Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) apresentará obra composta por maestrina paraense
Obra “Tekoaku Arakuá”, de Cibelle Donza, será regida pelo maestro convidado Dean Anderson
Na próxima terça-feira (05), o maestro norte-americano Dean Anderson virá a Belém como regente convidado da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) para apresentar a estreia da obra Tekoaku Arakuá, composta pela maestrina paraense Cibelle Donza. A apresentação será a partir das 20h, no Theatro da Paz, com ingressos a R$2,00, podendo ser adquiridos a partir das 9h no dia do concerto. O espetáculo é uma realização do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Theatro da Paz e da Academia Paraense de Música (APM).
A apresentação da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), sob o comando de Dean Anderson, promete ao público grande percepção de transformações sonoras da orquestra. A estreia internacional, como destaque da noite, será a obra “Tekoaku Arakuá”, de Cibelle Donza. Musicalmente, foi construída com uma mistura de linguagens e técnicas, tradicionais e contemporâneas, buscando criar texturas sonoras e timbres que se transformam ao longo da música. Trata-se de uma homenagem a todos os músicos e gestores que já construíram e ainda constroem a OSTP, desde o início, até os dias de hoje.
A concepção da obra aborda os processos que levam às transformações, acertos e erros no caminho para a maturidade e sobre a valorização da criatividade como a chave para isso. Por esse motivo, a compositora fala que, para dar nome à obra, escolheu unir essas duas palavras indígenas, de tronco Tupi-Guarani, que expressam exatamente isso: “Tekoaku”, literalmente "modo de ser quente; estado de alerta", se refere àquilo que se sente nos momentos exatos das transformações de um estado para outro; e “Arakuá”, literalmente "maturidade: fazer com que se desenvolva, que se abra, que surja". Os Guaranis entendem que alcançar maturidade é criar, então, valorizam e estimulam sempre a criação de novas coisas. É exatamente isso que Cibelle deseja para a OSTP “que a orquestra se desenvolva, constantemente, que se abra e se expanda cada vez mais, valorizando sempre a criação de novas coisas e vivendo em um constante modo de ser quente, em direção às camadas cada vez mais profundas da maturidade, aquela do entendimento dos indígenas, cumprindo em si o papel mais sublime da Arte”.
Natural de Belém do Pará, Cibelle J. Donza é maestrina e compositora, atual diretora artística e maestrina da Orquestra Filarmônica MultiArte da Amazônia (Orquestra FILMA), é regente principal da Big Band Zarabatana Jazz Band e, também, professora da Escola de Música da Universidade Federal do Pará (UFPA). Cibelle já conduziu inúmeras vezes a OSTP e outras importantes orquestras brasileiras, durante festivais internacionais. Suas composições abrangem não só o tema sinfônico, pois, têm, também, executadas obras camerísticas para trios, quartetos, duos e sextetos, além de obras acusmáticas, eletroacústico-mistas e trilha para curta metragem.
Convidado
Quem conduzirá o espetáculo será o maestro Dean Anderson, que há cinco anos veio a Belém se apresentar com a OSTP. Ele conta que gostou muito da energia e entusiasmo do público paraense e ressalta a grande evolução dos músicos que compõem a orquestra. Ele conta que à época, seu repertório estava bastante americanizado e, agora, diz que está sendo uma experiência bastante diferente, com um repertório que contém a apresentação da estreia da compositora paraense e de músicas francesas que, da mesma forma, levarão muitas “cores e tons” ao público. O maestro conta, ainda, que deseja explorar mais sua relação com a música brasileira, pois, sente que existe muita energia e o sentimento de aventura nos ritmos e melodias do país.
Sobre as peças francesas, escolhidas pelo maestro, uma é da primeira metade do século XIX e, a outra, da primeira metade do século XX, levando ao público um verdadeiro contraste da música francesa. “La Mer”, de Claude Debussy, compositor romântico francês, é uma obra da corrente musical impressionista que gerou impacto no público de seu tempo. Embora não seja melódica, transmite uma explosão de sons e emoções; e “Sinfonia Fantástica Opus 14”, do francês Hector Berlioz, nome oficial “Episódio da Vida de um Artista, Sinfonia Fantástica em Cinco Partes”, é uma música com cinco movimentos, o que não é muito usual para uma sinfonia, em que cada movimento possui uma temática diferente, como percurso de um sonho de pura fantasia. Trata-se de uma composição criada por inspiração de sua paixão não correspondida pela atriz irlandesa Harriet Smithson, após vê-la representar o papel de Ofélia na peça Hamlet.
Dean Anderson é doutor em Artes Musicais pela UCLA, estudou regência, violino e, recentemente, completou uma residência como Maestro Visitante na Saarländiches Staatsoper, uma companhia de ópera profissional em Saarbrücken, na Alemanha. Versátil e colaborativo regente de orquestra, é frequente convidado de orquestras profissionais ao redor do mundo. Seu repertório abarca desde as mais populares obras de Beethoven e Brahms até obras recentemente criadas por compositores de diferentes nacionalidades. Assim, seus compromissos internacionais incluem concertos com orquestras na Europa, Ásia e América do Sul.
Para esta apresentação, o público não deve esperar uma melodia clássica tão evidente das músicas deste programa, mas, a orquestra trará uma harmonia de sons com única combinação de seus instrumentos. Segundo o maestro, o “público será banhado pelas cores e sons da orquestra”. A retirada de ingressos poderá ser feita na bilheteria do Theatro da Paz e pelo site www.ticketfacil.com.br. Os ingressos estarão disponíveis a partir das 9h da manhã no dia do concerto e custarão R$ 2,00 (dois reais).
Texto com informações de Daniel Grahan (Ascom/APM)