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São José Liberto recebe abertura da exposição "Menire: A Mulher Kayapó e o seu trabalho"

Arte manual das indígenas ganha forma em cestos, desenhos, pinturas corporais que ganham destaque na exposição aberta à visitação a partir desta quinta-feira (02)

Por Igor Fonseca (SEDEME)
02/09/2021 08h29

O brutal assassinato de uma líder dos povos originários da Bolívia transformou o 5 de setembro no Dia Internacional da Mulher Indígena e para marcar a data, Belém recebe, a partir de desta quinta-feira (02), a exposição "Menire: a mulher kayapó e seu trabalho". É a primeira vez que a exposição deixa Brasília, onde está desde 2019, e se instala em outracapital.

"Na verdade, a exposição nasceu no Pará, nos territórios Baú e Mekrãgnoti, veio para Brasília, porque temos (os Kayapó) uma loja na cidade... Essa ida para Belém deveria ter sido o primeiro passo, queríamos muito trazer a exposição para o estado de origem de todo o trabalho, e agora com o apoio da Secult, Sedeme e Igama foi possível", explica Cleber Oliveira de Araújo, coordenador de Alternativas Econômicas Sustentáveis do Instituto Kabu, que destaca, também, a articulação do vice-presidente do Instituto Kabu Mydjere Kayapó, responsável por conseguir esse apoio.

"Menire" é como as mulheres kayapó se identificam e, quase sempre, a denominação vem seguida de adjetivos como fortes, trabalhadoras e belas, características que marcam essas mulheres desde a o nascimento até o momento em que, por conta da idade avançada, se afastam do trabalho duro e passam a transmitir informações e conhecimentos aos mais jovens. 

Donas de um senso estético apurado, essas mulheres transformam em arte desde o mais simples cesto trançado com palha para coletar os alimentos, até as  finas linhas, feitas com tintura de jenipapo, que se tornam intrigantes estampas de tecido ou da própria pele. São desenhos únicos. Na língua kayapó pintura é ôk e todas as mulheres aprendem, ainda crianças, essa arte que pode ser feitas no corpo inteiro ou em partes específicas, como braços, pernas e rosto.  E cada pintura, inspiradas em elementos da fauna e da flora, elementos presentes na rotina das tribos, tem seu próprio significado. Mas a manualidade das mulheres Kayapó também transforma miçangas em adornos coloridos que enchem os olhos pela beleza e colorido das peças. São colares, pulseiras, brincos, trabalho cuidadoso que pode levar de um a cinco dias para finalizar cada peça.

"Nossa arte é comercializada em Nova York, França, São Paulo, Brasília, Bahia, Rio de Janeiros e muitas outras cidades onde tivemos a alegria de visitar e participar com exposições e comercialização da produção artística e alimentar Kayapó. Agora chegamos a Belém, nossa capital, é uma alegria enorme o espaço e o apoio que estamos recebendo.Expor no Pará é, sem dúvida, muito importante e representativo para os Kayapó, somos bastante conhecidos em diversas capitais, mas não tínhamos a oportunidade dentro do próprio estado, faltava diálogo e aproximação", explica o coordenador do Instituto Kabu.

Para a diretora do Igama, Rosa Neves, "O evento vai possibilitar, de forma concreta, a comercialização de produtos da sociobiodiversidade Kayapó, classificada em diversos artesanatos confeccionados em materiais bio, como cipó, madeira, fibras e outros tipos naturais, além de produtos coletados na floresta,como castanha, cumaru e babaçu, pelas mulheres Kayapó. O Governo do Estado está possibilitando, além do fomento ao desenvolvimento sustentável,o fomento de fortalecimento das atividades produtivas, mas a exposição tem outra importância enorme que é possibilitar a democratização das narrativas, da história, imagens e objetos que possam aproximar os não indígenas do universo sociocultural Kayapó".

"Menire" chega ao Pará na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Indígena e logo após uma série de manifestações que levaram milhares de indígenas de todo o país até Brasília para lutar conta o Marco Temporal, marcando a luta política desses povos contra o extermínio fisico e cultural, que passa pela negativa dos direitos ao território. No momento em que se quer negar o direito dos indígenas sobre seus territórios, o trabalho das mulheres Kayapó é uma porta aberta para aqueles que ainda não compreendem a importância dos indígenas na sociedade possam refletir.

"A exposição é um momento oportuno para sensibilizar, informar e até, quem sabe, educar os não indígenas e chamar a atenção para beleza, para as contribuições sociais e econômicas oferecidas pelos Kayapó à sociedade. Não podemos esquecer dos serviços ambientais prestados gratuitamente, com a preservação de rios, flora, fauna e atentar para que, se a biodiversidade em nosso estado e país está parcialmente protegida é porque existe um povo e um território indígena demarcado", afirma Cleber Araújo.

Realizada pelo Instituto Kabu, a exposição "Menire: A mulher kayapó e seu trabalho" tem patrocínio do Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Mineração e Energia (SEDEME), do Instituto de Gemas e Jóias da Amazônia (IGAMA) e Secretaria de Estado de Cultura (SECULT) e conta ainda com o apoio institucional da Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA) e Origens Brasil. 

 Serviço: Exposição "Menire: A Mulher Kayapó e o seu trabalho"

Abertura: 02/09/2021

Hora: 18h

Local: Casa do Artesão/Espaço São José Liberto