Corpo de Bombeiros alerta para risco de afogamento em áreas impróprias para banho
O comandante do 1° Grupamento Marítimo Fluvial afirma que a melhor prevenção é seguir a máxima "água no umbigo é sinal de perigo"
Para aliviar o calor na cidade de Belém, as águas dos rios que banham a capital paraense são convidativas para um banho. O problema está no perigo por trás da imensidão de água dos rios amazônicos, que parece se se perder no infinito.
Recentemente, Belém registrou ocorrências de afogamentos. A maioria dos casos envolve homens jovens. Na última segunda-feira (22), agentes do Corpo de Bombeiros Militar do Pará localizaram o corpo de um adolescente de 18 anos, que havia desaparecido depois de tomar banho no rio Guamá, na área da comunidade Nossa Senhora dos Navegantes, próximo ao Parque do Utinga, na capital, na tarde de domingo (21).Militares do Corpo de Bombeiros ficam atentos nos balneários para evitar acidentes
No início do mês, um homem de 30 anos, que trabalhava em um porto na Avenida Bernardo Sayão, caiu no rio Guamá e sumiu na água. Segundo testemunhas, parecia que a vítima estava sendo “puxada” para dentro d’água. Ele foi encontrado no dia seguinte pela equipe do Corpo de Bombeiros.
Em outubro, um jovem de 22 anos mergulhou para recuperar um celular e desapareceu na área do espaço Ver-o-Rio, na orla de Belém. O corpo foi localizado na Baía do Guajará, no dia seguinte.
Número alto - De acordo com o tenente-coronel Ricardo Anaissi, comandante do 1° Grupamento Marítimo Fluvial (GMAF), afogamentos são ocorrências comuns no Pará, em todas as regiões. Em julho de 2020 foi registrado um número bastante alto para os padrões: 32 ocorrências, em uma época que muita gente estava em casa por causa da pandemia de Covid-19.
“Os afogamentos só não são fatais durante operações do Corpo de Bombeiros em praias, no veraneio e finais de semana prolongados. Ocorre nas mais diversas faixas etárias e com ambos os sexos, mas o mais comum é entre homens jovens, de 15 a 25 anos, não sei se pelo arroubo juvenil de mostrar habilidade. Boa parte envolve uso de álcool e outras substâncias, especialmente no interior", informou Ricardo Anaissi. Outra situação envolve crianças, que se afogam em função da desatenção dos pais ou responsáveis.
O tenente-coronel Ricardo Anaissi afirmou que não há uma "receita de bolo" quando o assunto é afogamento, e a máxima de que "água no umbigo é sinal de perigo" deve ser seguida à risca. "Se não for área específica para banho, não entre. Existe uma diversidade de perigos que nem nós conhecemos, principalmente na foz do rio Pará até Breves, também no Baixo Tocantins, onde há influência das marés oceânicas", detalhou.Mesmo em lugares com guarda-vidas é preciso ter cuidado na água
Incidência - De janeiro a setembro deste ano, 116 casos de afogamentos fatais foram registrados. O mês de maior incidência foi julho, com 18 ocorrências. Em seguida, vem abril, com 15 casos, e junho, 14 casos. Março registrou o menor número, nove afogamentos, mesmo quando o Pará estava em lockdown devido à pandemia.
Homens formam a maioria das vítimas, com 101 casos, enquanto entre as mulheres esse número foi de 15 afogamentos. Do total de ocorrências, a maior parte - 72 - ocorreu em rios; três em praias e 41 em outros lugares. Não houve casos em piscinas.
Esses números correspondem apenas aos atendimentos feitos pelo Corpo de Bombeiros. Certamente há um quantitativo maior sem notificação, porque os próprios familiares encontram os corpos das vítimas e as autoridades não são acionadas.