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Santa Casa do Pará completa 372 anos e se firma entre as maiores da América Latina 

O número de nascimentos no hospital evidencia a importância da unidade, onde já nasceram 152 mil brasileiros nos últimos 21 anos

Por Samuel Mota (SANTA CASA)
23/02/2022 14h13

A Fundação Santa Casa de Misericórdia comemora sua trajetória de 372 anos de serviços de saúde à população do ParáNesta quinta-feira (24) a Santa Casa do Pará completa 372 anos, com os números que a consolidam entre as maiores maternidades públicas da América Latina, com um papel fundamental para o crescimento populacional da sociedade brasileira. De 2001 a 2021, por exemplo, 152.865 pessoas nasceram na instituição e, de forma gratuita.

Dos 144 municípios paraenses, segundo o último levantamento do IBGE, em 2021, apenas Belém, Ananindeua, Santarém, Marabá, Parauapebas, Castanhal e Abaetetuba teriam mais habitantes que a Santa Casa se ela fosse uma cidade e não uma maternidade, considerando o número de nascimentos no hospital.

Santa Casa é referência materno-infantil no ParáEm uma comparação com a população estimada de municípios paraenses, conforme divulgação do IBGE no ano passado, o número de crianças nascidas na maternidade da Santa Casa, de 2001 a 2021, supera a população de 137 dos 144 do Pará.

Bragança, no nordeste do estado, município mais antiga do Pará, fundado no ano de 1613, tem uma população menor se comparada com o número de nascimentos na Santa Casa, nos últimos 21 anos. Em um comparativo com Mojui dos Campos, os números de nascidos na Santa Casa são nove vezes maiores.

A diretora técnica de Assistência da Fundação Santa Casa, Norma Assunção, diz que “a Santa Casa, por ser uma instituição secular e o primeiro hospital desse Estado, por si só já tem uma importância muito grande. E olhando pelo prisma da maternidade, que é a nossa linha de referência para o Estado, tem importância tanto numérica quanto qualitativa à nossa população, porque o número de nascidos é muito expressivo em referência à nossa população”.

“Essa instituição tem uma média de nascimentos em torno de 800 ao mês. E ao longo desses anos representa um quantitativo de milhares de vidas que foram recebidas nesta instituição. Vidas de importância para o nosso País porque representam um número bem maior do que o existente em vários municípios do nosso Estado. E através do seu cuidado, do seu olhar, de seu foco de trabalho, pessoas futuras, que, com certeza, vão fazer o desenvolvimento do Estado, e que ao longo desses anos já fizeram representatividade muito grande para contribuir com a melhoria de nossa gente”, diz a doutora Norma.

Norma Assunção enfatiza quanta gente ilustre já nasceu no hospital. "Governadores e pessoas influentes já nasceram na Santa Casa. A valorização do nascimento é um dos maiores nortes da nossa instituição e temos um caminho muito grande pela frente. Esse hospital tem uma referência grande dentro do nosso Estado”, destaca a médica.Profissional de saúde observa gêmeos recém-nascidos

Histórias de vida - Para o médico Eduardo Amoras, servidor efetivo da Santa Casa, ela representa um lugar especial. “Nasci em abril de 1962 e, naquela época, havia poucos hospitais e maternidades em Belém. Minha mãe relatava que tinha escolhido a Santa Casa porque desde aquela época já havia um padrão de atendimento diferenciado, humanizado. Ela citava muito isso em relação à gestante. Ela contava que teve um parto normal e foi tudo tranquilo. Eu fui criado ouvindo essa história de ter nascido na Santa Casa”.

Eduardo Amoras diz que isso talvez tenha sido um dos fatores que contribuiu para a escolha da profissão e, sobretudo, a especialidade: a cirurgia pediátrica. “A nossa Santa Casa, que salvo engano, é a quarta Santa Casa mais antiga do Brasil, ela não só acolhe, ela também oferece a oportunidade de fazer o atendimento ao SUS, que tantas vidas salva, inclusive nessa pandemia maldita, muitas vidas foram salvas”.

“É o nosso hospital público que se mostra ser ao longo de sua história, um hospital que tratou e que trata seus pacientes, seus clientes de uma forma humanizada, de uma forma cuidadosa. Eu só tenho a agradecer à instituição. Eu vesti a camisa da instituição, desde então, por ser um egresso. Tenho orgulho de ser Santa Casa e fazer parte dessa história e tenho a pretensão de seguir até onde eu conseguir trabalhando nela. Não me vejo aposentado de pijama em casa. Me vejo bem velhinho trabalhando na Santa Casa ou contribuindo de alguma forma para somar no processo de excelência que tanto lutamos e temos que manter”, disse o cirurgião, emocionado.

A enfermeira, Heliana Moura, que atua no Ambulatório da Mulher, diz que entrou como enfermeira na Santa Casa, no ano de 1984, ainda como estudante de enfermagem e vislumbrava um dia ser funcionária. Ela terminou a graduação e foi convidada para trabalhar no hospital.

“Entrei aqui bem jovem, aos meus 23 anos, e de lá até hoje continuo a trabalhar na Santa Casa. Fiz minha graduação em enfermagem, a minha pós-graduação toda na área da saúde da mulher, dentro da obstetrícia. Mestrado, doutorado, tudo na área de saúde da mulher”.

“Quando assumi o cargo já fui lotada na maternidade, com dois anos eu casei e eu sempre pensava: eu quero ter meus filhos aqui no hospital também. O meu dia a dia era de assistência ao parto mesmo. Na época, a Santa Casa já tinha uma grande maternidade, e sempre tive esse pensamento de ter meus filhos aqui. E eu os tive, conforme idealizei. A primeira filha teve a ajuda das nossas parteiras, eu fiz essa opção. Até porque tínhamos uma equipe de trabalho e as parteiras faziam parte”.

A segunda filha também veio ao mundo com a ajuda de outra parteira da Santa Casa. "Então, parir aqui dentro, para mim, era como se eu estivesse na minha casa, pelo acolhimento, pelo ambiente de trabalho, eu me sentia em casa. Foi uma surpresa para o marido quando eu disse que teria minha primeira filha na Santa Casa e fui tendo todos".

“A Santa Casa tem uma representatividade grande na minha história profissional, na minha história pessoal, na minha história materna. Toda essa minha trajetória eu escrevi dentro da Santa Casa. Eu sempre digo que ela era e continua sendo a minha casa, porque eu passo a maior parte do tempo do meu dia aqui dentro”, diz Heliana.

“Passaram-se 37 anos e eu continuo tendo a mesma paixão pela Santa Casa. As pessoas questionam se ainda não vou me aposentar e eu respondo que ainda não. Eu ainda me sinto motivada, me sinto disposta, estou aqui dentro do meu hospital que foi o meu primeiro emprego. Então toda a minha história foi escrita aqui dentro e continua sendo escrita”, diz emocionada a enfermeira e professora universitária.

SERVIÇO

Referência na Rede Estadual de Saúde Pública à gestação de alto risco, a Santa Casa mantém atendimento porta-aberta 24 horas, recebendo, diariamente, gestantes de todo o Estado. O hospital tem uma infraestrutura de quatro salas cirúrgicas exclusivas para a obstetrícia e 10 salas de PPPs (Pré-parto, Parto e Pós-parto), estruturadas com barra de ling, camas PPP, cavalinho, bolas de pilates, banquetas, disponibilidade de água morna, entre outras condições, onde é trabalhado o parto de forma humanizada.