Ophir Loyola amplia capacidade de atendimento do Espaço Acolher
O ambiente agora integra o projeto de Humanização e Oncologia Integrativa do HOL e funciona, de segunda a sexta-feira
Oficina de desenho cegoInaugurado em 2020, o Espaço Acolher do Hospital Ophir Loyola, Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), surgiu para aprimorar o tempo dos pacientes que passam muitas horas dentro da casa de saúde. Como o próprio nome sugere, o ambiente colorido e divertido foi pensado com carinho para se tornar um local de acolhimento e escape para os enfermos, enquanto estes aguardavam pelas consultas ou pela quimioterapia. Daí em diante, oficinas de artesanato e atividades lúdicas passaram a ser realizadas de forma contínua.
Este ano, contudo, a gestão do hospital ampliou o atendimento após observar que muitos usuários vêm de localidades distantes para fazer o tratamento no Cacon. Alguns pacientes chegam nas primeiras horas do dia e não têm onde ficar, por residirem em municípios mais afastados ou por dependerem do transporte oferecido pelas prefeituras para Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
Agora, o Espaço Acolher faz parte do projeto de Humanização e Oncologia Integrativa do HOL e passou a funcionar, das segundas as sextas-feiras, das 7h às 16h, para receber os usuários de todo o hospital e respectivos acompanhantes. A exemplo da dona de casa Zuleide Souza, que há cinco anos vem do município de Bonito para tratar um câncer de mama no Ophir Loyola. Ela sai de lá, às 3h30, junto com os demais pacientes que precisam chegar cedo à capital para tratamento médico.
Paciente experimentando aromaterapia“Não perco minhas consultas e exames, apesar da viagem ocorrer cedo. Agora sei das oficinas e estou participando, já fiz até uma bonequinha que levei para terminar em casa. Todas as atividades são agradáveis, reduzem o estresse, a ansiedade e o tempo passa mais rápido. Minha consulta só será às 12h20, até lá ficarei aqui, relaxando”, disse.
Zuleide é somente um dos enfermos que vêm ao hospital pela manhã, mesmo quando consultas, exames e intervenções terapêuticas estão agendadas para o período da tarde. Mas são convidados a se dirigirem ao Espaço Acolher, onde são recebidos pela pedagoga e recreadora Zoe Cotta e pela assistente social Laudilene Gonçalves - idealizadoras do projeto que foi abraçado por médicos e toda equipe multidisciplinar - e podem aguardar em poltronas, receber o desjejum, assistir TV e participar das diversas atividades ali desenvolvidas com apoio de servidores e de pessoas físicas e jurídicas, parceiras do hospital.
“Eles são ensinados a confeccionar bijuterias, bonecas de pano e elementos decorativos em feltro, caixas organizadoras para presentes, dentre outras variedades artesanais, assim como podem ser submetidos aos benefícios de terapias, como o Johrei e a aromaterapia. Atividades socioculturais também são desenvolvidas conforme um cronograma de datas comemorativas”, informa Zoe Cotta.
O estudante de artes visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gabriel Ribeiro, esteve pela primeira vez como voluntário no hospital. Ele trouxe uma oficina de desenho e mostrou que qualquer pessoa pode desenhar. “Esse tipo de atividade estimula a confiança de cada um em si mesmo, tira o foco das preocupações diárias e deixam eles menos estressados. A técnica do desenho cego consiste em fazer uma meditação em conjunto, imaginar uma paisagem ou objeto, desenhá-lo com olhos fechados e depois colori-lo de acordo com o que foi pensado”, explica.
Ivete Pereira acompanha o pai Antônio de Paula, 70 anos, em tratamento oncológico. Ambos participaram da oficina de desenho. “Meu pai passou há cerca de um mês por uma cirurgia e estávamos aguardando ansiosos pela consulta que vai definir como será a rotina de tratamento e nos deparamos com esta aula. Achei muito interessante a performance, é como se a gente tivesse pintado um quadro, a imaginação vai além. Traz uma fuga da realidade por alguns instantes”, afirmou.
Outra voluntária é a aromaterapeuta Angela Borges, que conheceu e se encantou com o trabalho do hospital durante a programação pelo Dia Internacional das Mulheres. Ela oferece a aromaterapia, uma técnica milenar que utiliza os aromas e as partículas liberadas por diferentes óleos essenciais extraídos de flores, plantas, raízes e sementes para auxiliar no tratamento das doenças físicas e, principalmente, emocionais como dor, resfriado, ansiedade e depressão, conforme cada caso.
“Naquele momento viemos visitar o Espaço e fomos muito bem acolhidas pela Superintendência do instituto de Oncologia. Percebemos que haviam pessoas aguardando para fazer a quimioterapia, então, ofertamos a aromaterapia para as mãos e os pés de uma paciente que estavam doloridos e formigando. Após alguns minutos, ela estava mais calma e sorrindo. Vimos que aquilo foi benéfico e a gestão permitiu que ficasse fixo para auxiliar no tratamento e trazer bem-estar aos pacientes”, disse.
A assistente social Laudilene Gonçalves destaca a importância do Espaço Acolher enquanto um local de escuta qualificada e de acolhimento. “Percebo que, na verdade, o projeto vem trazer um amparo psicossocial para os enfermos, muito além de uma cantinho de convivência e integração. É um lugar de resgate da dignidade desse paciente acometido por dores físicas e emocionais ocasionadas pela perda da saúde. Nós percebemos uma mudança positiva naqueles que participam de forma assídua das oficinas. Eles se sentem vistos, mais úteis, e se dão conta de que são merecedores de receber carinho e atenção”, ressalta a assistente social.
*Texto de Leila Cruz (Ascom Hospital Ophir Loyola)