando do uso em neonatal, por ela ser ajustável, proporciona maior segurança durante o uso, além de manter o calor corporal. As possibilidades de criação são as mais variadas possíveis”, reforçou.
Serviço: O HRAS é um Hospital Público, referência do Governo do Estado em alta complexidade, pediatria e assistência à saúde da mulher. A instituição é administrada pelo Instituto Mais Saúde em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O complexo conta com cinco salas de pré-parto, parto e pós-parto (PPPs), sendo uma delas, estruturada com uma banheira exclusiva aos procedimentos humanizados, na linha de cuidados progressivos.
Texto: Roberta Paraense/Ascom HRAS