Em Portel, Ideflor-Bio promove oficinas sobre Diagnóstico Rural Participativo
O evento, realizado em parceria com Iterpa e Instituto Internacional de Educação do Brasil, reuniu 125 lideranças, de 37 comunidades da Gleba Joana Peres II
Moradores da Gleba Joana Peres II, no município de Portel, no Arquipélago do Marajó, participaram de oficinas sobre Diagnóstico Rural Participativo (DRP) em comunidades agroextrativista, entre novembro e dezembro deste ano. Realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), em parceria com o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB) e o Instituto de Terras do Pará (Iterpa).
Foram realizadas quatro oficinas em comunidades-polo, com participação de 125 lideranças de 37 comunidades da gleba, além de representantes das associações de moradores "Dorothy Stang", Associação de Moradores Agroextrativistas da Gleba Joana Peres II Rio Pacajá (AMAGJOPP), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Portel (STTR) e da coordenação regional da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Pará (Fetagri-PA).Lideranças de várias comunidades e sindicalistas participaram das oficinas
A presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, destacou que a atividade visa realizar o diagnóstico socioambiental, por meio de metodologias participativas que captam a perspectiva e as necessidades das próprias comunidades, além de identificar aspectos socioeconômicos e ambientais relevantes para subsidiar ações públicas voltadas ao ordenamento ambiental e fundiário, e ao fomento à sociobioeconomia e manejo florestal comunitário e familiar.
Diagnóstico - As informações coletadas no DRP irão compor o Diagnóstico Socioambiental da Gleba Joana Peres II, junto com os dados obtidos em fontes secundárias e coletados no cadastramento das famílias. O Diagnóstico contribuirá para o ordenamento territorial e ambiental da Gleba Joana Peres II, além de indicar demandas por políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável da região, em alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS/ONU).
O engenheiro florestal Vicente Neto, diretor de Desenvolvimento da Cadeia Florestal do Ideflor-Bio, ressaltou que a ação do Instituto no município de Portel está em consonância com o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que visam à redução do desmatamento e degradação florestal, e o incentivo ao manejo sustentável das florestas, potencializando os elementos culturais, o conhecimento tradicional e as características de cada região.Famílias de diversas comunidades se deslocaram até o local das oficinas
A Gleba Joana Peres II abrange um território de quase 260 mil hectares entre os rios Anapu e Pacajá, onde predominam florestas de terra firme e aluviais. Nessa área moram cerca de 1.200 famílias, de acordo com o cadastramento realizado pelas associações AMAGJOP e Dorothy Stang, com apoio do Iterpa.
Segundo o técnico em Gestão Ambiental do Ideflor-Bio, Daniel Francez, durante as oficinas de DRP foi realizado o mapeamento participativo das áreas de uso e ocupação da Gleba Joana Peres II, incluindo a localização das comunidades e suas áreas de uso tradicional, além do mapeamento de aspectos físicos e ambientais, como hidrografia, campos naturais e capoeiras.
Também foram aplicadas as seguintes ferramentas de DRP: Linha do Tempo, para o registro da história de ocupação do território e dos fatos mais significativos, a partir da perspectiva dos próprios moradores; Levantamento Etnobiológico da fauna e da flora, incluindo os usos e o grau de incidência de cada espécie, e Roteiro de Diálogo, para o registro de informações gerais das comunidades - saúde, educação, saneamento básico, infraestrutura, atividades econômicas e relações das comunidades com outras organizações.
"No segundo dia de atividade em cada polo, as informações coletadas e sistematizadas pela equipe técnica foram apresentadas e validadas por todos os participantes. Foi realizada também a identificação de potencialidades e barreiras para o desenvolvimento sustentável da comunidade", destacou Daniel Francez.
Resultado positivo - A técnica do Iterpa Rosiane Pantoja, que compõe a equipe na localidade, disse que o trabalho realizado pelo Ideflor-Bio, Iterpa e IIEB obteve um resultado positivo e contribuiu para a compreensão do modo de vida dessa população. “É um passo muito importante para a segurança fundiária, a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável dessa população", frisou Rosiane Pantoja.Técnico durante as oficinas
Técnico do IIEB, Marcelo Alves destacou que as comunidades detêm grande conhecimento do seu território e dos recursos naturais, por isso sua permanência é decisiva para a manutenção da biodiversidade. “O DRP demonstra que as comunidades podem construir a sua própria história de desenvolvimento sustentável, a partir dos seus conhecimentos sobre a floresta e seus recursos”, acrescentou o técnico.
Reginaldo Palheta, dirigente da Comunidade São José do Aru, disse que os moradores da comunidade deixaram de receber benefícios do governo por falta de regularização da terra onde vivem. “Tenho certeza que os moradores da gleba que participaram deste trabalho levarão muito conhecimento para os seus familiares e vizinhos”, afirmou Reginaldo Palheta, agradecendo pelo trabalho desenvolvido e garantindo que “a comunidade está de braços abertos para apoiar os projetos futuros”.
Para o morador Edevaldo Palheta, o trabalho realizado pelas instituições parceiras é muito importante para a regularização da Gleba Joana Peres II. "A grilagem de terra ocorre por falta de conhecimento dos moradores, e a ação trouxe esclarecimento sobre o processo de regularização para os moradores da comunidade. A união entre moradores, associações e as instituições públicas certamente irão concretizar o sonho da segurança da terra para quem vive aqui na comunidade”, disse o morador.