Maternidade canina do Batalhão de Ação com Cães da PM fortalece o combate à criminalidade no Pará
Prédio entregue pelo Estado conta com moderna estrutura para o desenvolvimento dos animais utilizados em ações especiais
Seis filhotes, da raça pastor-belga-malinois, com pouco mais de três meses de vida, ainda em fase de vacinação, já estão instalados na primeira maternidade canina da Polícia Militar do Pará (PM), na sede do Batalhão de Ações com Cães (BAC), em Belém, que foi entregue pelo Governo do Estado na última segunda-feira (07).
Os cães participam de treinamentos com estimulação neonatal, neural, olfativa, entre outros que ajudam a potencializar o poder de cognição e reforçar o foco no trabalho de combate à criminalidade no Pará. Em média, com um ano, o cão já apresenta um treinamento bem avançado e pode começar a ser inserido em operações, de forma gradativa.
“A partir da entrega da nossa maternidade, nós poderemos fazer a reprodução assistida dos cães e lá mesmo começar o manejo dos animais, o adestramento e treinamento, com o devido cuidado da clínica médica veterinária. A reprodução dos cães, que é extremamente científica e cuidadosa, terá todo o acompanhamento e suporte técnico necessário”, ressalta o tenente coronel Gabriel Silva, comandante do BAC. A maternidade conta com equipamentos especializados, como aparelho de ultrassonografia, incubadora neonatal e equipamentos laboratoriais e cirúrgicos.
A veterinária do BAC, tenente Marina Coutinho, explica que quando a aquisição dos cães do batalhão ocorre por compra, em canil de referência no Brasil, são, geralmente, recebidos animais com 1 ou 2 anos de vida, que já vêm com treinamento policial realizado por outras pessoas de outras regiões brasileiras, e por isso, muitas vezes, não levam em consideração as necessidades peculiares locais da região Norte.
“Quando a reprodução é feita na própria corporação, a gente consegue treinar esses filhotes desde pequeninos para as necessidades particulares da nossa região. Por exemplo, temos um fluxo intenso de entorpecentes no interior, e os cães de faro fazem o que nenhum ser humano é capaz. Então, aqui podemos direcionar as funcionalidades dos cães para que atuem no combate ao tráfico no Pará”, conta a veterinária. A reprodução no canil central visa duplicar o efetivo canino para abastecer os canis setoriais de todo o interior do estado.
O investimento na maternidade canina também representa uma economia para os cofres públicos, já que um cão, em canil de referência, preparado para o policiamento, custa cerca de 15 a 20 mil reais.
O BAC também ganhou 30 novos boxes, totalmente preparados com altura adequada do comedouro, para evitar problemas de colunas nos animais, além da instalação de um telhado com manta térmica para evitar insolação ou desidratação dos cães. O batalhão também foi contemplado com solários, destinados aos novos animais, e mais duas viaturas adaptadas para o transporte deles durante as operações. O investimento foi de mais de R$ 2 milhões.
Treinamento
O treinamento dos cães inicia enquanto filhotes, inicialmente em matilha, para identificar o perfil e a expertise de cada um. “Conseguimos verificar se aquele cão é bom para o faro de entorpecentes, de explosivos, busca e captura, regaste, guarda e proteção ou demonstração para podermos intensificar os treinamentos na área de maior aptidão de cada um. O carro-chefe do BAC é o faro de narcóticos”, conta o comandante do BAC.
Um dos cuidados especiais é com a musicoterapia. Desde bem pequeninos, o som de ambientação, com barulhos de sirenes, bombas, estampidos de tiros e explosivos, barulho de carros são expostos aos cães, para que não se assustem durante as operações e assim não percam o foco no combate ao crime. Além dos seis filhotes, o BAC conta com 26 cães.
Aposentadoria
O cabo da PM Paulo Diego de Alfaia, que é auxiliar médico veterinário do BAC, adotou a cadela Nitra, uma pastor-belga-malinois, de 10 anos, que, desde os dois anos atuou no faro de narcóticos do BAC e se aposentou aos nove. Com cursos de Cães de Guerra, Cinotecnia, Adestradores e Cães farejadores, Nitra realizava cerca de 10 operações por mês, durante os sete anos de trabalho.
“Ela serviu muito a sociedade. Agora pode ter uma aposentadoria digna, com um descanso merecido. Ela só veio deixar as nossas vidas mais felizes, representa muito pra nós. Já está adaptada com o seu novo amiguinho, que é o meu outro cão, se diverte e ama um banho de rio”, conta.