Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
'FICÇÕES DO MODERNO'

Peças de museus do Pará integram exposição nacional sobre centenário da Semana de Arte Moderna

A mostra, que será aberta nesta semana na capital paulista, inclui peças dos acervos do Museu do Círio e do Museu do Estado do Pará

Por Governo do Pará (SECOM)
01/02/2022 20h57

Outra peça da exposição é a Terrina Marajoara Jaboty da Matta, de autoria de Manoel Pastana, de 1928Peças do acervo do Sistema Integrado de Museus e Memórias (SIMM), da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), especificamente do Museu do Círio e do Museu do Estado do Pará (MEP), vão compor a exposição nacional “Raio-que-o-parta: Ficções do moderno no Brasil”, que reflete as diversas iniciativas modernistas no Brasil além da década de 1920, com obras do final do século XIX e meados do século XX. O evento é alusivo ao centenário da Semana de Arte Moderna.

A mostra tem curadoria do professor paraense Aldrin Figueiredo, de Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca, e consultoria de Fernanda Pitta. As peças foram acondicionadas para viagem na manhã desta terça-feira (1º). Manto de Nossa Senhora de Nazaré confeccionado pela mestra Alexandra integra a mostra comemorativa

A direção do Museu do Círio e sua equipe deram acesso aos seus inventários e catálogos atualizados, em processo de revisão desde 2019. Constam do acervo vários artefatos, como ex-votos, ventarolas e brinquedos de miriti, além de documentos arquivísticos (fichas técnicas, cartazes, programas de festa e fotografias). Entre as peças selecionadas está um dos mantos mais antigos de Nossa Senhora de Nazaré, e o único da lendária mestra Alexandra, que segundo o diretor do Museu do Círio, Anselmo Paes, foi a artesã produtora dos mantos que cobrem a Imagem entre 1925 e 1973.Equipe do SIMM preparando as peças para o embarque

Círio - “Este é o último manto confeccionado pela mestra Alexandra, figura que cuidou da confecção dos mantos no Colégio Gentil Bittencourt desde a década de 1920 até 1973, atividade que encerra com seu falecimento. Nele há detalhes que mostram que o manto, apesar da simplicidade, era artefato de muito cuidado e devoção por parte da religiosa e artesã. Trabalho feminino, autoral, marcado de tradição, nem sempre visibilizado, mas muito relevante para o imaginário paraense do Círio. A peça não é necessariamente um objeto modernista, mas traz uma série de características que nos mostram a cultura popular brasileira, que foi objeto de muita discussão quando se fala de modernidade, a questão da identidade regional. Acredito que a escolha pelos curadores desse objeto remete muito a essa questão da marca identitária da religiosidade popular, que sempre foi muito valorizada em obras artísticas, tomada como símbolo dessa nacionalidade que estava se formando e abandonando outros símbolos do passado colonial”, destaca Anselmo Paes.

Anselmo Paes, diretor do Museu do CírioAtualmente, 31 mantos fazem parte do acervo Museu do Círio, um dos principais espaços de divulgação cultural e guarda desta memória. De acordo com o gestor do Museu do Círio, há mantos tanto de Belém quanto do interior do Pará, e ainda mantos artesanais doados como ex-votos.

Do Museu do Estado do Pará foram enviadas lâminas do artista de Castanhal Manoel Oliveira Pastana (1888-1984), entre elas Terrina Marajoara Motivo: Jaboty da Matta (1928); Móveis Motivo: jaboty da matta (1930); Bandeja Motivo: Caranguejo e cofo e Aparelho p/ Café, leite e chá tucano e assahy (1931).Aparelho para café, leite e chá tucano, do artista de Castanhal Manoel Oliveira Pastana

Natureza amazônica - De acordo com a diretora do MEP, Cássia da Rosa, as peças trazem a perspectiva de design que incorpora elementos muito regionais, específicos da natureza amazônica. “O empréstimo de obras de arte entre museus é relativamente comum. É um procedimento usado para construções de grandes exposições de temas relevantes em certo âmbito histórico, obedecendo a todas as normas estabelecidas pelas instituições envolvidas nessa transferência. É interessante a gente pensar nesse acervo que foi selecionado para compor a exposição como uma mostra que questiona essa centralidade do modernismo como sudeste, trazendo não só os curadores, como obras de arte de outras regiões do País. A presença do nosso acervo dentro de uma exposição com essa temática é muito importante para que não só o Sistema Integrado de Museus possa colaborar com essa questão, mas justamente mostrar a relevância pras outras regiões dentro do movimento modernista”, explica Cássia da Rosa.

A exposição “Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil” será aberta no próximo dia 15 de fevereiro, podendo ser visitada até agosto de 2022, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo (SP).

Texto: Josie Soeiro – Ascom/Secult