Natal dos Paraenses, Círio abre novas possibilidades de negócios à economia local
Loja colaborativa aberta pelo Sebrae no Arraial de Nazaré, com apoio do Governo do Pará, garantiu oportunidades de vendas a 80 artesãos, inclusive pela internet
Loja colaborativa montada na área do Arraial de Nazaré abriu perspectivas de venda para 80 produtores de artesanato do mercado localO clima de confraternização, fé, esperança e solidariedade no mês de outubro deu ao Círio o status de Natal dos Paraenses e à quadra nazarena um dos mais expressivos movimentos de compra e venda para a economia local, que comercializa de fitinhas e camisas com a imagem de Nossa Senhora a peças artesanais mais elaboradas.
Este ano, a Feira de Artesanato do Círio, promovida pelo Sebrae, abriu uma loja colaborativa no Arraial de Nazaré, onde foram expostos os trabalhos de mais de 80 artesãos, dos mais variados segmentos, uma oportunidade para que mais pessoas tivessem acesso às peças e ampliassem o leque de negócios. A iniciativa teve o apoio do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).
"A importância dessas parcerias é o fortalecimento desse pool de instituições que consegue, de forma coletiva, gerar acesso ao mercado para esses empresários. Individualmente, eles não teriam tanta força e tudo dentro de um espaço, uma loja bem organizada, com essa infraestrutura desenvolvida pelo Sebrae, e o Igama fazendo a organização comercial desses empresários, da entrada desses produtos. Acho que esse é o grande objetivo, gerar acesso ao mercado de forma coletiva, podendo alcançar mais marcas, mais empresas e apresentar mais produtos do que se fosse de forma individual", explica Thiago de Albuquerque Gama, coordenador do Núcleo Tecnológico e Comercial do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia.
PAPA XIBÉ
Organização coletiva dos artesãos amplia o acesso ao mercado para produtores que, individualmente, não teriam as mesmas chancesGiseli Lopes Moreira, da marca Papa Xibé, trabalha com os segmentos de moda e utilitários, usando estampas regionais inspiradas na cultura amazônica, todas autorais e que, segundo ela, buscam transmitir o orgulho de ser paraense. Ela foi uma das artesãs com produtos expostos na Feira de Artesanato do Círio.
"Acho uma iniciativa maravilhosa, de juntar o Igama, que cuida da comercialização e curadoria dos produtos, e o Sebrae. Essas feiras deveriam ser realizadas em outras datas especiais durante o ano que são propícias à comercialização; a iniciativa é fantástica, deve continuar e ser ampliada", afirma.
A Feira foi uma oportunidade da marca Papa Xibé se unir à outra marca, a KDesign, em uma parceria que promete dar frutos a longo prazo, através de uma linha de decoração para casa com os mais diferentes itens. "Essa proposta, esse projeto apenas começou aqui, mas ela vai se prolongar. Depois da Feira do Círio a gente pretende lançar outras coleções, unindo nossas habilidades manuais e a nossa capacidade criativa", complementa Giseli.
A artesã Maria Carvalho trabalha com artigos religiosos há 8 anos e também festejou a oportunidade criada pela parceria entre Sebrae, Sedeme e Igama. "De 2019 pra cá não tem sido bom, então nós esperamos que este ano já melhore um pouco o movimento, as vendas. A iniciativa de fazer a feira foi ótima, bem no coração do Círio, num local estratégico, o pessoal sai da missa e vem direto pra cá, seja o pessoal daqui ou os turistas e isso aquece as vendas", afirma a artesã.
APOIO
Variedade de produtos colocados à disposição do público consumidor é uma evidência do potencial criativo dos artesãos regionaisPara o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, José Fernando Gomes, a participação de produtores, artesãos e designers em eventos como esse só reforça as diretrizes do Governo do Estado de fortalecer a economia local das mais variadas formas. "Graças ao trabalho desenvolvido pelo Sebrae, esses empreendedores estão conseguindo apoio nesse momento. Isso fomenta o desenvolvimento. O Estado também tem dado apoio aos empresários de pequenos negócios e nunca vai negar”, afirmou o secretário.
