Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
SAÚDE

Hospital Ophir Loyola alerta para prevenção da trombose durante tratamento oncológico 

Oncologistas apontam que a incidência da doença em pacientes com câncer é até nove vezes maior do que em pessoas saudáveis

Por Governo do Pará (SECOM)
08/02/2022 13h23

O cirurgião vascular do Hospital Ophir Loyola, Paulo Toscano, enfatiza que a trombose é passível de prevençãoDe acordo com especialistas, a trombose é a segunda causa de morte em pacientes oncológicos e, mesmo assim, ainda é uma complicação pouco discutida.  A doença se evidencia com a formação anormal de coágulos em diversos setores do sistema vascular, tanto o venoso, quanto o arterial. A dona de casa Rosa Maria Costa, 51 anos, fez acompanhamento no Hospital Ophir Loyola contra o câncer de mama, após, ela enfrentou uma trombose venosa profunda, mas já está curada.

"Graças a Deus eu já estou bem. O doutor Paulo Toscano é bastante atencioso e, ainda a pouco, quando entreguei os últimos exames, falou que estou curada. Fiz todos os exames e tomei meus remédios direitinho. Agora, vou começar a praticar exercícios e usar a meia receitada pelo médico", conta aliviada Rosa Maria.

A incidência da trombose em pacientes com câncer é até nove vezes maior do que em pessoas saudáveis. Rosa Maria, após o acompanhamento do câncer de mama, foi diagnosticada com trombose venosa profunda (formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias). A perna dela inchou e ela diz ter sentido dor demais. Ao notar esses sintomas, ela procurou o hospital e após o tratamento por 25 dias foi liberada. 

“Se considerarmos que a trombose é passível de prevenção e que um de seus desfechos possíveis é a perda da vida, entendemos a importância de identificar os fatores de risco, a fim de prevenir a sua ocorrência”, revela o cirurgião vascular do Hospital Ophir Loyola e membro do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular(SBACV), doutor Paulo Toscano.
 
Ele explica que nos pacientes oncológicos os fatores de risco são relacionados a comorbidades, à presença de varizes, à história prévia de tromboembolismo e aos fatores hereditários, que são chamadas trombofilias. Com relação ao próprio tumor, o grau histológico, o estadiamento e a presença de metástases aumentam a chance de Tromboembolismo Venoso (TEV).

O médico informa, ainda, que o desenvolvimento da trombose venosa profunda está mais frequente relacionado a cânceres de mama, cérebro, pulmão, pâncreas e intestino. Alguns quimioterápicos também podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença. 
 
Doutor Toscano acrescenta que é muito importante ficar atento aos sinais. “Uma das manifestações mais comuns na trombose das veias é o edema (inchaço) nos membros inferiores, em geral assimétrico (uma perna incha e a outra permanece normal), acompanhado de mudança na coloração da pele, endurecimento na musculatura da pantorrilha e dor. Essa consiste numa forma de apresentação comum, mas relativamente inespecífica, visto que esses sintomas podem ser atribuíveis a outras condições médicas, o que pode causar confusão diagnóstica”, adverte. 
 
Portanto, segundo o especialista, “é relevante haver o diagnóstico pregresso de câncer ou estar em tratamento, e os médicos precisam ter um grau elevado de suspeição clínica. Existem escores de predição clínica baseados nos sinais e sintomas que ajudam a direcionar o raciocínio clínico”, explica.
 
Apesar da população oncológica estar exposta a um maior risco de trombose, essa condição é passível de prevenção e de tratamento adequado, deixando o paciente em condições de seguir com o tratamento em direção à cura da doença de base. Os meios de prevenção são físicos, como a deambulação precoce, que consiste em andar logo após as cirurgias e evitar ficar muito tempo parado ou deitado na cama. A fisioterapia e o uso de meias elásticas de compressão graduada, e químicos, o que inclui o uso de remédios chamados anticoagulantes, na dose específica para a prevenção. 
 
A agricultora, Maria Silva, 50 anos, reside no município de Tailândia e foi diagnosticada com câncer de mama em setembro de 2019. Enquanto realizava o tratamento contra a neoplasia maligna, foi identificada a trombose e ficou internada no HOL durante 40 dias. Hoje, já está curada tanto do carcinoma quanto da tromboembolia. A cada três meses, ela realiza acompanhamento para o controle dessas doenças.
 
“Descobri a trombose porque comecei a sentir dor muito forte na perna esquerda e durante a internação os dedos do pé necrosaram e foram retirados. Passei um tempo sem andar de bicicleta, porque os nervos estavam muito duros. Mas agora eu ando, quanto mais me movimento, faço caminhada, melhor para mim. Quando soube que precisaria tirar os meus dedos fiquei com muito medo e não queria aceitar, mas graças ao especialista e aos psicólogos que me orientaram, fui perdendo o receio e entendi que seria melhor para a minha saúde. Hoje estou bem”, conta Maria.  
 
Ela teve uma forma bastante exuberante da trombose que acometeu, ao mesmo tempo, o território venoso, que é aquele que traz o sangue de volta da periferia para o coração. E também a circulação arterial levando a um quadro de isquemia - falta de sangue para nutrir os tecidos.
 
“Trata-se da trombose acometendo simultaneamente dois territórios diferentes do aparelho circulatório, o que traz de volta o sangue e o outro que leva, uma forma exuberante relacionada à atividade do câncer. Foi tratada com anticoagulantes, e precisou de alguns procedimentos. Infelizmente perdeu alguns dedos, mas está funcionalmente ativa, e está totalmente habilitada a levar uma vida muito perto do normal”, esclarece o cirurgião vascular.
 
Na atualidade, dois profissionais atuam no atendimento aos pacientes na instituição, o Dr. Paulo Toscano e o Dr. Silvestre Savino Neto. O hospital conta com dois ambulatórios semanais para o acompanhamento dos pacientes com trombose associada ao câncer. A maioria dos pacientes pode ser tratada e acompanhada ambulatorialmente, pois o tratamento é exclusivamente clínico em grande parte das vezes, além de hoje dispor de anticoagulantes orais bastante seguros, e validados para o uso no câncer. 
 
“Diante da suspeita clínica, devemos sempre iniciar a anticoagulação e solicitar o exame Doppler ultrassom, o qual vai confirmar ou excluir o diagnóstico. O método está disponível para os pacientes em acompanhamento no HOL”, conclui o especialista. 

*Texto de Viviane Nogueira (Ascom / Ophir Loyola)