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Mulheres trans, travestis e não binárias são alvo do Novembro Azul

Por Carol Menezes (SECOM)
23/11/2021 18h45

A campanha do Novembro Azul de atenção à saúde masculina também é voltada a mulheres trans, travestis e pessoas não binárias, que não podem deixar de fazer o exame de próstata.

Tudo isso porque a prevenção contra o câncer de próstata continua sendo o meio mais viável e seguro que há nesse combate. "Enquanto pessoas trans, querendo ou não, temos que nos conscientizar de que exame é muito importante para nossa qualidade de vida. É pelo exame que conseguimos detectar a tempo o câncer e tomar as devidas medidas em busca da cura e da nossa saúde. É um cuidado para a vida", alerta Manuelly Soares Braz, mulher trans de 30 anos. 

"O exame é feito a partir dos 40, mas eu já sei que antes disso tenho que ter cuidados, e quando eu chegar nessa faixa etária, passarei a fazer os exames periodicamente", afirma. "Convido as pessoas que já chegaram a essa idade a não deixar de ter esse zelo com a própria saúde", estimula.A atenção com a saúde é o melhor caminho para evitar o câncer de próstata

Dados preocupantes - Os homens ainda são a minoria entre os que procuram atendimento nas unidades de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 40% dos adultos com até 39 anos só buscam ajuda quando passam mal. Esse percentual cai para 20% quando se trata de homens acima de 40 anos.

Esses dados preocupam os especialistas, uma vez que o diagnóstico precoce faz toda diferença nas chances de cura de doenças graves, como o câncer de próstata.

Segundo alerta da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), mulheres trans e travestis também que já tenham passado pela cirurgia de afirmação de gênero devem ficar atentas. 

No Pará, o câncer de próstata é o segundo mais incidente entre as neoplasias, seguido pelo câncer de estômago. O Novembro Azul é um movimento internacional para alertar as pessoas sobre a importância da prevenção da doença, que é comum entre os homens com mais de 40 anos. 

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de que, até o final de 2021, mais de 65 mil pessoas sejam diagnosticadas com o tumor. Mas, a pior notícia é que a doença faz, aproximadamente, 15 mil vítimas fatais por ano.

Conscientização - A Gerência de Proteção à Livre Orientação Sexual da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) trabalha esse tema por meio das rodas de conversas quando fazem formações com a sociedade civil, com intuito de conscientizar essa população, e também com os profissionais de saúde, com o objetivo de sensibilizar e humanizar o atendimento partir das suas especificidades.

"A maioria desse público alvo ainda não realizou ou nem vai realizar a cirurgia de adequação de gênero/sexual. Então, é preciso realizar esses exames", justifica Flávia Cunha, coordenadora do laboratório de transgênero do Hospital Jean Bittar.

"Por isso, quando há promoção junto com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) de ações de Cidadania, Direitos Humanos e Saúde sempre há solicitação de médicos para se fazer as orientações necessárias bem como os encaminhamentos para os exames", confirma Flávia.

Mulheres transgênero possuem próstata e, mesmo depois da cirurgia de redesignação sexual, a próstata é mantida (não faz parte da técnica cirúrgica a retirada da próstata). Além disso, apesar do tratamento hormonal da mulher trans reduzir o risco de câncer de próstata pelo fato de bloquear a testosterona, esse risco não é zero. Existem alguns raros casos de câncer de próstata em mulheres trans descritos na literatura médica.

A orientação atual é que o rastreio da mulher trans seja semelhante ao rastreio do homem cis - exame de PSA anual e toque retal a partir dos 50 anos de idade, ou a partir dos 40 anos se houver maior risco - por exemplo história na família de câncer de próstata.