Santa Casa realiza mutirão de cirurgia em Crianças com Deformidades nas Mãos
Iniciativa inédita no Brasil, aconteceu entre os 1º e 2, deste mês, no hospital, tendo à frente a Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM)
Na Santa Casa, médicos em ação no mutirão cirúrgico inédito no Brasil, em benefício de crianças com graves deformidades nas mãos A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP) sediou nesta segunda-feira (1º) e terça-feira (2), o mutirão cirúrgico inédito em benefício de crianças com graves deformidades nas mãos. A ação social foi promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), dentro dos blocos cirúrgicos da Santa Casa, com o apoio dos profissionais do hospital, e, ainda, um especialista internacional, 10 especialistas brasileiros, de outros estados, 10 especialistas paraenses e 10 residentes.
No total, foram 25 cirurgias paralelas e contíguas, sem intercorrências, para corrigir deformidades graves, congênitas, em uma mão ou nas duas mãos de 17 crianças, na faixa etária de sete meses a 10 anos, moradoras de 13 municípios do Pará. “As crianças todas estão passando muito bem e serão acompanhadas semanalmente pela equipe local”, afirmou o cirurgião paraense, Rui Barros, um dos organizadores do mutirão.
Cirurgião paraense e um dos organizadores do mutirão, Rui Barros: "As crianças passam bem e serão acompanhadas pela equipe local”. Todas as crianças tiveram alta no dia seguinte ou, terão, no máximo, em 48 horas. De acordo com o secretário de Saúde Pública do Pará, Rômulo Rodovalho, a ação é importante para a população do estado do Pará, sobretudo pelo pioneirismo: “Essas crianças foram operadas e nós já estamos trabalhando para ter esse serviço à disposição na rede hospitalar do estado. Vieram vários especialistas de diversos lugares do Brasil, então são médicos renomados que trouxeram, que agregaram ao valor da medicina, ao valor dos nossos profissionais, aqui do Pará, que já são muito conceituados”, disse o gestor.
Pacientes
O presidente da Santa Casa, o anestesista Bruno Carmona, explica que, por o serviço de cirurgia para correção de deformidade das mãos ainda não ser estabelecido em nenhum estado da federação, o Mutirão apresenta caráter de “pontapé inicial”: “Como, no nosso perfil, atendemos cirurgia pediátrica, nós conseguimos a parceria com as entidades e associar à questão ortopédica, para criar este marco, providenciando todos os insumos e a estrutura física, para operar esses pacientes. Após isso, passa a ser uma ação da Secretaria de Saúde (Sespa), para se dinamizar o tratamento rotineiro”, pontua.
Mãe e filha, que foi submetida à cirurgia, recebem os cuidados e a atenção de profissional da Fundação Santa CasaOs pacientes foram selecionados pelo Programa de Doenças Ortopédicas na Infância, a partir do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), sob critérios de complexidade clínica e de vulnerabilidade socioeconômica. A maioria das famílias é do interior do Pará, algumas de municípios distantes da capital, e muitas são de zona rural.
É o caso de Mikaely Silva, 10, do município de Alenquer, no Baixo Amazonas. Estudante do 4º ano do ensino fundamental I e ticktocker (@smikaemeireles). Ela nasceu com uma série de malformações, incluindo atrofias e anormalidades em ambas as mãos. “Com os tratamentos, vou melhorando. Meu plano é ser doutora. Doutora de bichos, veterinário”, comemora, enquanto cuida da gatinha Vivi e da cachorra Fada, seus animais de estimação.
A cirurgia na mão direita foi a vigésima-quinta na vida. Até o fim do ano, ela ainda deve operar o joelho esquerdo. A menina mora com a mãe Elizandra Meireles, 39, dona-de-casa, o irmão Wictor, 16, estudante, e a avó Maria Otália Araújo, 62, aposentada. “Ainda não posso dar tudo para os meus filhos. Batalhamos com dificuldade. Cada cirurgia vem como uma grande vitória. Nunca perdemos nossas esperanças”, conta.
Qualidade de Vida
Conforme o médico Rui Barros, a iniciativa visa a ensejar funcionalidade, saúde e qualidade de vida para crianças que desde o nascimento enfrentam sérias dificuldades de inserção social, aprendizado e movimentação.
“Muitas tinham os dedos grudados em ambas as mãos e isso não permitia escrever, digitar; elas sofriam bullying, preconceito e obstáculo para o mercado de trabalho. Devolver autoestima, gesticulação, tudo vai mudar a vida das crianças e das famílias”, resume.
José Henrique Souza, de nove anos, por exemplo, de Barcarena, no nordeste do Pará, vai para casa com um sonho bem específico: “Quero ser goleiro”, anima-se.
Parceria
O acompanhamento ambulatorial em médio e longo prazos foi encaminhado para o CIIR, pelo sistema de regulação da Secretaria de Saúde Pública (Sespa).
A ação social tem parceria também da Sociedade Paraense de Pediatria (Sopape) e Sociedade de Anestesiologia do Estado do Pará (Saepa), com patrocínio coajuvante da iniciativa privada.
*Texto de Aline Miranda (Ascom Santa Casa).