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Governo do Estado incentiva empreendedorismo no artesanato paraense

Dados da Seaster sinalizam 4.371 artesãos são cadastrados em sistema vinculado ao Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), que tem como objetivo coordenar e desenvolver atividades que visem a valorizar o artesão

Por Dayane Baía (ARCON)
31/08/2021 12h27

Dorenilde Chaves Costa, 53 anos, há 18 encontrou no artesanato uma forma de conciliar a maternidade com autonomia financeira. “Na época trabalhava com enfermagem, depois da minha gravidez, eu decidi que queria muito aproveitar a minha maternidade. Alguns meses depois, fiquei confeccionando capas, cortinas, tapete e capa de sofá para mim mesma e, em seguida, comecei a dar de presentes para amigos em datas comemorativas”, conta a artesã que é conhecida como Dora.

Os meus amigos aprovaram tanto o capricho que não apenas encomendavam como recomendavam para outras pessoas. “O meu produto tem diferencial que é a pintura nos tecidos e bordados com linha e fitas. Consigo conquistar muitos clientes e tento fazer o meu melhor em cada trabalho”, aposta a artesã.

Artesã Dorenilde Chaves CostaEssa dedicação ganhou um reforço por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), que promove assessoramento técnico, apoio e fortalecimento de mercado, além do incentivo voltado para diversos empreendimentos com foco na geração de renda.

Coordenadora de Empreendedorismo e Economia Solidária da pasta, Silvia Baeta detalha como as ações são revertidas em prol dos profissionais. “O assessoramento técnico diz a respeito aos serviços voltados para cadastramento de artesãos e empreendedores. Antes de ser feito o cadastro, a gente realiza uma palestra falando sobre a base conceitual do artesanato, além de orientar também sobre direitos e benefícios da carteira, a partir disso é inserido no Sistema de Cadastro do Artesão Brasileiro (Sicab), que é uma importante ferramenta para reconhecimento dessa profissão”, pontua Silvia.

Para Dora, o incentivo a estimulou a pensar mais longe. “Quando fui tirar a minha carteirinha de artesã na Seaster, não tinha expectativa nenhuma, mas encontrei acolhimento. Eles oferecem cursos e orientações para gente crescer mais com o nosso trabalho”, afirma a artesã.

Estrutura 

Segundo dados da Seaster, 4.371 artesãos são cadastrados no Sicab, vinculado ao Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), que tem como objetivo coordenar e desenvolver atividades que visem a valorizar o artesão brasileiro. 

José Osvaldemir Monteiro Negrão“Para o apoio e fortalecimento de mercado são realizados eventos de comercialização, dentre eles estão as feiras de pequeno, médio e grande porte. Para o incentivo, a gente realiza capacitações com oficinas e palestras, com temas que são voltados exclusivamente para a sua formação e inserção no mercado. Nós temos algumas temáticas que abordam a qualidade de precificação, que é para eles terem noção de como dar o preço no produto, o vitrinismo é a forma de organizar o seu stand quando for expor o seu produto.  E, a gestão de negócios é para orientar como planejar e como deve gerir o seu negócio”, acrescenta a coordenadora.

Além das feiras realizadas pela Seaster, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) também desenvolve ações para o segmento. “Sem dúvida nenhuma o artesanato é aquele que dá projeto ao nosso símbolo, que carrega esse imaginário e identidade e nos levam a lembrar dos lugares que a gente visitou. Está presente na cultura popular. A Secult tem uma forma de enxergar e valorizar o artesanato, através das nossas feiras criativas oportunizamos uma geração de renda. Pela Lei Aldir Blanc também deixamos parcela significativa para editais, além de valorizar artesãos e ambiente de trabalho. É muito importante e por isso temos trabalhado tanto em todas as nossas feiras criativas para ter o artesanato presente”, ressalta Junior Soares, diretor de Cultura da pasta.

O artesão José Osvaldemir Monteiro Negrão tem 73 anos e assina seus trabalhos como Zeca Negrão. “Tenho quase 46 anos como artesão, eu realizo artesanato e arte plástica. O motivo para eu começar foi a geração de renda, eu estava em Belém e não era empregado, então resolvi partir para o artesanato para vender. Comecei trabalhando com couro, eu produzia bolsas, cinto e chinelos. Na época, eu fiz uma viagem pelo nordeste e tive contato com pessoas que trabalhavam com madeira, eu comecei a praticar e até hoje ainda trabalho com o material”, conta Zeca.

O profissional elabora instrumentos de carimbó, como tambores, banjo, maracas, reco-reco. “Durante a pandemia, voltei a produzir as minhas esculturas de madeira, que eu fiz a minha exposição em julho com apoio Secult. Minha carreira já se devolve há muitos anos, já expus as minhas artes em alguns lugares do Brasil e fora, eu já fiz exposições na França e Alemanha e continuo participando das feiras em Belém e fora da cidade”, conta o artesão.

Na última semana, a Secult realizou uma programação para celebrar o dia do carimbó, 26 de agosto, em alusão ao aniversário de nascimento de Augusto Gomes Rodrigues, o Mestre Verequete, grande expoente do ritmo.  Na Feira Criativa foram comercializados produtos de artesanato, moda e instrumentos musicais ligados à tradição do carimbó.