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Seis cirurgias renais pediátricas foram realizadas na Santa Casa do Pará em meio ao Setembro Verde

Por Governo do Pará (SECOM)
07/10/2021 15h45

Durante o mês de setembro, quando se comemora o “Setembro Verde”, mês dedicado à doação de órgãos, e são realizadas campanhas de incentivo à doação, a Santa Casa registrou seis cirurgias de transplante renal, em seis pacientes pediátricos portadores de insuficiência renal crônica avançada, atendidos pelo Centro de Referência estadual, que funciona no hospital.

De acordo com a coordenadora do Programa de Transplante Renal Pediátrico da Santa Casa, a nefrologista Monick Calandrini, o sucesso do programa de transplante renal pediátrico na Santa Casa depende da conscientização das pessoas sobre a importância de ser um doador de órgãos, porque, assim como Thiago, Thaís, Laira Kayla, Sandro, Emilly e Myllena, outras crianças aguardam por um transplante.

A doação de órgãos é um ato de amor ao próximo e que pode salvar vidas, e a doação é a única chance de recomeço para muitos que aguardam na fila de espera. Atualmente, o Serviço de Terapia Renal Substitutiva Pediátrica, da Fundação Santa Casa, dá suporte a cerca de 20 crianças que, em tratamento com hemodiálise, estão na fila de espera.

A cirurgia de transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) significa uma chance de maior sobrevivência a crianças com doenças renais crônicas, propiciando mais qualidade de vida a pacientes muitas vezes castigados por uma rotina de hemodiálise e de restrições. 

A  nefrologista explica que, apesar de a população pediátrica representar um menor número de pacientes com doença renal crônica em relação à população adulta, o grupo enfrenta um desafio a mais: além das complicações comuns também aos adultos, crianças manifestam prejuízo ao desenvolvimento neurológico e emocional. Esses aspectos repercutem muito na inserção social.

"O ideal é que a última opção seja o órgão de um doador vivo. É preciso que as pessoas tenham o sentimento da importância de ser um doador de órgãos, e é essencial que isso seja conversado com a família, para que os filhos, pais, irmãos, saibam desse desejo da pessoa e da importância que esse gesto pode ter, significando a vida de alguém que espera por um órgão”, afirma a coordenadora do serviço de nefrologia pediátrica.

O presidente da Fundação Santa Casa do Pará, Bruno Carmona, diz que o programa de transplante renal pediátrico tende a ser um sucesso. “Não é à toa que nos últimos 30 dias, a gente conseguiu beneficiar seis pacientes agraciados com o transplante, que vai melhorar a qualidade de vida de cada um. Os resultados iniciais desses eventos estão muito satisfatórios e vamos torcer para continuar tudo bem. Agradeço a parceira da SESPA e apoio incondicional do nosso governador Helder Barbalho”, destaca o gestor.

Myllena: 

Natural de Inhangapi, município localizado no nordeste do Estado, Myllena Souza das Neves, 12 anos, é atendida pela equipe multiprofissional do Serviço de Terapia Substitutiva Pediátrica da Santa Casa desde novembro de 2019.

Sem um diagnóstico conclusivo, a pequena deixou de frequentar a escola e passou a enfrentar uma rotina árdua de sessões de hemodiálise pelo menos três vezes na semana, enquanto aguardava na fila de espera de transplante de rim.

“Antes de descobrir a doença da Myllena, eu já tinha manifestado o desejo de ser doadora de órgãos. Depois que descobrimos o problema renal e fomos encaminhados para a Santa Casa, a doação de órgãos passou a ser uma necessidade” , destaca a mãe, Miriam Rocha de Souza.

Emilly:

Após dois anos e dois meses de hemodiálise, três vezes por semana, demandada pela doença renal crônica, o maior desejo de Emilly Kelly Nascimento da Silva, 12, natural de Mãe do Rio,  região do Nordeste paraense, é tomar banho no igarapé.

Após o transplante renal, ela se prepara para levar o irmão Wanderson, 7 anos, e Nikolas, 7 meses para visitar a Lagoa Azul, balneário turístico do estado. 

A pequena usuária só tem gratidão pelo atendimento recebido da equipe multiprofissional da Santa Casa . “O atendimento aqui é muito bom, da equipe médica, enfermagem. A alimentação também é ótima”. 

Emilly e Myllena foram salvas por um gesto de generosidade realizado no último dia 1,  em que a família de um adolescente de 14 anos, decidiu doar todos os órgãos, salvando vidas de diversos pacientes pelo Brasil.

Doação – Sobre a importância da doação de órgãos a médica intensivista da Santa Casa, e da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), Nelma Machado, destaca que a doação pode se resumir em uma frase: “Faça o bem sem olhar a quem. É um ato de amor. É um ato de solidariedade. O transplante salva vidas, e no caso de órgãos vitais como o coração, por exemplo, pode devolver a qualidade de vida às pessoas. E quando você se coloca, em vida ainda, e diz para a sua família que quer ser um doador. Esse é um ato muito corajoso de solidariedade, e a doação vai ser feita após toda uma confirmação através de exames e autorização familiar”.

A médica diz que a doação pode ser de órgãos, como: coração, fígado, pâncreas, rim, de medula óssea ou de tecidos. A doação de órgãos, como o rim por exemplo e parte do fígado, da medula óssea, pode ser feita em vida e a doação de órgãos de pessoas falecidas, só pode acontecer após a confirmação da morte encefálica. Geralmente são pessoas que sofreram um acidente, um traumatismo craniano, um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico ou hemorrágico, com evolução para morte cerebral.

“Por isso é muito importante deixarmos aos nossos familiares a nossa intenção de doar. Um doador vivo pode doar a parentes até a quarta geração. E cônjuges também. Não parentes, só por autorização judicial, atendendo os preceitos legais. Um doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte do pulmão, ou parte da medula óssea”, informa Nelma.

Sobre a questão da doação de órgãos de pessoas falecidas, a doação só pode ser feita após a morte cerebral de um paciente que teve um AVC, um traumatismo craniano, constatado através de exames clínicos e imagens, confirmando essa morte encefálica. A partir daí inicia todo um processo, um único doador que pode doar e salvar várias vidas. A retirada dos órgãos é realizada no centro cirúrgico. É como qualquer cirurgia, relata a Nelma Machado.

“Independente do tipo de doação, o que quero deixar claro é que hoje para sermos doadores, todos nós, em condições saudáveis, de dois a 70 anos, nós podemos fazer doação e com isso salvar vidas e tirar pessoas da fila, fazendo com que eles retornem a sua condição de vida normal e de trabalho e possam ajudar a sociedade”, enfatiza a médica.

Texto: Rafaela Soeiro