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SAÚDE PÚBLICA

Paciente celebra cura com badaladas do Sino da Vitória do Ophir Loyola

Cerimônia foi marcada por emoção e renovou a esperança de pacientes que seguem na luta contra o câncer

Por Governo do Pará (SECOM)
08/06/2022 16h27

Tosse recorrente, febre, falta de ar e a perda de peso inexplicável levaram a funcionária pública Karla Chaves a procurar ajuda médica. Era 2013 e as primeiras suspeitas apontavam possível tuberculose. Para a surpresa dela e do marido, o vendedor Gerson Lopes, tratava-se de um câncer. Mais especificamente, linfoma de Hodgkin. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença pode acometer pessoas de qualquer idade, sendo mais frequente entre os 15 e 39 anos. Era o caso de Karla, que aos 29 teve de lidar com o diagnóstico.

Infecções crônicas e casos na família podem ser fatores de risco, contudo, na maioria dos casos, não há causa definida. O aumento de linfonodos (gânglios linfáticos) surgem com mais frequência nas áreas do pescoço, axilas e virilha. Além dessa alteração, febres, suores noturnos em excesso, fraqueza e perda de peso são frequentes em pessoas com este tipo de câncer.Karla badala o sino da vitória para comemorar a cura do câncer

O diagnóstico de Karla veio com tomografia e biópsia. Era o início da luta que duraria nove anos, entre tratamento e acompanhamentos periódicos. “Não tem como esquecer de toda a luta. Foram momentos de dúvidas, apreensões trazidas com o diagnóstico, mas com o apoio da família, amigos e profissionais, eu venci”, afirmou Karla, momentos antes de badalar o Sino da Vitória, na última terça-feira (7), na divisão de quimioterapia do HOL. 

As palavras da esposa emocionam quem acompanhou de perto a batalha contra o linfoma de Hodgkin. “Quando ela soube que era câncer, eu estava no trabalho e ela me ligou desesperada. Ao chegar em casa, disse a ela que precisávamos confiar, pois temos um Deus que é maior que tudo. Pedi afastamento do trabalho e viemos a Belém”, recordou Gerson.

Após a biópsia e a constatação de que se tratava de câncer, Karla foi transferida para o Ophir Loyola. “No hospital fomos muito bem recebidos. Estava bastante debilitada e precisei ser internada e tomar três bolsas de sangue. Já na segunda sessão de quimioterapia eu senti uma melhora, pois antes disso eu não conseguia respirar. O tumor pressionava o meu pulmão e dificultava a minha respiração. Após as sessões de quimioterapia, iniciei a radioterapia e, nesse período, tive de me distanciar dos meus filhos, por recomendação médica. Mas não precisei de nenhuma cirurgia”, afirmou ela que realizou acompanhamentos periódicos com os especialistas desde então.Equipe multidisciplinar do HOL abraça paciente durante celebração do Sino da Vitória

Gerson nasceu em Irituia. Após trabalhar por 12 anos em Belém, mudou-se para Paragominas onde conheceu Karla, com quem se casou. Do relacionamento, vieram Eduardo, de 15 anos, e a caçula Gabrielly, de 11. Durante o tratamento do câncer, o casal teve de lidar com a nova rotina imposta pela enfermidade. 

“Viajava praticamente toda a semana para as consultas e as sessões. A doença abala qualquer pessoa e o acompanhamento psicológico me ajudou bastante. Muita gente acredita que o câncer é uma sentença de morte. Alguns conhecidos diziam ter pena de mim porque eu iria morrer e deixar meus dois filhos pequenos. São absurdos que jamais imaginei ouvir, mas infelizmente ocorreram quando ainda estava fragilizada. Aquela Karla de 2013 não existe mais. Hoje sou outra pessoa e vejo a vida com mais empatia, carinho. O câncer envolve luta, mas podemos sim ter um final feliz. Eu agradeço muito a Deus e ao hospital. Aqui encontrei anjos que me ajudaram, que não desistiram de mim e que me incentivaram a virar o jogo”, afirmou Karla.

No Ophir, Karla foi acompanhada pela hematologista, dra. Ana Virginia van den Berg, que  informou à paciente sobre a alta médica definitiva. A notícia foi recebida com emoção. “É muita felicidade e gratidão por ter superado a doença. É preciso ter fé e confiar. Hoje temos uma medicina avançada, com tratamentos que nos dão mais esperança. Não podemos desistir, devemos perseverar. Dificuldades temos em tudo na nossa vida, mas precisamos ser fortes e acreditar que tudo vai passar, e realmente passou”, confessou a servidora pública. Karla e o esposo Gerson durante consulta com dra. Ana Virginia

“Ouvi o sino do consultório. Por todos esses anos que trabalho com câncer, não tem como não se emocionar. É muito bom ver os pacientes curados. A vitória deles também é compartilhada com todos os médicos e equipe multidisciplinar. O nosso serviço conta com quadro profissional amplo e completo. Cada um desempenha seu papel com muita dedicação para que tenhamos esse resultado: a cura, a alta definitiva de mais um paciente”, afirmou a hematologista que há 32 atua na oncologia.

Segundo o Inca, a doença, que se origina com maior frequência na região do pescoço e do tórax, tem grandes chances de cura. Dados de 2020 apontam que a taxa de sobrevida de pacientes após cinco anos do diagnóstico é de 86%. “Com a tecnologia, conhecimento e atualizações, a gente consegue a cura em muitos casos. Tem situações que são mais complicadas, porém, somos impulsionados sempre pela nossa profissão e por tudo o que aprendemos na oncologia. Devemos sempre oferecer o melhor para o paciente. Confesso que fico muito feliz em ver que temos outras perspectivas, novas possibilidades. Agora as pessoas são tratadas, acompanhadas e, quando remitidas durante um tempo, recebem alta definitiva”, afirmou.

Com uma placa na mão com os dizeres “Eu venci o câncer. Obrigado, Deus!”, Karla abraçou profissionais que a acompanharam de perto. “A vitória não é só deles, é nossa também. É gratificante demais ver que eles superaram um câncer e que renovam a esperança de tantos outros”, disse a técnica de enfermagem Graça Albuquerque.

Lidar com a queda de cabelo e outros efeitos da quimio e radioterapia mexeram com a autoestima de Karla. Mas o tratamento do câncer também a fez rever a profissão que pretende seguir. A servidora pública voltou aos estudos e se formará enfermeira em dezembro de 2022. “O meu marido, a minha família e a equipe do hospital me deram todo o apoio. Antes do câncer, eu nunca atentei para a importância da área da saúde, assim como também nunca imaginei que fosse acontecer algo comigo. Tive contato com tantos profissionais da área e, foi admirando o trabalho deles, que eu criei amor pela enfermagem. Comecei a estudar e me formarei enfermeira no final deste ano”, ressaltou. 

Texto de Ellyson Ramos / Hospital Ophir Loyola