Fundação trabalha para zerar o déficit de municípios sem bibliotecas públicas no Pará
Zerar o déficit de municípios sem bibliotecas públicas no estado. Essa é a meta do Governo do Estado, por meio da Fundação Cultural do Pará. O objetivo desafiador vem sendo trabalhado pelo Sistema Estadual de Bibliotecas, vinculado à Diretoria de Leitura e Informação do órgão; e envolve uma intensa agenda de viagens e articulações por parte de sua equipe técnica.
A Fundação vem investindo para garantir que todos os municípios paraenses tenham sua biblioteca pública há alguns anos, a partir de uma pesquisa colaborativa realizada pela FCP em parceria com o Instituto de Políticas Relacionais, sediado em São Paulo. “Contratamos pesquisadores para percorrer as 12 regiões de integração do Pará, para no final obter um diagnóstico real da situação em todo o estado”, explica Marinilde Barbosa, coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas. Segundo a técnica, atualmente há 28 municípios sem biblioteca pública em funcionamento. A mais recente incursão presencial do Sistema para mudar esta realidade foi na região do Xingu, onde oito cidades foram visitadas. Dos 10 municípios, de acordo com o diagnóstico obtido, apenas Altamira e Brasil Novo possuíam centros de leitura.
O cenário para o ano que vem na região se apresenta promissor: pelo menos duas bibliotecas serão inauguradas no primeiro semestre, em Medicilândia e Vitória do Xingu. “Fomos conhecer as futuras instalações das bibliotecas. A Fundação irá apoiar a abertura desses espaços com a doação de acervo e capacitação dos profissionais”, adianta Marinilde. “Vamos organizar o espaço e, depois de entregá-lo à comunidade, iremos com outras formações pra tornar torná-los vivos, com dinamização, mediação de leitura, contação de histórias, entre outras capacitações de acordo com a necessidade do município”.
A implementação de políticas públicas na área do livro e da leitura pela Fundação conta com diversas parcerias que tornam a realização possível. “Foi uma viagem com muitos resultados. Foram duas semanas e mais de 4 mil km percorridos, mas só conseguimos obter sucesso graças à recepção dos gestores e à parceria com a Associação dos Municípios das Rodovias Transamazônica, Santarém/Cuiabá e Região Oeste do Pará – AMUT”, destaca a coordenadora. No horizonte, estão investimentos nas regiões do Tapajós, Araguaia e Carajás. Duas bibliotecas já foram inauguradas recentemente no Marajó, ainda na pandemia – em Santa Cruz do Arari e em Melgaço.
Suzana Tota, diretora de Leitura e Informação da FCP, destaca a importância de diversos profissionais envolvidos no projeto de fortalecimento da cultura literária. “A meta da Fundação é muito ousada. É um trabalho que a Fundação já realiza há muitos anos, por meio do Sistema Estadual de Bibliotecas, que desenvolve essa missão com muita dedicação. Há um conjunto de atores: nós envolvemos os professores e toda a cadeia de profissionais que trabalham na área do livro, leitura, literatura e cultura em geral”, considera. “Não basta somente inaugurar uma biblioteca: a FCP precisa dar uma atenção especial à equipe que vai atuar naquela entidade, trabalhando a capacitação dos técnicos e a sensibilização quanto à importância da leitura para o desenvolvimento de todo o município”.
Guilherme Relvas, presidente da Fundação, defende que o acesso a bibliotecas é fundamental para estimular a leitura no estado. “Algumas pesquisas trazem informações acerca da falta do hábito da leitura, mas acreditamos que isso está relacionado à falta de acesso. Um exemplo atual é a biblioteca da UsiPaz Icuí-Guajará, inaugurada pelo Governo do Pará em outubro, que integra o Programa Territórios Pela Paz e fica localizada em Ananindeua. O espaço é administrado por nós e hoje é um dos equipamentos mais frequentados pelos visitantes da Usina", comemora. Para o gestor, o caminho é precisamente estar mais próximo da população que não é alcançada pelos aparelhos das grandes cidades paraenses. "A democratização do acesso ao livro ainda é um desafio do nosso país – principalmente no contexto amazônico, onde temos grande parte da população situada em áreas rurais, distante dos equipamentos públicos centralizados nas áreas urbanas. Por isso é essencial garantir políticas culturais nestes territórios e viabilizar o contato com a leitura em cada município".
Texto: Camila Barbalho (ASCOM/FCP)