Fábrica de biodiesel é instalada em Tomé-Açu, com incentivo do Estado
O Estado do Pará conta com um novo empreendimento que vai verticalizar a cadeia de óleo de palma e produzir biodiesel. O novo negócio, da empresa Oleoplan Pará, foi entregue nesta segunda-feira (30), com a participação do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), que tiveram um papel fundamental para a viabilização do projeto.
Instalada no município de Tomé-Açu, na região nordeste do Estado, a indústria tem capacidade instalada de 288 milhões de litros de biodiesel/ano, utilizando como principais matérias-primas o óleo de palma e sebo bovino. Os investimentos já realizados ultrapassam os R$ 185 milhões, e o faturamento estimado é de R$ 405 milhões/ano, com uma folha de pagamentos de R$ 1,6 milhão/ano e geração de 112 empregos diretos, sendo 70% em Tomé-Açu, colaborando com o desenvolvimento regional.
Incentivado pelo governo do Pará, que garantiu a concessão de benefícios fiscais tendo como uma das contrapartidas a geração de emprego e renda no Estado, o novo negócio é um caso de sucesso entre os projetos apoiados pelo Governo, pois contou, desde as primeiras tratativas, com a atuação da Sedeme e da Codec, órgãos da área de desenvolvimento econômico da gestão estadual.
José Fernando Gomes Júnior, titular da Sedeme, ressaltou a importância do empreendimento para o Pará e destacou o empenho do Governo em apoiar o novo negócio. “Esse é um momento único para o Pará, um momento de muita relevância para todos nós porque é a consagração de um trabalho que desde o início teve a participação do Governo, contando inclusive com a participação do nosso governador na primeira reunião. Depois, seguimos com as tratativas para os incentivos fiscais, que saíram acima do esperado. Em breve, a logística será fortalecida com a conclusão das obras da estrada e conclusão das pontes. Isso tudo só é possível porque temos hoje um ambiente de negócios como nunca antes no nosso Estado”, afirmou.
Marcos Boff, presidente do Grupo Oleoplan, destacou que a implantação é um marco para a empresa e para o Estado, que passa contar com a produção local de biodiesel. “A implantação da usina aqui em Tomé-Açu é um marco para a Oleoplan que acredito que seja para o Estado do Pará também, porque até então o Estado do Pará sempre importou todo o biodiesel que consumiu aqui passa a ter uma produção local, inclusive com capacidade para de tornar exportador para outros estados. Nesse processo de implantação aqui da usina, desde o início, o governo do Pará foi super colaborativo. Encontramos aqui um ambiente de negócios super aberto, facilitador, que permitiu que a gente fizesse a implantação em um tempo recorde, porque a gente conseguiu colocar o projeto de pé em um ano, e agora já começamos a entregar biodiesel com apoio e incentivo do Estado e com um futuro promissor”, disse.
Para o prefeito de Tomé-Açu, Carlos Vieira, a chegada do empreendimento reforça o potencial do Estado para atração de investimentos. “É muito importante essa inauguração, não só para Tomé-Açu porque é a primeira usina de biodiesel da nossa região. Isso prova que o nosso Estado tem um potencial muito grande, em todas as áreas, na cadeia produtiva, na pecuária, na cadeia extrativista e agora no biodiesel. Por tudo isso quero dizer que o nosso Estado está de parabéns, parabenizar o pessoal da Oleoplan, que acreditou nesse projeto, desenvolveu. Que isso possa se multiplicar pelos outros municípios do nosso Estado”, informou.
De acordo com a Oleoplan, o Brasil produz mais de 6 bilhões de litros de biodiesel por ano tendo, desse total, 166 milhões de litros (2,6%) o óleo de palma como principal matéria-prima, e outros 576 milhões de litros o sebo bovino. O Pará, como maior fornecedor nacional de óleo de palma e importante supridor de gorduras animais, terá, a partir de agora, suas cadeias produtivas agroindustriais verticalizadas com a chegada do empreendimento.
A produção de biodiesel via transesterificação dos óleos vegetais e gorduras animais (rota tecnológica de produção do biodiesel) caracteriza-se como último elo ainda inexistente dentro do Estado do Pará, ou seja, trata-se de atividade estratégica para que a cadeia de suprimentos esteja completamente operante em solo paraense.
Atualmente, o óleo de palma produzido pelas agroindústrias paraenses supre unidades de biodiesel localizadas principalmente nos Estados da BA, GO, SP e TO, ou seja, o óleo percorre mais de 2.000 km até ser transformado em biodiesel, resultando em perda de eficiência logística e aumento de emissões de Gases de Efeito Estufa. Assim, a operação da Oleoplan Pará irá aproximar a demanda do óleo de palma de seu suprimento.
Segundo a empresa, a região Norte opera com déficit de 420 milhões de litros/ano de biodiesel (produção próxima aos 150 milhões de litros de biodiesel/ano e consumo aproximado de 560 milhões de litros/ano). O Pará, como maior consumidor de diesel B da região, não produzia biodiesel. O projeto da Oleoplan Pará altera sensivelmente esse quadro deficitário, transformando o Estado do Pará em um importante supridor de energia renovável. Devido sua localização estratégica, o Pará possui todas as características necessárias para se tornar um hub logístico de produção e distribuição de biodiesel, tanto para a região Norte quanto para o Nordeste.
Ainda de acordo com a empresa, o biodiesel produzido a partir do óleo de palma emite 72% menos Gases de Efeito Estufa em comparação ao diesel mineral. Se produzido a partir de resíduos – como o óleo de fritura usado ou as gorduras animais – a redução das emissões atinge patamares de 94%. Assim, as operações da Oleoplan Pará inserem o Estado nas discussões internacionais sobre transição energética.