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Dia Roxo busca romper com os tabus e distorções sobre a epilepsia, doença neurológica

A neurologista do Hospital Ophir Loyola, Marina Tuma, esclarece que a epilepsia não é transmissível, tampouco mística, e deve-se combater o preconceito à doença

Por Leila Cruz (HOL)
26/03/2022 18h06

A neurologista do Hospital Ophir Loyola, Marina Tuma: "Cerca de 70% dos pacientes controlam as crises com medicamentos específicos".O Dia Roxo celebra, neste sábado (26), o Dia Mundial de Conscientização Sobre a Epilepsia. O movimento iniciou no Canadá em 2008, baseado no sentimento de solidão da menina chamada Cassidy Megan, por ter epilepsia. A cor faz alusão à lavanda, uma flor que cresce isolada e remete ao sentimento descrito por Cassidy.

De acordo com os órgãos de saúde, em comparação com outras doenças crônicas, a epilepsia gera um impacto mais acentuado na saúde mental e social dos pacientes do que na saúde física. O sentimento vivenciado pela Cassidy reflete a situação de diversos pacientes, cerca de 50 milhões de pessoas no planeta, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mesmo sendo uma das doenças neurológicas mais comuns, ainda é preciso desconstruir a ideia de ser contagiosa ou de origem sobrenatural, um julgamento proveniente da incompreensão e do preconceito. 

A neurologista do Hospital Ophir Loyola, Marina Tuma, esclarece que a epilepsia se trata de uma disfunção crônica caracterizada por crises epilépticas geradas por descargas elétricas excessivas no cérebro, causando sintomas como convulsões, movimentos descontrolados, alterações de comportamento e sensações, e perda da consciência. No entanto, não é transmissível, tampouco mística. 

“A epilepsia pode ocorrer em pessoas de qualquer faixa etária e ter diversas causas. Em geral, é um sinal clínico para alguma alteração genética ou na estrutura do cérebro. Pode ter origem em traumatismos cranianos, traumas ou falta de oxigênio na hora do parto, infecção materna, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas como o Acidente Vascular Cerebral. De 1% a 2% da população tem alguma convulsão ao longo da vida, é uma doença muito prevalente”, informou Marina Tuma.

O Dia Roxo conscientiza sobre a epilepsia e combate preconceitosReferência estadual em neurologia, o Hospital Ophir Loyola mantém um ambulatório exclusivo para o atendimento, orientações e acompanhamento dos pacientes com epilepsia. Somente em 2021, atendeu 865 pacientes. As crises epilépticas são caracterizadas por um evento súbito, alguns sentem um aviso antes, que pode ser dor de barriga, dor de cabeça ou tontura. Após, dão um grito, caem no chão, debatem os braços e as pernas, podem morder a língua e urinar na roupa. 

As crises costumam durar de 2 a 3 minutos e, posteriormente, eles ficam de 15 a 30 minutos sonolentos. “As pessoas têm medo daquilo que não conseguem explicar, e por ser algo impactante de se observar. Muitos queriam manter esses pacientes dentro de casa por acreditar que havia algo espiritual por trás das crises ou medo de serem infectados. Aos poucos, esse panorama vem mudando, hoje se tem mais conhecimento acerca da epilepsia”, afirma Marina Tuma.

Apesar de cometer todas as idades, a epilepsia costuma surgir ainda na infância. O diagnóstico é obtido durante consulta com um neurologista. “É imprescindível a descrição de alguém que tenha visto alguém passar mal para relatar o que aconteceu e números de convulsões em um intervalo de 24h. Exames complementares como eletroencefalograma, tomografia de crânio e ressonância magnética são solicitados para auxiliar no diagnóstico”, esclarece a especialista.

Em torno de 70% dos pacientes têm crises epilépticas controladas com medicamentos específicos chamados de antiepilépticos e conseguem levar uma vida bem próxima do normal. Aqueles que não obtêm um bom resultado com os fármacos, devem aderir à dieta cetogênica e, em casos mais graves, pode ser  indicada a cirurgia. 

“Sempre procuro incentivá-los a trabalhar e a formar família. Cada caso é tratado de forma individualizada. A maioria tem um cognitivo normal e consegue ter vida com pouca ou nenhuma limitação, apresentam somente de uma a duas crises no ano. Eles trabalham, têm cônjuges, viajam, são pessoas que desempenham as atividades do cotidiano. Por isso, a  campanha é importante para romper com tabus e distorções da realidade”,  conclui Marina Tuma.

Saiba como prestar socorro a alguém com crise epiléptica:

Fique calmo;

Remova objetos perigosos com os quais a pessoa possa se machucar;

Vire a cabeça dela para o lado para evitar que se engasgue com  excesso de saliva ou vômito;

Não introduza nada na boca da pessoa;

Afrouxe as roupas para facilitar  a respiração da mesma.

Não segure os membros da pessoa;

Não dê nada para a pessoa beber ou comer;

Aguarde a respiração do paciente se normalizar e que deseje se levantar;

Caso a crise dure muito tempo ou for seguida por outras ou caso a pessoa não recupere a consciência, chame o 192.