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Serviço de fissuras e anomalias craniofaciais da Santa Casa possibilita reabilitação a centenas de pacientes

Com uma equipe multiprofissional completa, o serviço realiza acompanhamento de usuários de 0 a 72 anos

Por Luana Laboissiere (SECOM)
25/09/2021 12h30

A fissura labiopalatina, também conhecida como lábio leporino ou fenda labiopalatina, é uma abertura que pode existir entre os ossos e músculos dos lábios e palato (céu da boca), devido ao não fechamento dessa estrutura ainda na fase gestacional. Este tipo de malformação congênita é de alta incidência no Brasil. De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, a fissura labiopalatina atinge um a cada 650 crianças, sendo cerca de 400 mil pessoas no Brasil.

O diagnóstico precoce e a obtenção de informações seguras sobre a malformação ainda é um desafio a ser solucionado. A ausência de tratamento adequado pode levar a sequelas irreversíveis, que afetam a sucção, deglutição, mastigação, respiração, fonação, audição e, principalmente, a harmonia estética da face.

De acordo com, a médica e cirurgiã plástica Cintia Martins, o tratamento para a reabilitação das fissuras labiopalatinas inicia-se com as cirurgias plásticas primárias - queiloplastia e palatoplastia – realizadas nos primeiros meses ou nos primeiros anos de vida. Porém, o sucesso no tratamento se deve o apoio de todo equipe multidisciplinar que inclui cirurgião plástico, assistente social, fonoaudióloga, ortodontista, odontopediatra, bucomaxilo, fisioterapeuta, otorrino e pediatra.

“A correção completa não se resume apenas no reparo anatômico. Realizar o acompanhamento com toda equipe interdisciplinar é essencial para o sucesso da reabilitação de pacientes portadores de fissuras labiopalatais”, ressalta. 

A especialista está à frente do tratamento na rede pública do Pará. Uma de suas pacientes é Isis Rebecca Amaral Vieira, de apenas um ano. Com o diagnóstico obtido somente no parto, sua mãe, Graciene Lopes Amaral de Sousa, teve que ter forças para se recuperar do susto, e seguir em busca de informações sobre o tratamento interdisciplinar da fissura labiopalatina.

Com apenas 6 meses de vida, a pequena Isis fez a primeira cirurgia plástica para fechamento do lábio, a queiloplastia e agora se prepara para a próxima cirurgia, que para ela, a oportunidade de a filha ser atendida pela equipe ambulatorial multidisciplinar da Santa Casa foi uma grande conquista. 

“As orientações que recebi da equipe do Serviço de Referência em Fissuras e Anomalias Craniofaciais foi essencial para que eu conseguisse lidar com todas as minhas inseguranças e medos que envolviam o tratamento. Graças a equipe interdisciplinar, minha filha recebe um tratamento maravilhoso, gratuito e terá um futuro cheio de possibilidades” 

Desafios - Em razão de sua deformidade estética e comunicação hiperanasalada, que, a depender do grau da lesão, tende se tornar ininteligível, o fissurado tende a encontrar barreiras que não permitem o indivíduo se afirmar socialmente para desenvolver de suas habilidades individuais, seja na escola, no trabalho ou na comunidade.

O estigma social que envolve a fissura labiopalatina ainda é uma barreira para garantir a inserção social destes pacientes, que acabam abandonando a escola, e não conseguem se inserir no mercado de trabalho de forma desejada. 

De acordo com  a psicóloga Eloisa Rodrigues, responsável pela assistência psicológica do serviço, o principal objetivo do trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar é favorecer condições para o pleno desenvolvimento de capacidades físicas, psicológicas, afetivas e sociais de pacientes acometidos com fissura labiopalatina. 

“A não aceitação da aparência física está presente nos discursos dos fissurados. Estes pacientes apresentam forte impacto psicológico trazido pelo preconceito e o isolamento social, com os sentimentos de baixa autoestima e autorreprovação. Por isso é tão importante realizar o acompanhamento multiprofissional em paralelo a correção cirúrgica “ ressalta a psicóloga 

Deivison Rodrigues Correa, 12 anos, morador do município de Muaná, no arquipélago do Marajó, nasceu com fissura labial e fenda palatina e ingressou fora da idade ideal ao serviço. 

Encaminhado via Sistema Estadual de Regulação, o menino chegou à Santa Casa envergonhado, mas depois de passar pela cirurgia dos lábios a autoestima foi lá pra cima.    “Meu filho tinha muita vergonha e acabava se ausentando da escola. Agora ele é uma criança completamente diferente e muito mais feliz”, afirma  Izabel da Silva Rodrigues, mãe de Deivison . 

Serviço: O serviço da Santa Casa oferece equipe ambulatorial multidisciplinar em paralelo à correção cirúrgica, contribuindo significativamente para um bom desenvolvimento psicológico e social destes pacientes, que em sua grande maioria vivem em isolamento e possuem dificuldade em fazer amigos e ir à escola. Conta ainda com apoio da SmileTrain, uma instituição filantrópica internacional que presta auxílio para que toda população acometida tenha atendimento adequado, em tempo certo, com equipe capacitada  e material apropriado.

Atualmente, o Serviço de fissuras e anomalias craniofaciais possui 877 pacientes cadastrados na faixa etária de zero a 72 anos, que recebem tratamento multidisciplinar de forma gratuita com uma equipe que busca promover qualidade de vida (QV) a essa população. Somente em 2021, mais de 150 cirurgias já foram realizadas.

Texto: Márcio Bastos/Ascom Santa Casa