A dona de casa Luma Fernandes, devota de Nossa Senhora de Nazaré, acompanha o Círio das Crianças desde que a filha , Laura, nasceu há 10 anos. Elas moram em Benevides e depois de visitar a Feira de Artesanato estavam encantadas com a variedade e a qualidade das peças em exposição. "Muito lindo, tinha muito artesanato, fiquei surpresa com tudo o que encontrei na Feira e com a criatividade dos artesãos, demorei a escolher, mas levei presente para todos”.
A assistente social Naama Oliveira, acompanhada do marido,também comemorou a iniciativa. "Era o que tava faltando e é bom porque ajuda a divulgar o trabalho do microempreendedor e ajuda até para desenvolver a economia local, divulgando o trabalho. São peças muito bonitas, bem produzidas", explicou.
Mas nem todas as escolhas e compras são presenciais. O vestido criado e produzido pela designer Ludmila Heringer, por exemplo, foi exposto em uma feira virtual durante o 20º Congresso Nacional de Micros e Pequenas Empresas, que levou para o Brasil e o mundo peças de vestuário, cerâmica, latex natural, miriti, balata, acessórios de moda, cestarias e fibras, tudo produzido no Pará. A Feira Virtual foi uma oportunidade criada pela Sedeme e Igama para mostrar a produção local e incentivar o crescimento,dessa vez em parceria com a Federação da Micro e Pequena Empresa do Estado do Pará (Femicro).
FEMICRO
Vendas não se restringem ao presencial e produtores garantem a oportunidade de alcançar outros mercados por meio da internetPara Valber Cordeiro, presidente da Femicro, esse trabalho de capacitação e valorização feito pelo Governo do Estado, através da Sedeme e Igama, é fundamental. "Eu considero fundamental esse investimento para levar a cultura, porque arte é cultura, democratizar, ultrapassar fronteiras e levar os produtos do Pará para outros Estados, como está sendo feito nessa feira virtual. Tenho ouvido muitos elogios ao Espaço, à organização, aos produtos, então quando surgiu a ideia de fazer a feira virtual dentro do Espaço eu aceitei de imediato, achei maravilhosa a ideia e o resultado não podia ser melhor.A Femicro só tem a agradecer pela oportunidade que nos foi dada pela Sedeme e Igama de mostrar esse trabalho para todo o país, oportunizando que mais pessoas conheçam a produção local e adquiram os produtos".
"Achei incrível isso, o alcance que a gente pode ter com o mídia, com o bom uso da internet. Meu produto estava numa feira virtual, em um espaço que não precisou eu estar lá, um alcance muito interessante. A gente precisa que nosso trabalho fique forte e se expanda, possa alcançar outros locais e um público que realmente vai valorizar o que a gente produz, todo essa potencial que a gente tem, levando a cultura do paraense para outros locais com toda essa ancestralidade de manualidades, cerâmica, materiais da floresta. Achei incrível, uma iniciativa tremenda, super alinhada com o que está acontecendo no mundo, fiquei muito feliz porque o Espaço ( São José Liberto) está antenado com tudo o que está acontecendo e a gente pode se sentir amparada, representada porque sabe que estão buscando outras coisas para valorizar, divulgar esse trabalho e receber o olhar de outros sobre a gente. Precisamos alcançar lá fora, pra que vejam que aqui é um polo produtor, as pessoas tem que ver o que tá acontecendo aqui, o que tá sendo produzido e ver o valor que a gente tem", destaca a designer Ludmila Heringer.
OPORTUNIDADES
Eventos como a Feira do Artesanato do Círio, que gerou cerca de meio milhão de reais em vendas, ou a Feira Virtual, são oportunidades de geração de negócios para os pequenos empreendedores, principalmente os mestres de artesanato do nosso estado. "São feiras que contemplam muitos municípios do Estado, não só a Região Metropolitana. Embora ela concentre uma boa parte do nosso artesanato característico do Círio, ela também possibilita a comercialização de uma diversidade de produção de artesanato e manualidades do Estado. Essa parceria firmada entre o Governo do Estado, através da Sedeme e do Igama, com o Sebrae, possibilitou atender um número maior de empreendedores e foi um incremento muito importante de negócios na comercialização desses produtos, porque estamos trabalhando num calendário do Estado que é religioso, cultural, mas também tem uma finalidade turística e econômica. Foi muito oportuno possibilitar pra esses 80 artesãos o incremento da comercialização esses empreendedores do artesanato do nosso estado", festeja a diretora executiva presidente do Igama, Rosa Neves.