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SEGURANÇA PÚBLICA

Em três anos, Polícia Militar apreende mais de 15 toneladas de drogas no Pará

Os números mostram um aumento de 435% na apreensão de drogas em operações da PM

Por Taiane Figueiredo (PMPA)
08/04/2022 20h42

Coronel Dilson Júnior, comandante-geral da Polícia Militar, em uma das muitas operações de combate ao tráficoInteligência e investimento resultam no vertiginoso aumento de 435% na apreensão de drogas pela Polícia Militar, em comparação aos dados de 2019 e 2021. Nesse período, foram apreendidos, somente pela corporação, mais de 15 toneladas de entorpecentes, de acordo com dados do Departamento-Geral de Operações da instituição (DGO).

Em 2019, foram apreendidos 1.388,360 quilos de drogas ilícitas em todo o Pará. O Comando de Policiamento Regional IV, sediado no município de Tucuruí, na região Sudeste, apreendeu a maior quantidade - 334,83 kg. No ano seguinte, foram apreendidos 6.260,872 kg, com destaque para o Comando de Policiamento Regional IX, com sede em Abaetetuba, no Baixo Tocantins, que apreendeu 2.505,607 kg.

Os dados de 2020 representam um aumento de 350,95% em relação a 2019. Os números são ainda mais positivos em 2021, quando foram apreendidos pela PM 7.432,336 kg de drogas - 18,71% a mais que no ano anterior -, tendo o Comando de Policiamento Regional II, em Marabá, no Sudeste, se destacado com 1.223,53 kg. Isso significa que em 2021 a produtividade foi 435,33% maior que em 2019. A droga mais apreendida é a cocaína, seguida de maconha.

Nos três anos analisados houve, no mínimo, dois episódios significativos. O primeiro ocorreu em fevereiro de 2020, com a apreensão de uma carreta com cerca de 1 tonelada de maconha em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. Em Barcarena, no nordeste paraense, três meses depois policiais do 14º Batalhão apreenderam aproximadamente 2,5 toneladas de cocaína.

Coronel Pedro Paulo Celso: população é fundamentalDenúncias - “Nós tentamos minimizar o tráfico por meio do serviço de inteligência, um trabalho mais direcionado, focado em pontos que nós sabemos, até pelo histórico, que podem gerar essa produção de droga”, explica o chefe do DGO, coronel Pedro Paulo Celso. Para ele, a participação da população tem sido fundamental. “Recebemos muita denúncia, seja pelo Whatsapp, pelo e-mail ou até mesmo pelo 181 (Disque-Denúncia). É o momento em que nós preparamos uma operação e fazemos o levantamento de inteligência, porque temos a intenção não somente de apreender droga, mas de prender as pessoas que traficam ou que plantam”, ressalta o oficial.

A apreensão de drogas no Pará foi bem maior se considerarmos que o entorpecente apreendido in natura, como no caso das plantações de Cannabis sativa, a maconha, encontradas principalmente na região Nordeste, não entram nos cálculos por quilo, já que o procedimento legal adotado é o registro fotográfico da plantação, a incineração de grande parte do plantio e apresentação de uma amostra na Delegacia de Polícia Civil para elaboração de laudo técnico e a formalização da ocorrência.

Entre 2020 e 2021, as maiores apreensões de droga in natura foram 14 mil pés de maconha no município de Terra Alta; 12 mil em Tomé-Açu e 10 mil pés em Cachoeira do Piriá, três municípios do nordeste paraense.

Ainda de acordo com o coronel Pedro Paulo Celso, responsável por todas as operações da PM no Estado, há fatores que beneficiam o plantio de maconha. “O início do ano é um período em que chove muito, o que favorece o crescimento da vegetação, inclusive da Cannabis sativa. E nós identificamos um quadrilátero de produção nos municípios de Moju, Mocajuba, Tomé-Açu e Tailândia. Em função disso, implementamos uma pressão maior nesses locais”, informou o coronel.

Ele reconhece que os fatores sociais também colaboram para o aumento do plantio da maconha. “Aquelas pessoas que não estão inseridas no mercado de trabalho são cooptadas pelo crime para buscar uma geração de renda. Contudo, nós precisamos fazer o nosso trabalho”, completa.Incineração de pés de maconha encontrados em municípios do nordeste paraense

Nos três primeiros meses deste ano, a Polícia Militar soma 285,21 kg de drogas apreendidas no Estado, uma média de 95 kg por mês. Para continuar avançando na quebra de novos recordes, a PM tem investido em equipamentos que possam viabilizar a execução das ações policiais - como a aquisição de viaturas, armamentos, lanchas blindadas e coletes balísticos modernos -, além de cursos operacionais voltados para dotar a tropa de conhecimentos especializados e da reforma e construção de unidades, demonstrando o compromisso do Alto-Comando com a comodidade dos policiais.

Prevenção - O diretor de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da PM, coronel Elson Brito, reconhece que a corporação tem feito um trabalho repressivo de qualidade, mas complementa que prevenir é crucial. “As drogas são comprovadamente matéria prima da violência e criminalidade, principalmente nas áreas de grande vulnerabilidade social. Mas o recobrimento preventivo atua na base, buscando cortar esse circuito”, explica o oficial.

Há 19 anos, a Polícia Militar executa o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que já formou 376.797 crianças do 5º e 7º anos do ensino fundamental. Policiais devidamente capacitados para lidar com o público infantojuvenil abordam, em sala de aula, os problemas causados pelo consumo das drogas, tratando também sobre o combate ao bullying.Crianças atendidas no Proerd

“O Proerd é um programa lúdico, que tem a intenção de entrar nas escolas e mostrar novas estratégias de dizer não às drogas, de pensar a escola como espaço social, onde as pessoas mantêm relações humanas. O Programa tem dado resultado porque faz despertar, desde o primeiro momento, a possibilidade de evitar as drogas, e porque a criança, quando é sensibilizada, também costuma sensibilizar os pais”, afirma o diretor. O Proerd já atendeu 114 municípios paraenses.

Para aprimorar o trabalho desenvolvido pelo Programa em sala de aula, a Polícia Militar recebeu, no mês passado, 85 equipamentos, incluindo condicionadores de ar, mesas, projetores multimídia, notebook, televisor, bebedouro, armários, refrigeradores e caixas acústicas, um investimento de R$ 100 mil para dar suporte às atividades do Proerd na capital e no interior.

O enfrentamento ao tráfico de drogas, repressivo ou preventivo, tem um objetivo: combater a circulação e o consumo dessas substâncias, principalmente entre os jovens. “Bater recorde na apreensão de drogas significa a diminuição da violência. A droga vicia, e o dependente começa a furtar, roubar e, às vezes, até matar. Por isso, trabalhamos a prevenção primária não somente pelo Proerd, mas com as escolas cívico-militares e o projeto de Supervisão Militar Educacional”, acrescenta o chefe do Departamento-Geral de Operações da PM. Segundo ele, o combate ao tráfico continua com a Polícia Militar nas ruas cumprindo seu papel constitucional.